Capítulo 16

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Eliza

Acabamos de chegar em uma pequena casa de madeira, ela é minúscula se comparada as mansões do meu reino, além disso, fica em um bosque, a varanda é aberta, só tem grama verde e algumas árvores frutíferas.

—eu vou ficar nessa casa sozinha imagino?— pergunto pois nunca morei sozinha antes, é estranho de se pensar, pois sempre tive gente para me servir.

Alex —sim, irei comprar um cão de guarda e dois empregados amanhã.— pensei que iria ser tratada como uma guarda normal, sem privilégios.

—então continuarei a ser mimada?— pergunto observando o ruivo abrindo a porta da casa.

Alex —vai ser tratada como guarda na hora de fazer seus trabalhos, lutar e defender o reino, mas dentro da sua casa vai continuar sendo tratada como rainha, pois isso é só temporário até os guardiões conseguirem afastar os inimigos do reino, vai estar mais segura assim, também aprenderá muito mais por sair de baixo das asas deles.— acho que ele tem razão.

Só sigo ele para dentro da casa humilde, fico impressionada ao ver que por dentro é completamente perfeita, tem móveis lindos, parece que os detalhes amarelos são cobertos de ouro, a parede é branca, os móveis amarelos.

—que perfeito.— falo impressionada.

Alex —é muito menor que o castelo, mas vai conseguir sobreviver, tem somente dois quartos, imagino que o mínimo de servos para cuidar de você sejam dois então recomendo comprar duas mulheres, pois o segundo quarto tem duas camas de solteiro. Tem três banheiros, um principal da casa e os outros são incluídos nos quartos. A sala de estar é grande e tem uma televisão, tem cozinha, varanda e um porão.— imagino que tenha tudo que é preciso aqui, não sei muito sobre afazeres domésticos, nunca entrei na cozinha do castelo pois não era necessário, Arina não deixava, dizia que meu trabalho era muito mais importante, cuidar do purgatório e estudar bastante.

—sei que no momento esse é seu trabalho, mas obrigada mesmo por estar cuidando de mim.— falo e ele sorri.

Alex —não precisa me agradecer rainha, seu sorriso já alegra meu dia.— fico meio sem jeito com o comentário dele.

—vou começar a lutar amanhã?— pergunta e ele confirma com a cabeça.

Alex —sim, irei ver se consegue dar conta dos monstros e se conseguir deixarei você por sua própria conta por um tempo, vai precisar ficar independente alguma hora.— ele tem razão, decidi fazer isso para aprender mais, conseguir me proteger e cuidar do meu povo.

—vou dormir um pouco.— falo olhando para ele, pois não sei onde fica o quarto.

Alex —andar de cima, porta dourada.— diz me entregando a chave.

—obrigada novamente.— falo subindo, acho que ele  vai passar a noite aqui hoje.

Entro no quarto que é da mesma cor dos outros cômodos e tem uma cama enorme, parece ser macia,  deito nela e logo o sono  vem, penso em fechar a porta antes de dormir, mas só deixo para lá e adormeço.
(...)

Acordo sentindo um cheirinho maravilhoso de carne grelhada, ainda é noite, provavelmente está de madrugada, a porta está aberta, pois acabei esquecendo de fechar. Me levanto da cama e caminho devagar pelos corredores, vou até a cozinha e quando entro tenho a bela visão do ruivo sem camisa cozinhando, está de avental,  ele de frente deve ser uma baita visão erótica.

Só engulo seco, queria continuar observando, mas preciso agir com mais responsabilidade e ética.

—Alex, o que está cozinhando?— pergunto com a voz baixa para não assustar ele.

O ruivo só se vira e fica me olhando por um tempo, acho que está tentando pensar em uma forma de explicar porque está sem camisa, está calor e eu consigo entender, inclusive amei a visão.

Alex —sinto muito rainha, não aguentei o calor, pensei que iria acordar um pouquinho mais tarde então fiquei a vontade demais, sinto muito.— diz me olhando.

—tudo bem, mas o que está cozinhando?— pergunto novamente por estar com fome.

Alex —carne grelhada no forno com vinagrete, arroz e farofa, é algo que nos soldados da guarda real comemos muito para renovar as energias.— queria saber o que é vinagrete? farofa é uma comida bem humilde, nunca provei.

—provavelmente cozinhou para você, mas me dá um pouquinho?— pergunto olhando para ele.

Alex —claro rainha.— diz com um sorriso, vejo que ele se vira para voltar sua atenção ao fogão.
(...)

Quando ele termina serve dois pratos e pega o champanhe, acho que ele pensa que sou mimada e só bebo coisa cara.

—podemos conversar um pouco? Quero te conhecer.— pergunto curiosa.

Alex —claro rainha, minha vida é um livro aberto.— diz normalmente.

—soube que entrou na guarda muito novo durante a adolescência, por que?— pergunto tomando cuidado para não perguntar uma coisa muito íntima ou que não quer falar.

Alex —eu fui muito pobre quando criança, sofri muito preconceito por ser filho de uma "enviada".

Enviados são os seres enviados para o purgatório para serem punidos ou esperarem punição, caso eles permaneçam aqui por muito tempo se transformam em monstros.

—achei que enviados se transformassem em monstros.— falo e logo depois bebo o champanhe.

Alex —demora muito para isso acontecer, minha mãe conseguiu viver no purgatório por um século antes de começar a se transformar, ela teve um caso com um homem que resultou no meu nascimento, ela acabou falecendo quando fiz 15, tive que começar a viver sozinho daí. A guarda real foi uma escapatória dos meus problemas, tive que treinar para ser o melhor, pois precisava me sentir ligado a algum lugar. Cristian me recebeu muito bem, Dante me tratava como qualquer guarda, mas nunca mostrou ter problemas comigo.— a vida dele parece ter sido dura.

—sinto muito, não devia ter perguntado.— falo culpada.

Alex —tudo bem, faz parte do meu passado, melhor comer antes que esfrie.— diz bebendo seu copo de champanhe.

Começo a comer e fico impressionada pois é muito bom, todos os elementos juntos deixam a comida ainda mais saborosa.

Alex —parece que gostou.— diz com um sorriso.

—sim, está maravilhoso. Você daria um ótimo marido.— só tapo minha boca depois de falar demais, vejo que ele ri, parece ter levado na brincadeira, ainda bem....

Continuamos a comer normalmente, noto que termina primeiro que eu.

Alex —vai ter um dia longo hoje, espero que esteja preparada. — diz se levantando, só concordo com a cabeça animada.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora