Rainha do Purgatório

Capítulo 11

Dante

Termino todos os meus deveres como guardião, volto para o castelo exausto de tanto lutar, minha rotina é sempre essa, lutar e defender esse lugar até minha energia acabar.

Vou até a cozinha ver se tem alguma coisa para comer, pois preciso criar mais energia, vejo Adam, Henri e Cristian comendo torradas com geleia ou requeijão, está de madrugada, todos acabamos nosso trabalho na mesma hora pelo que parece.

Me sento na cadeira  mal humorado, pego uma torrada e como com geleia, vejo Arina passar pela cozinha, quando ela vê a gente para e vem na nossa direção.

Arina —vocês são sempre tão mal humorados, poderiam dar um sorriso para amenizar a energia negativa que sempre está em volta de vocês.— diz pegando um vinho na geladeira, ela pega os copos e coloca para bebermos, não costumamos conversar muito, pois não temos tempo para isso.

Adam —eu me considero o ser mais feliz entre nossos irmãos, mas depois de ficar assinando papéis e cuidando da contabilidade o dia inteirinho posso dizer que é impossível sorrir.— diz sem expressão, todos nós estamos completamente cansados, todos teremos menos de 5 horas de sono antes de voltar ao trabalho.

Henri —sabe Arina, é fácil para você falar já que seu único trabalho aqui é cuidar do castelo, foi criada para ser esposa do nosso antigo criador, não sabe o peso de toda responsabilidade em cima de gente.— ele pegou pesado, mas no momento ele pode fazer isso, ficou lutando ao meu lado por boa parte do tempo depois de dar aulas de luta para pestinha.

Cristian —eu tô cansado como todos vocês, mas podemos só comer e beber em silêncio, não tô com cabeça para ouvir brigas.— diz bebendo um pouco de vinho,  mesmo sendo o mais calmo e responsável dá para ver o quanto está cansado e exausto, ser o chefe de guarda é um peso que ele não deveria cuidar sozinho, mas nós também temos um peso enorme em nossas costas,  cada um com um peso maior que o outro.

Arina —eu sei porque fui criada e sei o peso que vocês carregam nas costas, só estou tentando aliviar tudo, nossa jovem rainha está se esforçando ao máximo para aprender a lutar e a cuidar desse mundo, está lendo vários livros de economia também...— só vejo Henri interromper ela.

Henri —não estou tentando diminuir nossa rainha quando falo que ela nunca dará conta disso tudo sozinha, ela é só uma, mesmo nós 5 não conseguimos, nunca seremos libertos da nossa responsabilidades e duvido muito que ganharemos mais tempos para termos nossa própria vida.— só bebo o vinho enquanto olho para Arina.

Cristian —eu só quero saber uma coisa, como Dante consegue ser frio e mal humorado com todos nós, mas com a rainha consegue ter disposição para infernizar a coitada.— quando ele fala isso todos começam a me olhar, mas ignoro e só continuo a comer.

Adam —verdade né, Dante não costuma abrir a boca para brigar ou discutir conosco, mas com a rainha a disposição dele muda completamente.— olho para cara deles, mas vou até a geladeira e pego um pedaço de bolo de chocolate com morango da rainha.

Henri —tenho invejosa da disposição que ele cria para infernizar a rainha, ainda consegue ter energia para roubar o bolo dela mesmo sabendo que amanhã ela vai tacar ele da janela por isso.— sendo na cadeira e começo a comer, não estou com vontade de abrir a boca.

Arina —não está pensando em comer nossa jovem rainha não é?— pergunta me encarando.

—poderiam me deixar em paz por um momento né?— falo pois não foi eles que tiveram que enfrentar sozinhos mais de 600 inimigos.

Henri —você ainda pergunta isso? É óbvio.— diz olhando nossa irmã.

Adam —ele não trata nossa rainha como trata as ficantes dele.— por que eu virei o assunto?

Arina —não sei se é bom ou ruim ele ser o único que puxa assunto com ela sem ser por obrigação, já que vocês nem falam com ela, só dão bom dia e boa noite.— se pensar por esse lado é realmente estranho.

Henri —eu já cuido do treinamento dela, não tenho tempo para conversar, nenhum de nós tem, tirando você é claro.

Cristian —só quero saber o que o Dante quer com isso, virar rei? Se um de nós se casar com a rainha se torna rei, é isso que quer Dante?— isso nunca tinha passado pela minha cabeça, por que ele esta perguntando isso?

—eu não quero nada da Eliza, se costumo infernizar a vida da rainha é porque isso me dá algum prazer, mas não tem nada mais além disso.— digo ficando bravo.

Arina —alem disso séria extremamente errado, nossa rainha acabou de fazer 18 anos, não vou deixar ela pensar em casamento até completar no mínimo cem.— diz sentando na mesa.

Cristian —ela tem que aprender logo a como controlar o submundo, nenhum de nós aguenta mais todo esse controle.— só respiro fundo, pois lembrar disso me deixa irritado.

Não podemos abdicar das responsabilidades se não morreremos, fomos criados e logo depois amaldiçoados, tentamos de tudo para quebrar essa maldição, mas nada da certo.

Tento ao máximo me distrair para esquecer disso, mas ainda assim é impossível, minhas viagens para a terra só me dão a falsa sensação de liberdade.

Arina —vão dormir, logo irá amanhecer e os trabalhos voltarão.— diz se levantando, faço o mesmo, pois preciso levantar.

Acabo passando no quarto da rainha para ver se a desastrada fechou a janela dessa vez, tudo parece certo no quarto dela.

Vejo a rainha meio que gemer enquanto dorme, está tremendo um pouco, parece com frio, a coberta está no chão, provavelmente rolou bastante pois está tudo desarrumado. A cubro com um lençol tomando cuidado para não acorda-la, pois vai me tacar longe pensando outras coisas.

Fico olhando para seu rosto alegre e pacifico, a cama dela é a mais macia do castelo, essa cena está me dando sono. Só tiro minha blusa e deito na cama ao lado dela, coloco sua cabeça em meu peito e noto que está um pouco fria, coloco a coberta em cima de nós dois e a abraço para aquecer ela, provavelmente vai ter um mini infarto quando acordar, mas estou com tanto sono que não ligo para as consequências disso.