Capítulo 86

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Eliza

Tenho que admitir que o Dante ficou bem mais tranquilo que antes, isso é até estranho, pois estava bravo e com ódio de mim anteriormente.

Tive que assistir alguns interrogatórios sem tortura, pois sem provas não tenho o direito de torturar, tirando isso meu dia foi comum.

Dante está fazendo o trabalho dele sem reclamar, mas notei seu olhar para mim algumas vezes, não disfarçou e apenas sorriu de forma sarcástica como sempre fazia.

Alex —rainha, queria avisar que seu marido foi para a parte central do reino para lutar um pouco depois da viagem de volta, disse que voltaria logo, estava com um corte nos lábios e um hematoma na bochecha, provavelmente seu pai deve ter causado lá no inferno— acho que meu pai descobriu que consumamos antes daquela cerimônia que viu, deve ter se sentido enganado e descontado no Amon.

—obrigada por me avisar, não sei o que faria sem você, ruivinho— digo com um sorriso e ele abaixo o olhar meio sem jeito com o apelido.

Alex —Amon vai voltar logo, se quiser posso assumir seus trabalhos para passar um tempo com ele quando voltar, acabaram de casar, devem querer viajar em lua de mel — fico pasma ao ouvir essas palavras saindo de sua boca, não consigo conter a vergonha.

—vou ficar aqui até ele voltar, não precisa se preocupar, tenho muitas coisas a conversar com ele antes de viajar, o reino está em primeiro lugar— digo tentando manter a postura, mas ele apenas sorri.

Alex —eu estou feliz por você, Amon parece  colocar seu bem estar em primeiro lugar— queria que fizesse menos isso, sempre tenta me agradar, mas seria melhor se não fizesse.

—eu quero dividir minhas tarefas com ele, sim, mas está fazendo tudo sozinho. Quero acordar na mesma hora que ele, estar ao seu lado trabalhando— digo um pouco cansada de ver ele sempre tentando ser perfeito, não precisa ser, quero que seja ele mesmo.

Alex —deve dizer isso a ele, pois não vai conseguir ler sua mente, é assim que casais se resolvem— eu vou tentar, mas me falta coragem.

—obrigada pelo concelho, imagino que ficará melhor que seu pai nisso— digo sem notar, seu olhar mudou.

Alex —pai? Está se referindo ao Cristian?— eu tenho que aprender a galar minha boca.

—sim, ele era bom com concelhos, você o considerava pai, sinto muito dizer isso, esqueci completamente do que aconteceu, estou com tantas coisas na cabeça— falo e ele parece entender.

Alex —vou ajudar os guardas então, até daqui a pouco vossa majestade— diz se retirando, estou sozinha na sala do trono novamente, não realmente sozinha já que tem guardas em frente as porta e entradas para cá.

*****—buu!— quase dou um grito ao ouvir isso atrás de mim, quando viro apenas vejo Dante, pensei que ele tinha parado com essas palhaçadas.

—qual seu problema?! Esqueceu que sou a rainha e que sou ocupada?— pergunto um pouco irritada por causa do susto.

Dante —foi só uma brincadeira, se acalma, está muito estressada, quer que eu peça para trazerem um chá de camomila e maracujá?— pergunta com um sorriso, mas eu só fecho a cara.

—não, eu tô bem, quem não me parece bem é você que mudou do nada— digo e ele fica em silêncio e senta ao meu lado, no outro trono, quero nem saber o que Amon vai querer fazer com ele se ver isso.

Dante —é estranho pensar que a mulher que eu fiquei ao lado por tanto tempo estava me manipulando com sua saliva, pelo menos não foi desde o início, apenas quando fui visitá-la a última vez, pensou que me perderia e acabou fazendo isso— foi quando enviou minhas cartas para os meus pais, eu notei a mudança ao poucos, mas não sabia que era por isso.

—sinto muito, mas agora você voltou ao normal, pode voltar a sua vida de solteiro como antes, mas se quer um concelho meu, saia do trono do Amon, pois agora ele é meu marido e rei quando está ao meu lado. Não vai aturar você, pois nunca gostou de ti— só estou sendo sincera, pois não quero ver briga.

Dante —eu tinha esquecido que você realmente casou com ele... Não se arrependeu?— fico olhando para seu rosto por um tempo.

—não, ele é perfeito e se mostrou muito disposto a cuidar do meu bem estar— falo e ele faz uma cara de quem não acredita.

Dante —não te ameaçou nem mandou ficar fora do seu caminho?— faço um não com a cabeça.

—por enquanto estamos bem Dante, obrigada pela preocupação— falo normalmente.

Vejo ele se levantar do trono rapidamente ao escutar a porta ser aberta, vejo meu marido entrar, está um pouco suja de sangue por causa dos inimigos que matou,  cheirando mau também, mas tenho certeza que vai tomar banho logo. Fico feliz em saber que nunca revidou as porradas que meu pai dá nele.

Amon está olhando para Dante sério, provavelmente quer que ele se afaste um pouco de mim. Me levanto e vou na direção do meu marido, quero conversar com ele sobre muitas coisas, mas antes que eu possa abrir a boca ele me dá um abraço apertado que me faz me sujar inteira com o sangue vermelho e preto em sua roupa.

—me solta, eu vou ficar suja e fedendo— quando digo isso ele se esfrega mais em mim, consigo ouvir um som de suspiro vindo do Dante, talvez esteja enojado com a cena.

Amon —melhor assim, vai poder tomar banho comigo— diz me pegando no colo, só suspiro enquanto vejo ele me levar para fora da sala do trono, todos estão vendo essa cena o que me deixa com vergonha.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora