Eliza
O jantar terminou e as empregadas vieram recolher todos os pratos em cima da grande mesa, todos estamos em silêncio só esperando, pois seria falta de educação começar a conversa agora na frente das empregadas.
Quanto a mesa está limpa e todas as empregadas se foram a conversa começa.
Henri —nem fico surpreso mais, tem pessoas que a gente sabe que não vai morrer nem se for amassado por uma pedra— quando escuto isso encaro ele por um tempo, mas quanto nota isso aponta para Dante.
Cristian —o Dante é imortal, mas não entendi esse comentário, pois pareceu também ser para a Eliza— também notei isso.
Henri —nada contra vocês é só um detalhe que notei, o purgatório deu um segundo corpo para Eliza, Dante é imortal e sempre volta, nós somos os únicos que se acabarmos morrendo é para sempre, não é Soleil?— diz olhando diretamente para o loiro. Agora eu entendi o ponto dele.
Amon —Henri, precisa entender uma coisa, todo pai vai ter um filho favorito, ele só não vai dizer, mas as atitudes mostram quem é, além disse, vocês nunca teriam sido criados se não fosse pelo medo do nosso pai do Dante ficar sozinho— diz enquanto bebe vinho tinto com um sorriso no rosto, ele gosta de tacar lenha na fogueira, as vezes não dá nem para duvidar que é um demônio.
Dante —está querendo colocar minha família contra mim?!— ele está sério e bravo, acho que está se controlando para não ir para cima do Amon.
Soleil —se calme, é isso que ele quer, te irritar e causar problemas, sementes ruins nunca prestam no final das contas— só respiro fundo ao ouvir isso, pois de alguma forma entendo o que Amon está sentindo.
Alex —mas Amon não mentiu, nós temos alguma importância para você? Pois parecemos apenas peças a serem descartadas, você já amou algum dos guardiões que criou com o seu sangue como filho? Me considera seu neto?— Só fico olhando para o loiro enquanto fico a esperar ele responder, pois não pode ser perfeito, pois filhos se baseiam nos pais, se ele considera Amon 100% mau é porquê ele também é.
—preciso tomar um ar— falo me levantando, vou até a parte de fora e respiro fundo enquanto olho o céu azul escuro cheio de estrelas, as luas estão aparecendo, são lindas juntas.
Sinto algo no meu ombro, me viro para olhar quem está alí, mas quase infarto ao me ver, logo depois me acalmo por lembrar que é Eva.
—agora deu para dar sustos?— quando pergunto isso com a mão no coração ela ri.
Eva —desculpa, não queria te assustar, estou feliz por você, ninguém no seu futuro morreu, parabéns— diz abrindo um sorriso, logo depois vejo ela ir até a sacada e se apoiar no muro de madeira esculpida.
—não exatamente, o Adam morreu, eu gostava dele, era brincalhão e aberto sobre vários assuntos— sinto falta dele para aliviar as situações as vezes.
Eva —sei disso, mas você tem que entender que teve mais sorte que muitas de nós— eu tenho tanta coisa para perguntar.
—Soleil é uma pessoa boa? Quero dizer, não gosto muito dele, parece ser autoritário, talvez seja só primeira impressão— digo indo para perto dela.
Eva —autoritário ele é, é um anjo e você sabe que eles tem um monte de regras bem restritas, além disso, é velho o que deixa ele um pouco machista, inclusive acho que Amon puxou isso dele, além do temperamento de ninguém poder passar por cima de sua palavra. Eu só conheci o Soleil daqui, o do meu mundo nunca foi acordado e prefiro que as coisas continuem assim— diz normalmente enquanto olha para as luas que parecem estar sempre em sincronia.
—o que acha que eu deveria fazer, Amon é rei e disse que eu poderia voltar para ele, mas agora não tenho certeza de nada, você parece ser mais sábia que eu— quando falo isso ela me olha com a sobrancelha levantada.
Eva —não sei se fico lisonjeada ou ofendida por estar dizendo que sou velha, tenho certeza que se eu fosse sábia teria aprendido a perdoar o Amon da minha dimensão e não feito o que eu fiz— e o que ela fez?
—sabe, você não terminou aquela história..— falo para ver se continua.
Eva —certo, fui acolhida pelo Amon, pois precisei voltar ao purgatório, fiquei no mesmo castelo que ele, a mãe dele começou a se incomodar com a minha presença, tentou me matar algumas vezes inclusive, mas ele sempre a impedia. Amon, teve a ideia de me treinar para eu poder se proteger enquanto estivesse fora, deu certo inclusive, mas estava fazendo isso para se aproximar de mim também, pois notava os toques dele quando precisava me segurar, teve um dia que Tamali enviou sombras para terminar o serviço por ela, eu não sabia lidar com essas coisas então apenas me tranquei em uma sala pequena com uma vela que estava prestes a apagar, estava morrendo de medo e tremendo.
Deus, eu nem consigo imaginar como ela deve ter se sentido.
—o que aconteceu depois?
Eva —Amon chegou quando a vela estava piscando prestes a se apagar, me viu naquela situação e se enfureceu, ele não estava mais aguentando as perturbações que Tamali fazia, pois queria mandar em tudo a todo momento, não sei o que ele fez, mas ela parou de olhar para mim, inclusive não dizia mais meu nome. Até aí estava tudo particularmente bem, mas ele foi tentando se aproximar aos poucos, acho que sentia atração por mim, eu tinha medo de recusa-lo, de perder a proteção dele, eu só queria sobreviver então fazia o que ele queria, inclusive aceitar o pedido de casamento dele, aí a mãe dele surtou no jantar de noivado, ela tentou me apulhalar com sua adaga, mas com meu instinto de defesa peguei a adaga do Amon que estava no meu lado e joguei no pescoço dela, só sei que acertei em cheio, só fiquei paralisada quando o sangue dela jorrou em minha cara.
—o Amon, chegou a ficar bravo?— vejo que ela balança a cabeça negativamente.
Eva —apenas mandou tirarem o corpo dela dali, Amon dizia que eu era o suficiente para ele, que não precisava de mais nada, nem ninguém. A gente se casou, mas eu me sentia mais como uma prisioneira, que se cometesse um erro sofreria da pior forma possível, eu tentava ao máximo ser obediente e perfeita, pois era isso que ele esperava de uma mulher, eu sempre tentava achar uma forma de acabar com isso, pois tinha conseguido pegar a adaga da mãe dele escondida no necrotério, só que ele nunca abaixava a guarda, toda vez que eu dormia relembrava de todas as pessoas que ele tirou de mim, chorava debaixo das cobertas me culpando por aceitar isso, por não morrer logo— ela está com um olhar tão humilhante, acho que se sente assim.
—mas você o matou não é? Pois disse que nem Amon, nem Dante estavam vivos na sua dimensão— só abaixo a cabeça, pois parei de tentar pensar no que ela passou a muito tempo, parece tão horrível e sufocante, mas..
Eva —eu fui baixa demais e fiquei desolada quando consegui mata-lo, eu enfiei uma faca em seu coração enquanto dormia, quando consegui invadir seu quarto com a cópia da chave que eu fiz, já que não tinha como usar poderes para aparecer lá, pois as paredes eram feitas de cristais anti poderes sobrenaturais. Virei uma rainha que nem mesmo eu consigo me orgulhar, fiquei sozinha e com um peso que jamais vai sair das minhas costas, só queria ver outras possibilidades em meu futuro, rever todos que eu perdi— não consigo dizer mais nada.
—......
Eva —não precisa ficar com essa cara desanimada pela minha história, pois ela não aconteceu contigo, você tem a escolha do que vai fazer a partir de agora, algo que eu não tive, entra lá e continue sua vida, pois eu tenho que me preparar para ir embora e aceitar a minha vida— diz e logo desaparece da minha frente.
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Rainha do Purgatório
RomansaElisa é uma demônia nascida no inferno, foi tirada de sua família quando tinha acabado de nascer para se tornar rainha de um dos lugares mais perigosos que já existiram. Ela vai ter que aprender muito até ser aceita como rainha, vai trilhar um long...