Eliza
Meu marido saiu de novo para lutar sem mim, deixou flores e chocolates ao lado da cama para quando acordasse, mas fico meio desanimada sempre que some assim, ainda mais depois de fazermos amor.
Pego a caixa de bombom e fico a comer enquanto olho o tempo chuvoso pela janela, ele vai se molhar, espero que não fique doente... Por que estou me preocupando a toa, demônios não ficam doentes.
Escuto o ranger do piso de madeira do quarto como se alguém tivesse pisado, será que é ela?
—eu sei que está aqui... Eva— falo para ver se alguma coisa acontece, mas só escuto outro passo.
Respiro fundo e apenas desisto, pois se ela não quer se mostrar não posso simplesmente obrigar. Pego outro bombom na caixa e a coloco em cima da mesa, vejo que simplesmente a caixa flua como se alguém a tivesse pegado.
Vejo a caixa flutuar até o canto do quarto onde fica uma poltrona, logo vejo sua imagem aparecer em um piscar de olhos, está sentada com as pernas cruzadas enquanto olha para mim, logo vejo ela morder um dos bombons.
—você.... É mesmo eu?— pergunto, pois quero acreditar de verdade que não.
Eva —sim, mas o que quer falar comigo— fico um tempo sem responder, pois não achei que apareceria.
—por que está me observando?— pergunto sentindo meu coração acelerar um pouco.
Eva —apenas vendo se está tudo certo enquanto não posso voltar— como assim tudo certo?
—você não tem ficado com meu marido não é?— é só uma dúvida que eu tenho.
Eva —não tenho aparecido mais para ele desde o dia que encontrou no quarto bêbada e o acusou de estar com alguém, foi engraçado olhar aquilo do canto da parede sendo que não tinham nada— nossa.... Agora fiquei com vergonha.
—mas, é que....
Eva —a gente é ciumenta, faz parte, mas não esqueça que sou você, mais vivida é claro, mas não deixo de ser você— olhar para ela e ver meu próprio rosto é estranho, mas tem alguns detalhes diferentes, tipo o tamanho, ela está de salto, seus seios não parecem tão fardos, sua cara é até mais infantil, só que seu olhar sério e chifres grandes a envelhecem, seu cabelo enorme também.
—pode ser apenas impressão minha, mas esse seu corpo não seria o que nascemos?— pergunto e ela só confirma enquanto respira fundo.
Eva —sim, o corpo que o purgatório me deu infelizmente foi destruído quando morri pela primeira vez, mas ser um pouco mais baixa e menos peituda não faz diferença sinceramente, ainda mais quando não tem mais ninguém para chamar a atenção— como assim não tem mais ninguém?
—todos morrem no seu futuro? Pensei que fosse o Amon, depois o Dante, mas pela suas palavras deve ter sido os dois— falo e ela pega outro bombom para comer.
Eva —não sei se deveria ficar revelando isso, mas sinceramente não me importa, acho que se agente não se tocar vai ficar tudo bem— pera, o que acontece se agente se tocar, fiquei curiosa.
—e então, sei futuro é tão horrível assim para ter que vir para o passado e ter criado possivelmente outra linha do tempo?— quando pergunto isso ela me olha com a sobrancelha levantada.
Eva —não me lembro de ser tão esperta nessa idade, pensei que era lerda até os 25 anos— pera, ela me acha lerda?
—eu não sou lerda!— falo e ela apenas ri.
Eva —é sim, mas isso não convém agora. Sobre o que aconteceu comigo, provavelmente não vai acontecer contigo, pois nessa idade era para o Dante já ter morrido e metade dos guardiões também— começo a tossir por engasgar com o bombom.
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Rainha do Purgatório
RomanceElisa é uma demônia nascida no inferno, foi tirada de sua família quando tinha acabado de nascer para se tornar rainha de um dos lugares mais perigosos que já existiram. Ela vai ter que aprender muito até ser aceita como rainha, vai trilhar um long...