Capítulo 104

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Eliza

Eu não me entendo, por que não consigo ser matura o suficiente para encarar Amon e conversar sobre o que acabou de me contar?!

Tudo que sinto que consigo fazer é ficar nessa banheira enquanto tento me adaptar a esse novo fato, de que nunca teremos filhos juntos, nunca teremos filhos nossos, pelo menos acho que não.

Escuto batidas na porta do banheiro, sei que é Amon, que provavelmente quer passar um tempo aqui comigo e conversar sobre isso, mas não sei se deveria permitir, pois ele escondeu que era estéril desde o dia que inventou que iríamos nos casar.

Amon —cabritinha, sei que deve estar brava e abalada com isso, mas sei o quanto é difícil prender o que sente para si, eu não me importo se vai me culpar, me xingar ou dizer que me odeia por ter contado isso agora, mas é melhor que ter apenas seu silêncio— só respiro fundo e afundo minha cabeça debaixo d'água por alguns  segundos, quando volto apenas olho para a porta e abro ela com meu poder já que consigo fazer isso.

—entra— falo meio insegura sobre isso, apenas afundo um pouco mais na água deixando apenas meus olhos para fora.

Amon —me pergunto se é mesmo uma vampira e não uma sereia, pois sempre fica na banheira quando conversamos sério— ele tem um bom ponto, mas apenas me sinto confortável aqui, segura.

Só saio um pouco da água e olho diretamente em seus olhos azuis como diamantes.

—eu me sinto enganada, traída de certa forma. Você escondeu várias coisas que sabia que me fariam mudar de ideia sobre me casar contigo— falo, pois é a plena verdade.

Amon —eu sei que foi errado não dizer isso antes do nossa casamento, mas eu estava morrendo, Eli, eu estava desesperado, eu não queria morrer—  ninguém quer morrer, mas não temos muitas escolhas sobre isso.

—eu não consigo olhar para você, não queria estar conversando contigo agora, eu apenas quero um tempo Amon, longe de você— quando digo isso ele desvia o olhar para o chão.

Amon —não pretende fazer algo irracional não é?— como assim algo irracional? O que ele acha que irei fazer?

—eu não sou tão infantil ao nível de trair você por estar com raiva, pode ficar tranquilo, não vou dar motivos a você para ter razão em me matar— falo em um tom mais sério e ele olha para mim abismado.

Amon —cabritinh...

—eu nunca gostei de ser chamada assim então tem como parar, isso só me fez odiar mais meus chifres que nem são tão ruins quando pensei que eram— só fico um pouco arrependida por ter notado que perdi a paciência.

Amon —quando quiser conversar com calma vá ao outro quarto, estarei lá— diz de forma séria, antes de sair e me deixar sozinha.

—me desculpa.,..— falo mesmo sabendo que ele não estará mais aqui para ouvir.

Eu sei que isso deve ser bem mais doloroso para ele do que para mim, mas inevitavelmente ele acabou passando essa mesma situação para mim, pois mesmo eu sendo fértil eu não poderei engravidar.

Não é como se eu desejasse muito ser mãe, mas saber que não posso só me faz ter mais vontade e raiva de não poder.
(...)

Enquanto me visto penso em algo que minha mãe disse quando fui para o inferno pela primeira vez, disse que o futuro não me reservava filhos no momento ou algo desse tipo, ela sabia e não me disse, por que? É só o que quero saber.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora