Capítulo 118

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Eliza

Estou completamente entediada de ficar ouvindo a reclamação dos nobres que já são podres de ricos e ficam pedindo mais formas de conseguir riqueza. Só respiro fundo, pois mesmo sendo chato é algo que preciso fazer, pois não posso perder o apoio deles.
(...)

É estranho, estou com um mau pressentimento desde hoje de manhã, sinto que algo vai acontecer, mas não sei exatamente o que, Amon e Dante parecem estar sentindo a mesma coisa, pois estão sérios e mandaram os guardas ficarem em alerta.

Não sei como explicar, mas é como se algo estiver me apertando, como se o ar você acabar, é uma ansiedade sem cabimentos.

Me levanto do trono ao sentir uma energia assustadora no lado de fora, logo depois escuto uma explosão que faz tudo começar a tremer, vidros estão quebrando e as luzes piscando.

Uso o poder da jóia para fazer uma barreira, os guardas fizeram uma roda a minha volta para me proteger de qualquer possível ataque inimigo. Sinto que esse castelo vai ceder, pois as paredes começaram a rachar.

—metade de vocês evacuem todos do castelo, esse lugar vai cair tenho certeza— falo temendo que façam a mesma coisa que da última vez que atacaram.

Queria entender por que essa sensação só piora, algo ruim vai acontecer, tenho certeza disso.

Vou junto com os guardas até a área da saída, pois irei ajudar todos que eu poder até sair, tem dez homens me protegendo agora, alguns parecem preparados para essa situação, mas outros estão a tremer.

Alguns pilares de sustentação caíram o que significa que o castelo está fraco e pode cair a qualquer momento, vou até a saída, mas paro ao escutar um grito, parece ser a Maori, dou meia volta mesmo sabendo que posso me arrepender muito de voltar.

Guarda —vossa majestade, precisamos sair agora, esse castelo pode desabar e matar todos nós na hora— diz com um tom de voz nervoso e assustado.

—quem tiver disposto a arriscar sua vida por mim pode me seguir— falo e seis dos guardas saiem do lugar correndo, nem fico impressionada, pois as pessoas sempre se colocam em primeiro lugar.

Caminho em direção aos gritos por um corredor longo que leva a cozinha, mas durante o caminho um pilar quebra e cai em nossa direção, uso meu poder para empurrar para trás o que me dá tempo de sair da frente, mas um dos quatro guardas que estava comigo não conseguiu ser tão agil, quando as pedras caíram em cima dele consegui ouvir o som dos ossos se quebrando, o sangue espirrou por toda a parede, inclusive em meu rosto.

A cena é tão horrenda que até revirou meu estômago, mas continuo meu caminho, um dos guardas simplesmente se afastou paralisado e correu, só me sobraram dois me acompanhando.

Quando chego ao gritos vejo Maori com a perna presa por um pedaço do teto bem grande, sua irmã, Naomi está tentando tirar o pedregulho de cima, mas não tem força para isso.

Vou lá ajudar junto com os dois guardas que ficaram comigo, tento levantar a pedra, mas até mesmo com ajuda é extremamente pesada.

Eu não quero abandonar ela, não vou!

Tento usar o poder da jóia, mas só consigo levantar um pouco, Naomi conseguiu puxar a perna da irmã, quando vejo isso solto a pedra que faz um estrondo ao cair no chão.

Maori —Eliza.. obrigada— diz forçando um sorriso mesmo parecendo estar sentindo muita dor.

—vocês dois, levem as duas para a parte de fora, agora— falo correndo em direção a outra saída, onde Amon e Dante provavelmente estão junto com os outros guardiões que estavam em patrulha, espero do fundo do coração que Henri e Alex tenham saído na hora do estrondo.

Quando chego na porta leste  vejo Arina, ela está com a blusa manchada de sangue, está apoiada na parede em frente a saída, está ferida e com várias marcas de luta.

Arina —Eliza, me ajuda.

Me aproximo preocupada quando ela parece que vai cair, mas quando consigo segurar ela sinto algo perfurar minha barriga, dou dois passos para trás completamente pasma enquanto toco em minha barriga, quando olho minhas mãos vejo sangue, muito sangue...

Olho para frente ainda sem acreditar, Arina está segurando uma adaga muito parecida com a minha, sinto o ferimento na minha barriga começar a queimar como se estivesse pegando fogo, parece estar se espalhando pelo meu corpo.

Só consigo olhar para o sorriso diabólico dela enquanto caio de joelhos no chão.

Arina —tão burrinha e boazinha, se fosse diferente isso não teria acontecido, que rainha idiota você é, fiquei anos dentro desse castelo e você nunca percebeu que a verdadeira mulher que te criou morreu no desabamento, eu matei o Henri, foi tão fácil com essa aparência, ele achou mesmo que eu fosse mesmo aquela mulher fútil igual todos vocês, um bando de idiotas— diz enquanto se aproxima de mim com a adaga nas mãos.

Tento me curar, mas não funciona, só parece piorar mais.

Arina —não adianta, essa adaga mata qualquer tipo de ser, divindades ou deuses, você vai definhar até morrer e ninguém vai poder fazer nada, vai queimar por dentro, vai sofrer por ter tirado o que é meu, devia ter esperado  se encontrar com Amon, assim seriam dois de uma vez, pois ele dificultou demais tudo. Nunca vi isso, eu fiz aquele garoto e ele ficou contra mim por causa de uma mulherzinha como você, merece sofrer mesmo— quem ela pensa que é.

Eu estou sentindo uma dor que não consigo nem pensar direito, mas tenho um plano idiota, mas que talvez funcione. Coloco minha mão bem em frente a minha cintura e respiro devagar.

—se nem mesmo Amon ou Soleil quiseram ficar ao seu lado é porque a mulherzinha que não vale nada é você não é mesmo?— falo e ela vem em minha direção pronta para me apanhalar novamente, mas dou um impulso para frente, a faca em suas mãos entrou novamente em minha barriga, mordo meu lábio por causa da dor, pego a adaga que Amon me deu e furo seu pescoço, infelizmente foi na lateral, ela me empurrou logo depois e colocou a  mão para estancar o sangue.

Sua forma mudou na hora como se fosse uma ilusão, ela é uma mulher de cabelos cacheados enormes e pele cor de chocolate, seu olhar mostra ódio puro, mas logo depois medo com algo, está olhando a adaga em minhas mãos e algo atrás de mim.

Antes de cair no chão  de costas consegui ver uma espada sendo arremessada perfurando o ombro dela,  mas a mesma correu para fora com um olhar de medo em seu rosto.

Minha respiração está muito irregular, mas não estou com medo o que é estranho, a dor passou.

Amon me pegou nos braços, parece assustado ao me ver assim.... quase morta.

—vai... atrás dela.. Mata ela, por favor— digo e ele me leva para a parte de fora quando tudo está começando a cair.

Amon —não vou deixar você sozinha, você está morrendo— diz me abraçando mais forte.

—Amon... eu não tô pedindo— digo e ele respira fundo e força um sorriso meio triste.

Escuto um grito ao longe, está chamando meu nome, mas estou ficando tonta e com a visão turva.

Meu marido me coloca no chão e olha para alguém a sua frente.

Amon —Dante, não deixa ela sozinha, nem um minuto— é a primeira vez que vejo a expressão de medo no olhar dele.

Dante —vou cuidar dela— quando ouso a voz dele fico mais tranquila por saber que não morrerei sem ninguém ao lado.

Amon pegou a Adaga que me deu e voou para longe, espero que ele a mate de uma forma dolorosa.

Dante —vai ficar tudo bem pestinha, eu vou cuidar e proteger você como eu sempre fiz certo?— diz forçando um sorriso para me tranquilizar o que me faz abrir um sorriso, mas acabo me engasgando com o sangue querendo sair pela minha boca.

—eu tô cansada...— falo querendo fechar os olhos enquanto olho para o rosto assustado dele, deve estar olhando para adaga que aquela mulher deixou gravada na minha barriga, em volta do ferimento está vermelho, estou queimando por dentro, sei disso.

Dante —eu tô aqui, pode dormir— dormir, eu....

Sem que eu consigo notar tudo simplesmente se apaga.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora