Capítulo 77

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Eliza

Pelo que o Amon falou preciso oficializar a união na caverna onde fica o coração do purgatório, é literalmente um coração inclusive, o lugar é vivo e conectado a mim que sou a rainha pelo que entendi.

Amon —está nervosa, cabritinha— diz com um sorriso tranquilo enquanto caminha de frente para mim, ele gosta de andar de costas, é como se soubesse tudo que está atrás dele, mas se ele cair vou rir demais.

—tem como parar de inventar apelidos? Isso incomoda sabia— digo, pois ainda não me acostumei com o osso pontuto crescendo no topo da minha cabeça.

Amon —mas cabritinha é tão fofo— diz começando a rir, mas por se distrair tropeça em um buraco e cai de bunda no chão.

—esta vendo o karma? Foi instantâneo— digo com um sorriso presunçoso e vitorioso.

Amon —te falaram os passos dessa união? Quero dizer, o que precisa fazer?— faço um não com a cabeça, pois nunca me avisam de nada, é sempre assim desde criança.

—pode me explicar professor Amon?— pergunto brincando e ele dá um sorriso depois de se levantar.

Amon —tem um altar lá em baixo se não me engano, faz muito tempo que não entro naquela caverna, os guardiões sempre a protegeram muito bem— imagino que sim, pois é o coração desse lugar, se alguém por um acaso atravessar o coração esse mundo morre imagino, tudo vai começar a secar, pois o coração bombeia o sangue pelas terras por veias gigantes.

—o que vamos fazer, promessas?— posso estar falando tranquilamente, mas estou nervosa, só não quero que perceba mais isso, pois teve estar estampado em minha cara.

Amon —vamos fazer um voto de sangue, mas antes preciso de avisar que isso não tem volta, não existe separação, sempre estaremos conectados, você sempre será minha e eu seu, isso só acaba com a morte de um de nós— diz enquanto anda reto, normalmente.

—está pensando em me matar logo depois? Assim será solteiro, não terá que dividir esse mundo comigo e...— vejo que ele para de andar e olha para mim.

Amon —já fui muito egoísta, Liza, muito mesmo, mas eu não vou quebrar minhas promessas contigo, se um dia morrer não será pelas minhas mãos, vou tentar fazer de tudo para deixar você bem— diz com seus olhos azuis nos meus, sua voz não mostra mentira, mas talvez seja um bom mentiroso.

—acho que é melhor arriscar, melhor morta que corna— digo tentando fazer piada da situação, mas ele nem tentou rir, sou péssima com piadas.

Amon —corna você já é, né chifrudinha?— diz parando para tocar em meus chifres, mas dou um soco na barriga dele o afastando, vejo que ele até abaixou, acho que o deixei sem ar.

Vejo ele voltar a postura normal enquanto força um sorriso doloroso.

Amon —esta ficando forte, por favor, não repita isso se não quiser me matar, estou fraco se esqueceu, o efeito do seu sangue está sumindo— tinha esquecido completamente disso, mas não irei pedir desculpas.
(...)

Chegamos na caverna e tudo que eu consigo ouvir é o coração pulsando, Amon foi até um altar de cristal que tem uma taça de ouro em cima, tem um livro também, parece estar procurando a página certa.

Amon —precisamos de um guardião para cerimônia, um com mais de cem anos pelo visto, quem acha que tevo chamar, Henri ou Dante, pois só eles podem fazer essa união, precisamos de uma testemunha— diz e eu respiro fundo.

—Henri, não quero Dante aqui— digo, pois ainda estou brava com a ameaça, claro que eu também ameacei aquela ninfa idiota, mas....

Amon —vou tentar falar com ele mentalmente para vir aqui, enquanto isso  vamos nadar no lago de sangue, vai fazer bem a você, consumir um pouco da sua loucura, nos conectar— diz vindo em minha direção.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora