Capítulo 56

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Eliza

Estou voando de volta para o castelo,  Dante está a minha frente me mostrando o caminho, ele parece conhecer esse lugar com a palma da mão, nem fica a prestar atenção no caminho.

Consigo ver o topo do castelo daqui, está todo iluminado, pensem que as luzes só poderiam se acender em algum evento importante ou na hora de anunciar algo importante.

Dante —que estranho, imagino o que o Amon está fazendo— acho que ele também deve estar curioso por causa das luzes que conseguem até iluminar o céu.

—acha que o Amon é mesmo um monstro?— eu quero saber de verdade o que ele pensa.

Dante —não sou a melhor pessoa para você perguntar isso, fui criado para matar ele, substituir... Eu nunca quis ser a cópia dele, mas acho que alguns pontos são verdade, sempre fui o mais privilegiado, talvez por parecer com ele. Não tinha sido criado na época que ele foi amaldiçoado, mas sei que já foi o príncipe herdeiro, ia ser o rei em algum momento, mas logo depois esse título foi tirado dele, foi antes das maldições, algo ele fez e continuou fazendo— a voz dele está estranha.

—acha que estou cometendo um erro..

Dante —não exatamente, pestinha. Eu não vejo mentira quando ele conversa com você, manipulação talvez, não é estranho já que sempre foi manipulador, dizem que puxou a mãe. Só toma cuidado, a reino da rebelião parece estar querendo atacar, pelo que parece realmente não é ele que está no comando de lá.— ele está falando isso de forma calma, me pergunto se está acontecendo alguma coisa para ter ficado tão manso do nada.

—o que sabe sobre a mãe dele?— preciso saber mais.

Dante —manupiladora, consegue sempre estar a frente, sabe de tudo, usa feitiçaria e é uma das pessoas mais más do purgatório. Dizem que depois do nascimento do Amon ela deu a luz a uma menina linda de cabelos loiros e asas brancas, o antigo rei amava demais essa menina, mas..— ele parou, a voz dele ficou estranha.

—o que aconteceu com a garota?— pergunto e um silêncio se instala.

Dante —no dia que Soleil ia apresentar sua filha caçula ao povo o quarto da pequena pegou fogo, a menina morreu cabornizada, os empregodos e guardas ouviram os gritos, mas foram mandados a não fazer nada. Amon levou a culpa, mas pelo que eu sei ele só tinha 6 anos e nem estava lá no dia, mas a mãe colocou a culpa nele e ninguém ousou ficar no seu lado.

—se você está dizendo que foi a mãe dele, por que o rei o culpou?— pergunto sem entender.

Dante —quando eu fui criado tinham que colocar a memória mais presente nas lembranças do Amon, foi essa a memória. Consigo lembrar de ele sair do castelo para brincar no bosque com alguns plebeus da idade dele, ele tinha inveja da irmã, não gostava dela por causa da atenção do pai por ela parecer ser "diferente", quando ele voltou para o castelo sentiu cheiro de queimado em um cômodo, viu o quarto de sua irmã pegando fogo, tentou entrar, mas acabou se queimando e ficou em frente a porta pedindo ajuda, mas todos o ignoraram, quando o pai dele chegou e o viu ali em frente o culpou na hora— fico paralisada ao ouvir o que disse.

—entendi o porquê dele ser tão revoltado— digo e ele para de voar.

Dante —ele fez coisas horríveis quando cresceu e isso não é motivo para ser um monstro desgraçado— ainda odeia ele mesmo tendo essa memória.

—o que aconteceu com ele depois disso, consegue lembrar?

Dante —o pai dele o prendeu no porão durante uma semana sem poder sair ou ver a luz do dia, sem água, sem comida. Lembro que a mãe dele apareceu e disse algo, as palavras dela foram exatamente essas(vai ficar tudo bem, Amon, seu pai está passando por muita coisa com a morte daquela coisinha, mas logo vai esquecer dela, vai voltar a ser filho unico, fique feliz com isso, um dia vai entender que vai ser menos um problema no nosso caminho)— como uma mãe pode tacar fogo na própria filha e ainda dizer que vai ser menos um problema, deixou o filho levar tuda culpa.

—mesmo tento essas lembranças ainda odeia ele?— pergunto e ele se vira e fica me olhando enquanto voa de costas.

Dante —vou dar um livro a você de tudo que ele fez enquanto ainda era um príncipe, talvez pare de passar pano para ele— o que de tão ruim ele fez que possa ser pior que isso.

—me diz a pior coisa que ele fez.

Dante —sabia que ele já teve uma noiva? Dizem que ela era radiante como o por do sol, ruiva de olhos azuis. Acredita que ele arrancou todos os órgãos dela ainda viva por não querer se casar? Depois mandou em empregados servirem sua carne no jantar e deu a notícia para seu pai que a nora que ele dando gostava estava na barriga dele— coloco a mão na boca para não vomitar pois imaginei a cena.

—......

Dante —ainda consegue defender ele?— eu não sei...

—pessoas mudam eu imagino...

Dante —não foi a única noiva que ele matou, teve outras com a passar do tempo, Soleil não queria que seu filho governasse sem alguém para controla-lo, imaginava que uma esposa conseguiria mudar ele, mas não foi bem como planejou já que todas tiveram mortes grotescas. Só não se esqueça de uma coisinha, você é a noiva agora, ele nunca quis dividir o trono com alguém, não acho que agora que ele vai querer— diz pousando em cima do castelo.

Meu estômago está revirado, só pouso e vou em direção a escada, preciso tirar esses pensamentos da minha cabeça.

Dante —já ia esquecendo, eu trouxe a Safira para cá, espero que esteja tudo bem para você— eu queria virar para ver se foi mesmo o que ouvi, mas continuo meu caminho para meu quarto.



Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora