Capítulo 150

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Eliza

Preciso sair do meu reino para resolver assuntos burocráticos no lado do Dante, para ver se vamos cogitar unir a economia ou separar tudo completamente.

Eu acho que separar seja a melhor opção, eu não quero depender de mais ninguém, se é para eu ser rainha desse lugar que ele seja completamente meu. Que eu me sinta segura aqui, que seja meu lar, apenas meu.

—Naomi, será que o rei do outro lado vai estar lá?— pergunto, pois preciso me preparar para não surtar caso encontre ele, pois estragou tudo para mim, a última coisa que quero e ver ele.

Naomi —rei do outro lado? Está falando do Dante?— só concordo com a cabeça.

—eu não quero nunca mais falar o nome dele— digo terminando de assinar o último documento da pilha.

Naomi —você é uma rainha e ele um rei, vão precisar se encontrar sempre, o que vai fazer se isso acontecer, pois vai ter que falar seu nome e....— só me levanto da cadeira para me alongar um pouco depois de ficar tanto tempo sentada.

—vossa majestade, mi lorde, vossa excelência, sei lá, eu invento outros vocabulários se precisar—  ela apenas abre um sorriso como se tivesse achado graça.

Naomi —fica tranquila, talvez ele não vai estar lá, pois Cristian e Henri costumam resolver esses problemas para ele— que assim seja, pois eu não quero olhar para ele, pois sei que a vontade de mata-lo vai ser difícil de conter.

—pode trazer uma garrafa de vinho? Quero tomar um copo antes de ir— vejo que ela me encara por um tempo, mas apenas sai para pegar.
(...)

Não demora muito  para ela voltar com um copo de vinho na bandeja, ela ainda está me olhando da mesma forma que antes.

—sabe que eu não vou te punir se dizer o porquê desse olhar— acho que está me julgando em silêncio.

Naomi —olha minha rainha, sei que deve estar sendo muito difícil passar por tudo isso, mas você nunca foi de beber, tenho certeza que ainda consegue parar— a questão é que eu não quero, quando bebo minha mente se esvazia completamente, mas é apenas um ou dois copos, nunca mais que isso.

—é só um copo, Naomi, não irei ficar bebada— digo e ela apenas força um sorriso antes de sair.
(...)

Bato minhas asas com um pouco mais de força, pois quero chegar logo no castelo de norte.

Quando chego pouso no jardim e vou até a porta principal, não preciso dizer nada para o guardas abrirem passagem, eles apenas saem de frente da porta que se abre. Caminho para dentro sem muita presa de ir até a sala de reunião.

Quando chego em frente a porta respiro fundo, penso em bater e entrar, mas vou até uma janela atrás de mim por causa de um relâmpago extremamente auto, parece que vai chover e isso é ruim, muito ruim, pois eu vim voando e não posso voltar assim.

Preciso bater na porta e entrar na sala, preciso resolver logo isso, tenho que parar de ser tão negativa, talvez nem seja o Dante alí dentro, ele não é pontual e muito menos gosta de falar de burocracias, tudo que aquele idiota sabe fazer a usar força bruta e matar monstros.

Dou duas batidas leves na porta e espero alguém falar se pode entrar ou não, mas a porta apenas se abre devegar, sinto um perfume amadeirado, mas  que também tem aroma de vodka  o que me faz dar meia volta inconscientemente.

Dante —pensei que tivéssemos coisas para resolver em relação aos reinos? Onde está indo?— pergunta atrás de mim o que me faz me virar para ele.

—beber um copo de água, fiquei com um pouco de sede— falo tentando fazer a expressão mais neutra possível, ele está apenas me olhando, está apenas sério, inclusive seu cabelo está maior, provavelmente deixou crescer nesses dois anos, não tinha notado quando esse me sequestrou.

Dante —tem água aqui dentro caso precise, imagino que não queira ficar muito tempo perto de mim, então vamos resolver isso logo, Liza— ele não parece estar querendo me perturbar, está apenas sério.

—não era o Cristian que resolve esses tipos de trabalho?— pergunto e ele apenas respira fundo e entra.

Dante —ele está bravo comigo por algum motivo e está trabalhando como chefe de guarda como antigamente, Henri odeia de todas as formas falar de economia e coisas burocráticas, deixou claro que não vai trabalhar com isso. Resumindo, vai ter que lidar comigo, vamos resolver logo ou quer prolongar mais isso?—  só ignoro, pois senti que está me chamando de infantil.

—certo, quando mais rápido eu resolver, mais rápido volto para casa— falo entrando na sala, vou até a cadeira em frente a mesa dele e me sento.

Dante —vamos começar então— vejo que ele me entrega uma pilha de documentos que preciso assinar e concordar.

Pelo que parece vou precisar ficar muito tempo aqui dentro com ele enquanto leio.

Só respiro fundo antes de começar a ler e prestar atenção.

Eu não sei a quanto tempo estou aqui, mas estou ficando com sono de tanto ler, meus olhos até doem. Assino mais um documento antes de levantar a cabeça para descansar um pouco, acabo sendo direta de meus pensamentos ao ver Dante se levantar e ir até sua mesa, está servindo whisky, mas colocou dois copos em cima da mesa

Dante —deve ser difícil ler tudo isso, quer um copo para relaxar?— só olho para ele estranhando essa ação —não precisa me olhar como se eu estivesse fazendo isso por algum motivo estranho, se não quer é só falar— diz pegando o segundo copo para guardar.

—eu quero— falo, pois estou com um pouco de dor de cabeça, pois o efeito de vinho já sumiu.

Noto que ele está me olhando de forma estranha agora, acho que não pensava mesmo que eu iria aceitar.

Dante —certo..... Vai querer com gelo?— pelo tom parece estranhar.

—sim, com gelo e raspas de limão se puder colocar— falo sem olhar para ele enquanto volto a assinar os documentos e negar qualquer  possível negociação futura, quero apenas que meu reino seja completamente independente, não importa a dificuldade que eu tiver, irei passar por isso.

Só escuto Dante colocar o copo no meu lado, espero assinar mais um papel para parar um pouco se não vou esquecer e me desconcentrar, finalmente assino ele e paro um pouco.

Olho para o copo que Dante colocou para mim, whisky com gelo e raspas de limão por cima, o dele é apenas Whisky puro e quente, então realmente se preocupou em colocar gelo e raspas de limão porquê pedi.

—obrigada, majestade— falo e ele me olha fixamente por alguns minutos meio espantado.

Dante —majestade? Pestinha, eu sei de tudo que eu fiz, mas me tratar como se não nos conhecêssemos é meio cruel— ele quer mesmo falar de crueldade?

—eu te conheço, não dá para apagar isso, mas não sou obrigada a conviver com você ou fingir que somos amigos— digo pegando o copo de whisky.

Dante —nunca vai me perdoar imagino— seu olhar está nos meus .

—se eu dizer que te perdôo seria mentira, se quiser sair para fazer alguma coisa pode, irei ficar mais concentrada se sair— quando digo ele se levanta e sai.
(...)

Eu não sei quanto tempo eu fiquei assinando os papéis, mas está caindo uma tempestade enorme, inclusive as luzes estão piscando por causa da ventania.

Deixo a pilha de documentos ali em cima antes de sair da sala, minha visão está meio turva e voar em uma tempestade é perigoso demais.

Caminho pelo corredor e encontro Dante na cozinha, está comendo bacon com ovos, mas é de noite e isso é um pouco estranho, apesar de eu saber que ele gosta disso.

—eu não vou poder voltar nessa tempestade, vou ficar, está bem?—  eu não queria, mas não posso ser tão incompetente.

Dante —tudo bem, pode ir até o escritório e pegar a chave referente ao quarto que quer ficar, espero que tenha uma boa noite, Liza— diz e logo volta a comer.

Só saio da sala de jantar e vou até o escritório pegar a chave.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora