Rainha do Purgatório

Capítulo 128

Eliza

Naomi e Maori estão me ajudando a arrumar algumas malas, são três na verdade, não posso levar muita coisa, mas queria.

Preciso resolver algumas coisas com o Amon antes de ir, disse que queria conversar comigo, que temos coisas a resolver. Queria saber o que exatamente vamos conversar, pois achei que tudo já tinha sido resolvido.

Naomi —me pergunto no que está pensando enquanto olha para a janela com esse olhar distante— pergunta me olhando com um sorriso acolhedor.

—sei lá, não pensei que iria um dia morar com meus pais, mas ao mesmo tempo estou feliz com isso— mesmo que esteja estranhando um pouco tudo isso.

Naomi —estou feliz por você, vai ser livre e sem toda essa pressão em cima de ti— essa parte realmente me deixa mais tranquila, sem preocupações e responsabilidades.

—podem ir, já está tudo pronto— quando digo isso as duas fazem uma referência antes de sair.
(...)

Estou em frente a porta do quarto do Amon, bati duas vezes, mas ele não abriu, ele está lá dentro, sei disso, por que me fazer esperar? Será que está bravo por eu ter decidido ir embora.

Fico batendo meu pé até a porta abrir, quando abre apenas entro sem olhar para Amon.

—demorou vossa majestade— digo forçando um sorriso, pois fiquei impaciente esperando, quando olho para ele noto que acabou de sair do banho o que explica a demora.

Amon —me interrompeu na hora que eu estava passando shampoo no cabelo, Eliza— diz normalmente enquanto está a secar o cabelo com uma toalha azul.

Dou uma leve espiada para baixo, assim conseguindo ver o tanquinho dele, está de toalha, pois provavelmente preferiu abrir a porta a me deixar esperando mais tempo para se vestir.

Amon —gosta do que vê não é?— pergunta com um sorriso presunçoso, as vezes ele parece mais com o Dante do que costuma admitir.

—não é tudo isso— digo só para abaixar um pouco esse narcisismo dele.

Amon —não é o que esse seu olhar curioso diz, cabritinha— diz vindo até mim com o olhar fixo aos meus, vejo ele parar bem a minha frente e tocar em meu rosto com sua mão, está fazendo carinho na minha bochecha, é um pouco estranho ver esse carinho vindo dele já que pensei que tudo fosse mentira.

—por que disse que queria falar comigo? Tudo já está pronto para eu ir— digo segurando sua mão que está fazendo carinho em meu rosto, me pergunto se vai tentar me impedir de ir igual o Dante.

Amon —vem cá, sente-se— diz me guiando até uma cadeira, estou ficando um pouco ansiosa, pois isso é estranho vindo da parte dele.

Quando me sento fico olhando seus olhos azuis por um tempo, estou tentando imaginar o que vai dizer, mas nada plausível está passando pela minha cabeça.

—Amon, por favor, para de mistério e diz logo o que tens a falar, sabe que sou ansiosa— digo, pois não aguento ficar parada no mesmo lugar por muito tempo.

Amon —Eliza, você sabe que te amo não é?— só encaro seu rosto por causa da pergunta repentina.

—sim... eu sei— digo estranhando um pouco essa situação.

Amon —também sabe que eu faria tudo por você não é?— só concordo com a cabeça enquanto fico olhando a cor de seus lábios.

—por favor, diz onde está querendo chegar, pois sei que me ama— digo enquanto observo Amon sentar na cama e olhar para o chão.

Amon —decidiu ir embora não é? Me deixar— só respiro fundo.

—sim, mas isso não significa que eu...

Amon —sabe que eu sempre amei você mesmo antes te conhecê-la, e esse sentimento nunca sumiu. Eu reencontrei a Eva no terraço ontem, conversei com ela por um tempo, ela disse que vai embora, que não vai mais voltar, parecia solidária, não quero deixá-la sozinha— sua voz parece tão firme, mas só queria entender o que quer dizer.

—ela não pode ficar aqui, precisa voltar para dimensão dela— digo de forma séria, pois ela mesma disse isso.

Amon —sei disso, mas não pretendo que ela fique aqui, quero ir com ela— ele só pode estar brincando, pretende mesmo deixar tudo que conquistou, sua família por ela?

—você sabe que ela matou você na dimensão dela né?— digo e ele abre um sorriso de canto com a minha reação.

Amon —sei disso, mas falar assim dela sabendo que ela é  você é algo diferente de se ver, ela me contou enquanto eu tentava processar que ela não era realmente muda, mas isso não muda as coisas para mim, eu a amo, da mesma forma que amo você— então ele realmente vai abandonar tudo por ela? Não consigo acreditar nisso.

—e o purgatório? Seus irmãos, e eu?— pergunto ainda pasma com tudo.

Amon —vou dividir a jóia em duas, dar metade para você e para o Dante, o purgatório será dividido em dois, você merece depois de tudo que passou, não quero que enlouqueça ou seja obrigada a casar. Dante não merece, mas fazer o que, é meu irmão, é melhor aceitar que ele saberia cuidar bem desse lugar também— eu simplesmente não consigo acreditar em suas palavras, vai mesmo ir embora pela Eva.

—faça o que achar melhor, Amon— digo me levantando, pois não estou conseguindo conter o sentimento de estar sendo trocada, mesmo sabendo que isso não é bem verdade, pois a Eva sou eu de certa forma, e ele a amou primeiro.