Capítulo 127

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Eliza

Acordo sentindo uma briza fria em minha pele, abro meus olhos ainda sonolenta, pois tenho certeza que deve ser de madrugada, olho para a janela da varanda enquanto pisco os olhos. Está tudo em completo silêncio, mas consigo sentir o vento.

A cortina de cetim está voando como se tivesse vida própria inclusive, me levanto devagar, coloco meus pés no chão frio enquanto minha camisola não para de se mover com a briza. Eu tenho a máxima certeza que fechei essa janela antes de dormir.

Caminho para a varanda devagar e com cautela, olho a vista do reino que está completamente silêncioso e escuro, todos foram dormir pelo que parece. O silêncio me dá uma sensação de paz, mas também de solidão.

***** —a vista daqui é linda não é mesmo, pestinha?— acabo dando um pulo de susto ao escutar a voz dele, logo me viro me deparando com o sorriso brincalhão do Dante.

—qual seu problema? Deu para dar sustos agora?!— digo de forma séria, pois meu coração ainda está batendo como se eu fosse ter um infarto.

Dante —você se assusta fácil, hen. Só queria ver você, Amon disse que decidiu ir embora, imagino que seja apenas uma piada de mau gosto dele para me irritar ou algo assim— diz vindo para perto de mim e colocando o braço por cima do meu ombro.

—na verdade ele não mentiu, Dante, pretendo deixar o purgatório o voltar para o lugar que eu nunca deveria ter saído, do lar da minha família— digo tirando seu braço de cima de mim, pois não lembro de ter permitido esse tipo de intimidade.

Quando olho para seu rosto vejo que ficou sem expressão, mas logo depois olha para mim fixamente.

Dante —Eliza, pássaros voam de seus ninhos, nenhum filhote continua com os pais depois de crescer, e você não é um filhote é uma mulher adulta— não entendo o porquê de ter mudado seu tom de voz.

—eu sou uma mulher adulta, mas que não deve uma infância ou apego emocional e familiar, eu quero viver o que eu não vivi e eu vou fazer isso agora que finalmente posso. Não fique mal com isso, tenho certeza que vai encontrar outra para tirar a paciência, o Amon está aí, sei que adora irritar ele— falo com um sorriso e ele faz uma expressão de desgosto, acho que pela última parte.

Dante —você não pode ir embora depois de ter virado o purgatório de cabeça para baixo deixando Amon como rei— na verdade ele deveria estar me agradecendo por ter salvado a vida de todo mundo ao me casar com seu irmão.

—agradeça Dante, você estaria morto se minha escolha fosse você— digo olhando ao longe o nascer do sol.

Dante —você quis dizer literalmente?— acho que ele não está acreditando nas minhas palavras.

—sim, todos morreriam e eu seria igual a Eva, sozinha e sem ninguém, agora, se poder respeitar minha escolha eu ficaria agradecida— digo séria e ele se afasta um pouco.

Dante —então é isso, vai abandonar todos nós e esquecer que existimos? Você cresceu aqui Eliza, faz parte desse lugar, faz parte da família— só abro um sorriso debochado com a última parte, pois é muita hipocrisia dizer isso.

—ninguem nunca me tratou como parte da família, até mesmo a Arina me repreendia por chama-la de mãe, e você? Você me tratava como um estorvo, um problema! Falava que eu não era capaz de cuidar do purgatório, que você seria um rei melhor que eu, sabe Dante, existe coisas que não dá para esquecer— digo com um pouco de ódio e ele abaixa a cabeça.

Dante —se quiser que eu peça desculpas eu peço, estava errado e sei disso, tratava você como incapaz, mas era por causa da sua idade. Nunca fui acostumado a ter alguém mais importante que eu, sabe disso— só me viro, pois ele não podia ser tão burro para não entender o que eu sentia por ele naquela época, aquelas brincadeiras, as mulheres que ele sempre levava para o castelo para dormir com ele, até mesmo com a Maori ele dormiu, com minha serva de companhia.

—não precisa se preocupar Dante, Amon não pretende fazer nada com você ou com os outros, ele quer dar uma região a você, se tornará Duque da região e viverá como se fosse rei de lá, imagino que não a nada melhor que isso, não terá trabalhos excessivos e poderá sempre ver seus irmãos indo para a região deles, claro que terá sempre que declarar sua lealdade e vida ao Amon, mas vale a pena, ele é seu irmão não é mesmo?— quando termino de falar tomo um susto ao sentir ele me pegar nos braços de forma repentina.

Dante —não vai ir embora de jeito nenhum— Deus... Como ele é teimoso.

Só tento sair de seus braços, mas simplesmente não consigo, me pergunto qual o plano dele? Me segurar para sempre? Isso me parece uma ideia idiota para dizer a verdade.

Só olho para seu braço, abro minha boca e enfio as presas em sua pele o que faz ele me largar na hora, pois o fiz sentir dor, muita dor.

Caio de bunda no chão, mas ignoro e uso meu poder para tacar ele da varanda, só abro um sorriso ao ver ele ser lançado.

—bye bye, Dante— digo me levantando, volto para o quarto e tranco a porta de vidro com cadeado.

É uma droga que já tenha amanhecido, preciso arrumar minhas coisas.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora