Capítulo 39

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Eliza

Desde a morte do Adam as coisas não são mais as mesmas, a sala de jantar está silenciosa, tem um desânimo enorme que nunca avia sentido antes.

Fico olhando para Dante que está comendo seu grande prato de comida como sempre, cheio de bacon. Cristian também está a comer, mas como sempre com uma educação e comportamento de um verdadeiro lorde. Acabo reparando em Henri que está a comer com um olhar incompreensível, a morte do irmão ainda parece afeta-lo, ainda mais nesse momento. Aquele loirinho sempre fazia comentários engraçados ou puxava assuntos estranhos fazendo todos ficarem mais descontraídos.

Eu realmente não o conhecia direito, mas vou sentir saudades dele, era divertido apesar da falta de noção na maioria das vezes.

Noto Arina entrar na sala de jantar para comer também, ainda está fraca e com dificuldades para andar, mas não para por causa disso, eles nunca podem descansar, acho isso tão horrível, vão ter que continuar os seus trabalhos até a morte, igual ao Adam que nem chegou a ter uma vida, ou filhos.

Henri —rainha, você está bem?— pergunta me olhando fixamente, eu nem notei que parei de comer.

—eu estou viva, acho que isso conta. Desde quanto me chama de rainha?— pergunto estranhando, pois sempre foi meio grosso ou ignorante.

Henri —eu não te via como uma pessoa com capacidade ou responsabilidades, mas agora percebi que tenho que trata-la como tal.— é bom ouvir isso, mas ainda assim preferia minha vida antes de todos esses ataques.

—e então, o Alex vai ser um guardião ou não?— pergunto curiosa, vejo que Cristian para de comer na hora que cito o nome do ruivo de olhos azuis.

Henri —ainda está a pensar, mas pelo que parece quer isso, quer ser capaz e respeitado.— diz servindo um copo de suco.

Cristian —perder a liberdade para ser respeitado não é uma troca boa.— eu acho extremamente fofo essa preocupação paterna que ele sente pelo Alex, como se realmente fossem pai e filho.

Dante —a questão é que a escolha é dele e não sua Cristian, fique no seu lugar e deixe ele exercer o livre arbítrio dele.— o moreno falou isso de uma forma tão ignorante e séria que todos ficaram em silêncio, nunca vi meu moreninho assim.

Cristian —eu não vou simplesmente deixar que tirem tudo que ele pode ter, estou pouco me importando com o purgatório quando digo isso, o Alex merece mais que ser amaldiçoado por essas malditas regras injustas.— diz se levantando da mesa, acho que vai embora.

—ele quer orgulhar você, Cris. Sabe as consequências disso, mas ele não tem o que perder, por isso quer ser.— falo e eles ficam olhando para mim.

Henri —se ele conversou com você sobre isso significa que estão ficando íntimos?— só respiro fundo e tento não ficar envergonhada com o comentário estranho.

—claro que não, somos amigos.— falo normalmente, noto que Dante está me observando com a sobrancelha um pouco levantada, me pergunto o que está a pensar agora, pois parece sério.

Henri —eu sei que é muito cedo, Liza, mas vai precisar apressar um pouco a escolha do seu marido, esse lugar precisa de um rei forte o mais rápido possível— só me levanto da mesa brava ao ouvir isso, está indiretamente me chamando de incapaz.

Arina —antes que estoure e comece a querer matar a gente tem que terminar de ouvir.— diz passando geleia em um pão integral.

Henri —eu não estou te chamando de incapaz, mas esse lugar precisa de alguém que saiba domar ele, alguém que já o conhece e tem conexão a anos. Você logo se tornará capaz de tudo que que pretende se tornar uma mulher logo.— vejo que todos os outros engasgam com o que estavam a comer ao ouvir a última parte, meu rosto está queimando em vergonha.

COMO ELE SABE DISSO?! VOU MATAR A ARINA.

Dante —com quem está planejando dormir?!— pergunta sério e eu simplesmente o ignoro, pois não é de sua conta.

Cristian —é uma notícia repentina, mas se acha que está pronta quem sou eu para ir contra.— diz sentado em um canto da sala.

Henri —me pergunto se é com Alex, estão bem próximos ultimamente.— noto que Arina vira o olhar quando noto que estou a observando séria.

Arina —desculpa, mas a responsabilidades deles também é cuidar do seu bem estar, deviam saber.— meu olhar está queimando em raiva.

Dante —você é muito nova, não está pronta.— agora ele me chama incapaz?

—eu só quero que me respondam logo o que eu devo saber, sou a porra da rainha de vocês, mereço saber o porquê do Amon não ser o rei desse lugar se é filho do antigo rei?!— pergunto brava e todos ficam em silêncio, parecem não querer falar, mas depois de longos minutos esperando alguém finalmente abre a boca.

Dante —como sabe sobre isso?— seu olhar sério agora me lembra um pouco o do moreno com marcas no corpo,  eles tem semelhanças incríveis.

Cristian —chega disso, Amon é filho do primeiro rei com uma demonia que foi destinada a esse lugar depois de tentar apunhalar lúcifer. Soleil não queria ter um filho mestiço, ainda mais metade demônio, mas cometeu um erro e o assumiu. Amon por ser metade demônio era mau, ganancioso, vingativo e traiçoeiro, mas não deixava de ser o herdeiro do trono....— noto que Dante simplesmente o interrompe na explicação.

Dante —mesmo sendo herdeiro queria tudo para ele logo, queria mais poder, um poder infinito que o deixaria completamente invencível a todos e tudo, queria a jóia de seu pai que podia controlar esse lugar e criar coisas, planejava consumir isso para ter um poder incomparável. Soleil não o ouviu, achava que se Amon conseguisse o que queria seria não só o fim desse lugar como também de todos os outros mundos. Então ele criou a gente para impedir seu filho, etc.— diz bebendo.

Tem alguma coisa nessa história que não se encaixa de forma alguma.

—como sabem  se isso é verdade se foram criados bem depois de Amon ser amaldiçoado?— pergunto e eles ficam me encarando.

Dante —e como sabe que fomos criados bem depois?— eu tô me deixando levar....

—não é o Amon o líder do grupo inimigo, ele pode até participar, mas não comanda.— quando falo isso eles ficam me olhando fixamente.

Dante —Eli, como sabe disso?— seu olhar está assustador e o dos outros também.

—por que eu.....

Arina —chega, talvez esse reinado que seja o errado, mas o que te contamos não é mentira, Amon não é bonzinho, mas também não é o vilão da história, a mãe dele que é, uso o poder dele para conseguir o que quer, o colocou contra o próprio pai o fazendo ser obrigado a amaldiçoar o próprio filho, fazendo perder a única coisa que se importava aqui.— eu tô ficando completamente confusa.

—fazendo assim ele criar vocês para diminuir a tristeza deles, os controlando para nunca fazerem o mesmo que Amon?— pergunto e eles ficam em silêncio, não parecem concordar com esse lado da história.

Arina —aqui não existe bem e mal, é bem mais complicado que isso.

Cristian —se você ver as coisas por cada lado a história muda e o vilão também, mas todos tem motivos, nosso é...

Henri —não queremos morrer, pois traição nós levará a isso.— então como é que tem um traidor aqui, Dante pediu para tomar cuidado com todos, isso significa que sabe de algo.

—se Amon virar rei....

Henri —se Amon virar rei nos morremos, pois fomos criados para impedi-lo, mas principalmente Dante, se a mãe dele pegar o trono é o mesmo destino para nós, por isso queremos controlar a situação, se case um com de nós e nós de poder para mudar essa situação.— só saio da sala de jantar, pois está ficando tudo extremamente intenso para mim.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora