Capítulo 71

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Eliza

Eu não aguento mais essa vida, quero ver minha mãe, minha irmã mais velha, meu pai...

Dante —Eliza, me chamou?— pergunto frente ao trono, ele está calmo, provavelmente não sabe o motivo de ter o chamado aqui.

—sim, quero que você volte aos seus trabalhos regulares, e isso não é uma recomendação— falo de forma séria, o observo a abrir um sorriso debochado.

Dante —eu não acredito que está mesmo mandando em mim? Vai fazer o que se eu desobedecer? Me tacar lomba?— diz irônico e eu literalmente faço isso, o lancei contra a porta principal o mandando para o corredor.

—se não me obedecer  punirei você igual a um traidor, entendeu, sou a rainha aqui, não aquela garota iludida que não conseguia pisar em uma aranha, fique de brincadeira comigo de novo e pisarei em você— falo em um tom ríspido e sério, me levanto e passo por ele que ainda está caído no chão do corredor me olhando de forma espantada.

Alex me acompanha sem dizer nada, mas seu olhar surpreso diz tudo, se é para ser um monstro autoritário assim serei, não deixarei ninguém me contradizer, ir contra mim.
(...)

Só me olho no espelho enquanto limpo minhas mãos sujas de sangue.

Hoje teve uma reunião com os nobres que deveriam me apoiar, mas um deles ficou contra mim, disse que não me apoiaria, somente em troca de mais terras e dinheiro.

Eu o matei.... Tirei tudo da família dele, disse que mataria todos que ficassem no meu caminho e contra mim.

Que era melhor todos aceitarem que eu sou a única rainha desse lugar ou perderiam suas cabeças e suas famílias.

Tiro o sangue que acabou secando em minha bochecha enquanto penso em como matei aquele nobre enfiando minha adaga em seu peito.

Eu sinto que aos poucos esse lugar está me transformando em um monstro, eu não quero ser igual a mãe do Amon.

Por que parece que minhas mãos nunca se limpam, por que me sinto tão suja.
(...)

Dante voltou aos seus trabalhos como se nada tivesse acontecido, é bom ver ele me obedecendo. É extremamente satisfatório não ter ninguém duvidando das minhas decisões.

As empregadas pararam de fofocar, estão com medo de serem decapitadas.

Dante

Eu não sei o que a Eliza está se tornando, mas não é bom, está governando para si e não para os outros, quero dizer, acho que parou de se importar com o povo, com todos além dela mesma.

Eu reclamava da Eliza boa, ingênua e chata, mas agora temo a nova ela, deus, ela chegou a ameaçar matar a Safira quando eu a desobedeci por causa de uma ordem na reunião, que porra está acontecendo com ela, pois se for para ter uma pessoa assim como rainha prefiro que o purgatório continue como antes de ela nascer.

Safira —moreno, está bem? Parece pensativo— pergunta naturalmente enquanto me serve um copo de chá, amo a forma delicada com que ela faz as coisas.

—eu não gosto da mudança na Eliza,  parece que as lendas são verdadeiras, Soliel temia se tornar um monstro, dizia que todos também se tornariam. Eu trouxe ela para cá, eu tirei ela de um lugar que poderia ter sido feliz, talvez a mãe dela teria sido uma rainha melhor, conseguiria lidar com tudo— diz sentindo um pouco de culpa, pois uma hora ela vai enlouquecer igual a todos os outros.

Safira —é difícil manter a sanidade sem nenhuma base, sem amigos, sem família. A solidão não faz bem a ninguém— diz com um sorriso compreensivo, ela sempre tenta se passar por todos.

—ela vai fazer 21, o tempo está passando rápido demais, ela tem que assinar os documentos, precisa escolher um marido. Falando nisso, ela não está sozinha, tem o Alex, desde que ele se tornou guardião não sai do lado dela, com certeza vai se tornar seu marido, mas não deveria, tudo que ela faz ele obedece igual   um cachorro, um marido não deve ser apenas um enfeite, mas é isso que ele vai ser— digo ficando com dor de cabeça de tanto pensar.

Safira —acha que o Henri seria um marido melhor?— diz acariciando meu rosto com suas mãos macias.

—talvez o Amon tivesse sido um marido melhor, eu nem sei se está morto ou vivo.

Safira —quem diria que eu veria você dizendo isso, odiava ele não?— pergunta na dúvida.

—a vida era mais fácil quando só o Amon era o problema— digo enquanto encosto minha cabeça na poltrona macia.


Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora