Capítulo 120

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Eliza

Meu estômago dói de tanta fome, o sangue do Dante não foi o suficiente para me saciar, além disso, me sinto tão fraca que nem andar direito consigo.

Estar no verdadeiro corpo no qual nasci é estranho demais agora, quero dizer, sou baixinha, um pouco menor do que no corpo anterior, mas  me sinto uma anã mesmo sendo alta para os padrões das mulheres normais, pois aqui todos são enormes e tem dois metros de altura, eu tenho apenas 1,75 de altura

Por exemplo, Dante tem 2,05 de altura e Amon tem 2,10, pouca diferença entre os dois, mas vou ficar parecendo inferior agora, além desse corpo parecer infinitamente infantil, os chifres nem crescerem ainda, sinto a ponta deles querendo crescer na minha cabeça.

Meus seios voltaram a ter o tamanho de uma laranja e minhas nádegas simplesmente sumiram, eu tinha esquecido completamente como aquele corpo que o purgatório me deu era infinitamente melhor, claro que tinha motivos para a cintura ser mais larga e tal.

Eu me sinto tão insegura sem a jóia, imagino que não seja considerada mais rainha desse lugar também, pois automaticamente depois da morte o trono passa para o parceiro, Amon agora é o rei absoluto desse lugar, sem ter mais ninguém para dar ordens além dele.

Isso não me deixa com raiva nem nada disso, mas queria saber se chorou quando eu "morri", se pelo menos ficou triste ou se importou.

Quero saber o que já está fazendo, quais regras já mudou, pois pelo que Dante falou estou basicamente "morta" a uma semana.

Mais que droga! Eu tô com fome e Dante não aparece logo com as bolsas de sangue!

—que maldito! Poderia voltar logo com a comida quando sabe que estou morrendo de fome literalmente!— eu não consigo ficar de bom humor enquanto sinto meu estômago se devorando por dentro.

*****—acho que vou levar a comida de volta se vai ficar assim toda irritadinha, não se esqueça que não é mais rainha para ficar tanto ordens— Dante diz com um sorriso debochado enquanto coloca uma cesta cheia de comida e bolsas de sangue em cima de uma pedra reta, eu nem notei ele chegar.

Só faço cara feia e mordo meu lábio, pois ele não mentiu, não sou ninguém agora, apenas uma mulher mimada que foi acostumada a ser rainha e ter tudo de melhor na hora.

—desculpe pela forma que tratei você com ignorância, assim está melhor?— pergunto o olhando enquanto vou até a cesta e estendo a mão para pegar alguma coisa, mas ele é mais rápido e afasta ela de mim.

Dante —não tão rápido, pestinha, diga  obrigada Dante por lembrar de mim e me trazer comida com uma cara fofa— ele já está abusando da minha paciência.

—Dante, se você não me der essa comida agora vou de tacar naquela parede cheia de pedras pontudas, pois meu poder é de nascença e não dado pela joia— digo irritada, mas fico assustada quando ele segura meu pulso.

Dante —quero ver você tentar comigo bloqueando seus poderes— diz com um sorriso provocativo que me deixa ainda mais irritada por ter esquecido que pode bloquear poderes quando está em contato com alguém.

Fico olhando para seus olhos violetas com todo meu ódio, mas noto que seu olhar mudou um pouco e desceu para os meus lábios por alguns segundos, estremeço inteira quando envolve minha cintura com sua outra mão e aproxima nossos corpos me fazendo ficar grudada em seu tanquinho.

Sinto meu coração acelerar quando seu rosto se aproxima do meu e seus lábios encostam nos meus, ele fechou os olhos e me beijou enquanto paralisei por completo.

Empurro ele quando volto a mim, pois eu sou casada, Amon não sabe que estou viva, ele precisa saber, é meu marido.

—tem como parar de me provocar!— digo brava me afastando dele, pois é sempre assim, sempre fica brincando comigo— se Amon souber que está com essas gracinhas para cima de mim..

Dante —você morreu e o laço de casamento se quebrou, acha mesmo que ele vai querer se casar contigo novamente para dividir o reino? A jóia voltou para ele depois que seu outro corpo esfriou, como se fosse um ímã— talvez seja verdade, Amon talvez não me queira mais já que tem o que sempre desejou mais no fundo sinto que ainda temos algo, não é possível que tudo tenha sido apenas uma mentira.

—se assim ele quiser que seja será, pois quem tem o jóia desse mundo é ele, merece saber que estou viva— vejo que Dante respira fundo.

Dante —tudo bem então— diz com um olhar meio distante.

—o que está acontecendo no castelo, Amon fez alguma coisa de diferente?— pergunto curiosa enquanto pego a bolsa de sangue para beber.

Dante —preparando seu enterro, tem a duração de sete dias para todos do reino se despedirem, no caso "você" vai ser enterrada amanhã, vai poder ver seu próprio enterro, que sorte— pelo tom de voz está brincando.

—sete dias para enterrar meu corpo? Já devo estar em decomposição— digo e logo volto a beber o sangue.

Dante —na verdade seu corpo se desfez em terra faz uns quatro dias da mesma forma que o corpo do Adam, só que enterramos ele antes para não acontecer isso— que coisa estranha, mas o purgatório é estranho em si.

—por que ele não me enterrou logo? Não sabia que isso ia acontecer?— falo enquanto pego morangos ao terminar de beber a bolsa de sangue.

Dante —ele não quis se afastar do seu corpo durante os três primeiros dias, sei lá, talvez tivesse dúvidas que havia morrido mesmo— significa que ele sentiu algo então.

—eu tô meio desconfortável usando apenas a sua blusa, por que não trouxe roupas adequadas— digo, pois mesmo a blusa dele indo até minha coxa estou nua por baixo, sinto o frio passando pelas minhas pernas.

Dante —seria estranho eu andar por aí segurando roupas femininas— ele só pode estar de sacanagem com a minha cara, pois poderia ter trazido em uma mochila ou bolsa preta.

—estar apenas com uma blusa não vai me impedir de sair dessa caverna Dante, eu vou até o castelo nem que seja andando— digo já com energia suficiente para caminhar.

Dante —espera um pouco aí, não pode sair desse jeito, semi nua— diz me seguindo enquanto sigo para fora da caverna onde estava em um caixão de vidro.

—posso sim, o corpo é meu e a vontade é minha também— digo sem olhar para ele enquanto presto atenção para não cair.

Dante —espera um pouco, Liza, não quer voltar para sua família? Eu tirei a pulseira do vaso onde esta sua areia, tenho certeza que será melhor voltar para sua família que te ama tanto que voltar para o Amon— por que ele está tentando me convencer a não voltar.

—por que esse seu medo repentino de  me ver voltando para o castelo?— pergunto seria olhando para ele.

Dante —só não quero ver vocês dois juntos, ele não te prioriza de verdade, se priorizasse deveria ter ficado ao seu lado naquele momento quando estava morrendo, ele preferiu ir atrás da mãe dele— respiro fundo.

—eu mandei ele ir atrás dela, queria ter ficado comigo, além disso, não sou tão infantil e irresponsável assim para sair daqui sem avisar a ele que estou viva, merece saber, precisamos conversar e se resolver, decidir o que vai ser daqui para frente, se vai me dispensar e focar apenas em seu reinado— digo, pois preciso ouvir o que ele vai dizer, se vai me deixar, pois não quero ter nenhuma dúvida me estressando no futuro.

Dante —certo, certo, mas espera eu pegar roupas, não pode voar apenas com uma blusa, não quero que ninguém veja suas partes— diz passando por mim apressado o que me faz rir.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora