Eliza
Amon me coloca antes dos muros do castelo, pega uma capa branca toda emplumada, parece ser te alguém da realeza daqui.
—por que eu tenho que usar isso?— pergunto sem entender enquanto vejo ele também pegar um manto preto com mangas grandes, provavelmente para esconder as marcas em seu corpo para não saberem quem é.
Amon —você tem que ver pelos olhos do seu povo o que está acontecendo, parar de ser rainha por um dia vai fazer você abrir um pouco os olhos, talvez ver que existe mais traidores no meio dos seus guardas do que possa imaginar— diz colocando uma de suas mãos em volta da minha cintura enquanto caminha comigo em direção a um grande festival de vinho.
—não acha que está muito próximo de mim?— pergunto estranhando um pouco sua mão em minha cintura.
Amon —claro que não, somos noivos não é mesmo?— diz em um tom de sarcasmo.
—vai mesmo dizer isso toda hora?— pergunto olhando para o rosto dele enquanto entramos na multidão.
Passamos por várias pessoa, todas parecem estar forçando uma felicidade falsa, a maioria tem roupas de baixa qualidade, os que realmente parecem estar bem e verdadeiramente felizes são os burgueses.
Quando caminho com Amon ao meu lado reparei em vários grupos com um emblema estranho, nunca o vi antes, mas parece de um grupo ou reino.
Amon —boa parte do seu povo está contra você, princesa, deve saber disso em primeiro lugar, preferem outra pessoa governando do que você que até agora não mudou nenhuma regra que meu pai colocou quando começou a reinar o purgatório— diz de forma baixa em meu ouvido enquanto faz uma cócega em minha cintura me fazendo dar um pulinho de susto.
—qual o seu problema em ficar toda santa hora mexendo comigo?!— pergunto o olhando com um pouco de raiva, mas ele abre um sorriso convencido ao notar isso.
Amon —eu sei que você gosta, no fundo deve estar caidinha por mim— diz passando a mão em uma das mechas na frente do meu rosto, ele está com o corpo bem a minha frente, extremamente próximo de mim, estou tentando conter a vergonha, não quero que ele perceba que estou envergonhada.
—quem se apaixonaria por alguém tão duvidoso quanto você?— pergunto virando o rosto de forma orgulhosa.
Amon —a maioria das mulheres do purgatório, quando eu era um príncipe era tão cobiçado quanto o Dante— isso é uma indicativa de que é mulherengo.
—me chama de mimada, mas tenho certeza de que era igual, tirando que eu não sou uma princesa e sim uma rainha— a frase sem querer saiu em um tom de ignorância.
Amon —mas eu já era útil desde os 14 anos, virei o ser mais forte do purgatório com 18. Quais são as suas conquistas até agora além de ficar atrás dos guardiões igual a uma princesinha indefesa?— diz enquanto volta a me guiar pela cintura.
—quer tentar me humilhar, eu já entendi que..
Amon —você não entendeu, não se esforça o suficiente para melhorar, até procura tenho que admitir, mas age como uma criança na maioria das vezes. Eu entendo que não teve infância e não teve por onde amadurecer, eu também não tive uma infância normal e livre de regras, mas na sua situação não pode cometer nenhum erro— só fico em silêncio enquanto caminho ao lado dele até o que parece ser uma tenda de vinhos.
—por que me trouxe aqui?— digo enquanto o vejo se sentar na mesa se madeira.
Amon —eu vim beber e me distrair um pouco, aproveitar o festival, agora me dá o seu colar— diz diretamente olhando para o meu pescoço, tem um colar com um diamante bem bonito e brilhante, ele fica lindo na curva dos meus seios.
—eu não vou dar meu colar a você!— falo o olhando diretamente.
Amon —é só um colar que não tem nenhum valor emocional para você, me dá logo, uma rainha de verdade não liga para essas coisas, vamos, me prove que pode ser algo além de uma mimada— fico em silêncio por um tempo, mas coloco a mão no pescoço o destravo a tranca do colar, só pego entrego ele ao moreno.
—queria saber o que o colar tem a ver comigo?— pergunto me sentando no banco na frente dele.
Amon —na verdade nada, só queria o colar para trocar por uma demonstração de vinho— ele só pode estar brincando, é um colar de diamante, ele sabe o preço de um desses.
Só o vejo entregar o colar para um garçom enquanto olho para ele como se fosse o queimar vivo, talvez realmente não faça diferença pois eu tenho vários.
Vejo eles trazerem várias garrafas fechadas de vinho, tem até um de mil anos. Colocam duas taças de prata na mesa e deixam a gente sozinhos, estou conseguindo ouvir a felicidade deles em ter conseguido meu colar.
Amon —pare de mau humor, beba comigo— diz me olhando fixamente, ele parece animado.
—eu tenho 19 anos, não acho muito bom ingerir álcool nessa idade...
Amon —mas champanhe de marca deve beber, pare de ser chata, bebe só um pouco para provar— só acabo aceitando ao ver ele abrindo a garrafa.
—ele coloca um pouco em minha taça e enche a dele até a boca, por que eu tenho o pressentimento que ele conseguirá beber todas as garrafas dessa mesa?
(...)Eu bebi duas taças rasas de vinho e me sinto extremamente feliz e solta, mas ao mesmo tempo minha visão não para de rodar.
Amon
Não deveria ter convencido ela a beber, não tomou nem uma taça de vinho cheia e já ficou bebada. O engraçado é que fica extremamente fofa assim, o rosto está todo corado e não para de soluçar, o organismo dele é fraco a álcool, é bem diferente que mim que só começou a ficar afetado depois da quinta garrafa de vinho.
Pego a última garrafa e termino de beber para ir embora enquanto observo a rainha a olhar tudo como se fosse uma criança descobrindo o mundo.
—vem, vou te levar para casa— falo me levantando da mesa, noto que ela diz alguma coisa que não consigo ouvir, ela tenta se levantar, mas a vejo começar a tompar para o lado então a pego nos braços.
Caminho com ela assim, enquanto continuo a escutar alguma coisa incompreensível.
Aproximo meu rosto da boca dela para ouvir, mas sou surpreendido quando ela envolve seus braços e avança no meu pescoço me mordendo, está bebendo meu sangue com uma furia anormal, mas não dói, inclusive é até bom de se sentir.
Só faço carinho na cabeça dela, noto que ela para ao notar isso e logo depois esconde seu rosto em meu peito, provavelmente se deu conta do que fez.
Só amplio minha audição para ouvir o que está dizendo, está me deixando curioso.
(Eliza —se me trair eu mato e degolo você) Só abro um sorriso ao escutar isso.
—não precisa se preocupar ciumenta, no momento não tenho outra pessoa que eu queira.
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Rainha do Purgatório
RomansaElisa é uma demônia nascida no inferno, foi tirada de sua família quando tinha acabado de nascer para se tornar rainha de um dos lugares mais perigosos que já existiram. Ela vai ter que aprender muito até ser aceita como rainha, vai trilhar um long...