Capítulo 90

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Eliza

Vou atrás do Amon, pois até agora não o vi, procurei ele em nosso quarto, mas nada dele, estou achando que saiu para algum lugar e não me avisou.

Naomi —algum problema, mestra?— pergunta olhando para mim enquanto bebo uma taça de sangue na sala de jantar, sozinha.

—não encontro meu marido, temo que já tenha se cansado de mim— eu sou insegura, pois todos os exemplos de relacionamento que vi até agora mostraram isso, quero dizer, Dante se cansa de uma mulher logo depois de transar com ela, se eles são meio que clones devem ter o mesmo comportamento ou sei lá.

Naomi —vi ele indo para o quarto ao lado do seu, o quarto reserva, dorme lá às vezes, na verdade tem feito isso desde o casamento, já viu ele dormindo ao seu lado?— eu nunca vi ele realmente dormindo desde o casamento, acordei ao lado dele, mas não o vi dormir.

—obrigada, irei lá ver— digo terminando de beber, caminho até o quarto ao lado do meu, giro a maçaneta, mas está trancado por dentro, felizmente tenho a chave mestra desse castelo.

Destranco a porta e entro devagar sem fazer barulho, não tem ninguém além do Amon que está dormindo na completa escuridão.

Me aproxime dele e vejo que está pálido novamente, sem respiração, me pergunto porque voltou a sair do corpo. Não entendo muito bem como isso funciona, mas não vejo necessidade.

—querido...?— o chamo de forma cautelosa, pois é meio assustador estar em um lugar escuro com um marido que mais parece um cadáver agora.

Vejo uma sombra passar pelas paredes e ir até seu corpo, logo ela some e ele acorda se levantando como se tivesse ficado com falta de ar.

—Amon, tem algo que precisa me contar?— pergunto, pois ficaria mais tranquila se me explicasse o que fica fazendo aqui.

Amon —eu meio que saio do meu corpo pela sombra, isso meio que virou uma maldição com o tempo, quanto mais uso isso mais ficam frequentes essas saídas corporais. Não consigo mais dormir sem acabar virando uma sombra, não queria incomodar você ou assusta-la, pensei que teria um infarto se acordasse e me sentisse frio e sem vida ao seu lado— ele se preocupou comigo...

—o que exatamente você fica fazendo quando sai do seu corpo?— pergunto de forma curiosa, pois quero saber.

Amon —eu fico vagando por lugares sem iluminação, só costumo sair do quarto se estiver a noite lá fora. É mais fácil matar inimigos assim, enquanto estão a dormir, pois posso cortar a garganta da sombra deles o que reflete no corpo real— engulo seco ao pensar nisso, pois é algo extremamente baixo.

—se alguém aparecer morto enquanto dorme já saberei quem foi— digo e ele me olha sério.

Amon —não sou apenas eu que sabe fazer essas coisas, os inimigo também,  eu não mataria ninguém daqui além do Dante— olho para cara dele de forma séria.

—é melhor estar brincando com isso.

Amon —claro que eu tô, ele deixa lamparinas acesas no quarto e fez uma proteção no bracelete que usa para nenhuma sombra se aproximar— fico olhando para cara dele, pois disse a primeira parte com sarcasmo.

—Dante não é um inimigo, não vai mudar um dos nossos aliados nessa luta— falo ficando irritada.

Amon —tenho certeza que se tivesse uma mulher dando em cima de mim não pensaria duas vezes em cortar a cabeça dela, por que não posso fazer o mesmo quando visivelmente tem um homem paquerando e comendo você com os olhos? Tirando todos os afrontes que você viu ele fazendo e não disse nada— só fico em silêncio, pois não tenho muito o que dizer.

—eu não quero que mate o Dante, se seu medo é ser traído.... Eu nem sei o que fazer sobre isso, você obviamente não confia em mim, eu quero confiar em você, mas a cada dia parece mais difícil— digo me sentando na cama.

Amon —Liza, se não quer que eu o mate ou tente expulsar ele daqui o faça parar de me afrontar, me escolheu como seu marido, como rei desse lugar, não vou ficar aceitando um homem tanto em cima de você na frente de todos— só respiro fundo, pois ele tem razão, eu não aceitaria esse tipo de coisa e ele também não tem.

—tudo bem, vou fazer ele parar— digo já esperando uma conversa bem estranha e longa quando for falar com ele.

Amon —que bom, agora vem cá minha morceguinha— diz me abraçando pela cintura por trás o que me faz ficar um pouco assustada pela ação repetina.

—isso não é hora, nós acabamos de sair de uma conversa séria e....— paro de falar ao sentir ele mordiscar de leve a ponta de minha orelha a sensação é estranha, mas ao mesmo tempo boa.

Amon —sabe, transar depois de uma briga é bom sabia?— é minha impressão ou ele voltou com um fogo anormal.

—sabe o que é realmente bom depois de uma briga? Tomar um banho frio e dar um tempo para a pessoa que discutiu— falo me levantando e saindo de perto dele.

Fez uma cara de cão abandonado, parece triste e decepcionado com minha ação.

Amon —não foi exatamente uma briga, não levantamos a voz nem nada— está tentando me convencer a voltar para cama pelo que parece.

—amanha talvez possamos fazer, mas hoje perdi a vontade com a briga e o fato de não ter falado sobre sua saída do corpo toda vez que dorme— digo indo em direção a porta sem olhar para trás, saio e deixo ele lá dentro, sozinho.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora