Capítulo 35

7.2K 858 163
                                    

Eliza

Depois que fiquei presa na caverna, as coisas mudaram, me sinto diferente, mais viva, mas ao mesmo tempo sempre estou com fome de sangue.

Dante parece estar me escondendo alguma coisa, provavelmente não irá me dizer, ele é sempre assim, fica omitindo as coisas para me proteger, mas sei que algo aconteceu quando o castelo foi destruído.

Saio do quarto e caminho no corredor tentando não prestar atenção no pescoço das empregadas, não estou conseguindo controlar direito meu instinto

Acabo batendo em alguém sem querer por estar olhando para o chão evitando olhar para qualquer pessoa.

Alex —vossa alteza, está tudo bem? Parece estranha?— quando olho para cima só me deparo com os belos olhos azuis brilhantes do ruivo, mas acabo descendo sem querer meu olhar para seu pescoço corado, fico com água na boca só de pensar que tem sangue passando pelas veias.

—me desculpa, eu só estou extremamente distraída.— falo forçando um sorriso, ele não pode saber que estou pensando em morde-lo.

Alex —entendo, depois de tudo que aconteceu deve estar sendo difícil passar pelo luto e se acostumar em não ter mais a presença do Adam.— fico paralisada quando ele diz isso, fico alguns segundos repassando o que ele acabou de dizer até entender direito o que realmente significa.

—o Adam morreu?— pergunto sem acreditar, pois ele é um guardião e isso nunca aconteceu, Alex só pode estar brincando.

Alex —você não...... Eu sinto muito, não deveria ser eu a contar a você.— ele parece extremamente culpado.

—esta tudo bem, a culpa não é sua, fico feliz por ter me contado, pois se dependesse do Dante eu nunca saberia.— falo um pouco séria.

Alex —não acho que deveria culpar o Dante por não ter informado você sobre isso, ele só está tentando te proteger, ficou dias no seu quarto esperando a sair de seu sono profundo,  ficou sete dias tirando os entulhos sem parar enquanto procurava seu corpo. Ficou 14 dias no subsolo, deve ter sido horrível, se não fosse por Dante ficaria presa lá por anos.— ele tem razão.

—sabe o que aconteceu com Arina, sinto falta dela, nunca me deixaria sozinha, ela também....— paro de falar ao sentir um aperto no peito ao pensar nisso.

Alex —não, está em coma, não sabemos se irá acordar.— só respiro fundo e tento controlar essa vontade imensa de cair no chão e começar a chorar, me sinto tão impotente, mesmo assim não posso demostrar fraqueza por ser a rainha, já me tratam como se eu fosse incapaz.

—obrigada por estar me tratando assim, como uma pessoa normal e capaz de lidar com tudo.— falo e ele apenas levanta meu rosto com sua mão em meu queixo.

Alex —você é capaz, todos sabem disso, mas eles tem medo de colocar pressão demais ao ponto de querer se suicidar. É muito normal as pessoas aqui não aguentarem a pressão de tudo, elas escolhem o caminho mais fácil que é a morte.— o olhar dele mostra tristeza.

—já perdeu alguém assim? Não precisa falar se não for da minha conta, ruivinho.— falo e ele sorri com o apelido.

Alex —muitos amigos quando eu era do orfanato, e muitos outros dentro da guarda real, pessoas sem família não tem muita opção além de entrar na guarda real e lutar todos os dias sabendo que uma hora vai morrer.— diz normalmente enquanto caminha ao meu lado.

—então você não gosta de ser da guarda real?— pergunto, mas ele continua com o mesmo olhar de quem não pensa muito no passado.

Alex —eu gosto sim, não tinha um lugar antes de tudo, era apenas um sem família, mas quando entrei na guarda encontrei um lugar que posso chamar de meu, além disso, tive ótimos professores de luta que me fizeram evoluir muito.—  diz com um sorriso quase imperceptível.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora