Capítulo 59

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Eliza

As portas do grande salão são abertas para mim, noto que todos saem da frente do meu caminho abrindo passagem para mim passar. Alex está atrás de mim garantindo minha segurança.

Estou firme enquanto caminho até meu trono, quando chego lá me sento e fico olhando as pessoas bebendo o conversando.

Só tem pessoas de posição importante aqui, como duques, lordes de grandes regiões, entre outros com dinheiro e nobreza.

Os guardiões chegaram e foram diretamente para sua posição que é bem em frente as suas  cadeiras.

Escuto a porta principal ser aberta, a música parou, todos ficaram em silêncio ao ver Amon entrando. Ele tem uma fama muito grande de assassino, causador do caos e várias outras coisas que não procurei saber.

Seu olhar sério parece assustadar todos, inclusive suas marcas negras em seu corpo, muitos não sobrevivem uma semana com elas, mas ele viveu milênios com a dor, soube que doem muito.

Vejo que ele sobe as escadas em minha direção e senta ao meu lado, no segundo trono que deveria ser do meu futuro marido. Mesmo que eu não fale nada os boatos saíram daqui.

Até consigo imaginar como serão, a futura rainha se casando com o traidor, um renegado....

Amon —quero que pronuncie essas palavras quando eu mandar e deixe sua energia emanar, ok?— diz baixo em um tom que só eu posso ouvir, logo depois me entrega um papel, abri e vejo que está escrito em uma língua antiga que aprendi quando criança.

—certo...— não tenho por que negar, está planejando algo, mas é melhor deixar acontecer.
(...)

Amon parece estar aproveitando a coroação, as criadas sempre trazem bebida e vinho, odeio as roupas delas, sempre se mostram com pequenos tecidos de cetim brilhante. Vejo ele se levantar, e pegar um mini microfone que fica na roupa, coloca no terno. Estou curiosa para saber o que vai dizer.

Amon —estamos aqui hoje para parabenizar a nossa rainha e mostrar nossa lealdade, por isso quero que se curvem a sua rainha e soberana, começando pelos guardiões— vejo que ele olha diretamente para mim esperando minha confirmação.

—por favor, me mostrem que posso confiar minha vida a vocês — falo calmamente.

Vejo Henri se levantar, vir em minha direção e se curvar, seus olhos estão nos meus. Cristian faz o mesmo que ele, logo depois olho para Dante, ele parece não querer fazer isso, mas respira fundo e se curva, nunca imaginei que veria isso, mas vi Safira o empurrar, provavelmente estava o incentivando.

Logo depois todos se curvam, talvez fosse isso que Amon tinha planejado.

Amon —agora pronuncie as palavras da forma que de falei— fico sem entender, mas pego o papel.

—Ας φανεί η αλήθεια αυτού που με πρόδωσε, ότι η πίστη ανήκει ήδη σε κάποιον άλλο εκτός από εμένα— digo, noto meu poder se transformar em outra coisa, uma pressão enorme na sala inteira, vejo uma  aura vermelha aparecer em algumas pessoas, inclusive em Cristian.

Amon —agora sabe quem mente para você Eliza, está vendo quem te trai. Prendam todos!— fico paralisada sem saber o que fazer quando os guardas vem para tentar prender Cris.

—esperem!— digo e eles param, olho nos olhos de Cristian —me diga que é mentira?

Vejo que ele olha em meus olhos por um tempo, mas seu silêncio me quebra, pois ele só aceitou.

Amon —todos os traidores serão mortos, não será perdoado algo assim— nesse momento vejo Dante querer ir para cima de Amon, nunca vai permitir que um de seus irmãos seja morto, não importa quantos problemas tenham, ainda são família.

Alex está paralisado, acho que a fixa não caiu, a minha não caiu, mas Dante também desconfiava disso antes.

—só os predam até segunda ordem, quero saber o motivo que pode ter levado eles a nós trair depois veremos se seus motivos são tão fortes para serem libertos da execução.

Amon —a celebração acabou, saiam!— não foi o que imaginei que aconteceria hoje.

(4 meses depois)

Já perdi a conta de quantas vezes Amon me deixou no meio de batalhas para lutar sozinha, contra vários inimigos inclusive.

Não sei o motivo, mas começaram a avançar e atacar sem parar o reino, vi mães e esposas chorando pela morte de seus familiares, tanto as pessoas que lutam por mim quando as que lutaram contra.

Demorei a perceber, mas isso é mais que uma disputa, não existe bem é mal, só existe o líder que eles acreditam mais, que irá salva-los e melhorar sua forma de viver.

Agora entendo porque tanto estudar economia entre outras coisas, não vai fazer diferença na minha forma de viver, mas pode fazer muita nas do meu povo.

Se as coisas fossem melhor no meu reinado eles não escolheriam outra pessoa para apoiar.

Não consigo mais dormir a noite com a tranquilidade que tinha antes.   É impossível lutar uma guerra sem sujar suas mãos de sangue.

Tive que matar e isso ainda me assombra, mesmo que eles  tenham tentado tirar minha vida primeiro.
(...)

Só desvio dos ataques do Amon, pois se eu errar serei perfurada por sua espada. Seu treinamento ao contrário dos do Dante e Henri é mortal, não sei quantas vezes já fui cortada, nem quantos hematomas tive em meu corpo.

Caio no chão quando sinto ele chutar meu estômago me fazendo parar de respirar por alguns segundos.

Amon —baixou a guarda novamente, ainda não sei como não desiste logo de ser rainha— diz guardando sua espada.

—você não nasceu forte, Amon, vou melhorar— digo limpando o sangue que está escorrendo de meus lábios.

Amon —provavelmente vão mandar seres das sombras para mata-la já que está sendo tão difícil. Mantenha a luz do quarto ligada e uma lamparina no lado da cama, queria poder cuidar de você enquanto dorme, mas infelizmente não deseja minha aproximação— diz se aproximando e estendendo a mão para me ajudar a levantar, acabo aceitando.

—se está tão carente Amon, por que não paga uma puta?— pergunto com um sorriso.

Amon —estou pensando em fazer isso, arrumar uma linda concubina ruiva e com peitos enormes, maiores que o seu, que ainda saiba dançar de brinde— diz com um sorriso de canto.

—boa sorte com isso— chuto sua perna e o derrubo no chão —não é você que me disse para nunca abaixar a guarda?

Amon —isso foi bem baixa, Liza— estendo a mão para ajudá-lo com um sorriso no rosto por finalmente conseguir derrubar ele.

Ele aceita, segura minha mão, mas me derruba em cima dele me puxando em sua direção.

Amon está com a mão em cima de minha cintura me impedindo de levantar, essa posição é estranha demais.

—me solte, se alguém nos ver irão pensar coisas inadequadas— falo tentando me levantar enquanto apoio minha mão em seu peito.

Amon —se importa se pensarem? Somos noivos, todos pensam isso, não seria estranho, sexo antes do casamento, não é um pecado, além disso, sei que quer despertar todo seu potencial— diz enquanto olha diretamente em meus olhos com um sorriso.

—esse casamento não é real, além disso, tenho outras opções— digo e ele me solta.

Amon —como o Dante? O homem que dormiu com metade das mulheres desse reino.  Pode ser o Cristian também, o homem que traiu sua confiança e começou a trabalhar com minha mãe para se livrar das regras que o impediam de viver. Já ia esquecendo, tem o Henri também, mas ele nem te vê como mulher, só como uma mulherzinha que ele tem que obedecer. Imagino que sua melhor opção seja o Alex, mas ele é filho de um traidor, provavelmente não vai perdoa-la por prender seu pai. Não sou sua única opção rainha, mas imagino ser a menos estranha.— me levanto enquanto paro de olhar para ele.

—irei para meu quarto, espero que faça o mesmo quando sair daqui, não quero boatos de traição, muito menos que me chamem de corna— digo me retirando.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora