Rainha do Purgatório

Capítulo 132

Amon

Estou sentado na cama enquanto pacientemente espero Eva terminar de pentear e prender meu cabelo, ela faz tudo em silêncio enquanto cantarola uma música que cheguei a escutar antes.

—por que gosta tanto de mexer no meu cabelo?— estou curioso sobre isso, pois parece gostar de certo modo.

Vejo que ela para de pentear por um tempo e me encara pelo espelho do quarto.

Eva —eu gosto de fazer penteados, além disso, seu cabelo é bem bonito e sedoso, seria um desperdício não cuidar dele direito— diz voltando a passar a escova em meu cabelo o puxando para trás, não demora muito para ela prender a parte de cima em um rabo de cavalo e deixar a debaixo solta.

—terminou imagino?— estou cansado de tanto ficar sentado.

Eva —terminei sim, está bem melhor agora— diz abrindo um pequeno sorriso.

—quer dizer que eu normalmente não sou bonito?— pergunto meio ofendido, pois parece estar me chamando de feio.

Eva —você é bonito Amon, tem um corpo maravilhoso também, mas se cuida-se do cabelo ficaria ainda mais lindo— só respiro fundo e aceito o elogio mesmo não sendo o que eu queria ouvir.

—acha que a Eliza um dia vai me perdoar por deixá-la? Pois o jeito que ela estava no jantar...— parece que vai me odiar eternamente.

Eva —Amon, eu não estou obrigando você a vir comigo, posso voltar para o meu mundo sozinha, estou acostumada a isso. Sobre a sua pergunta, não, ela provavelmente nunca vai de perdoar, até o dia que ficar madura o suficiente para entender que a escolha foi sua, e que fez isso por..— vejo que ela para de falar no final

—continua, fiz pelo que?— pergunto abrindo um sorriso enquanto espero ela terminar a frase.

Eva —...fez por amor— diz virando o rosto para eu não conseguir ver sua expressão ao terminar a frase, pois pelo tom de voz parece um pouco envergonhada.

Só envolvo minha mão em sua cintura e a puxo para meu colo deixando ela um pouco desorientada pela ação repentina, dou vários beijos em seu pescoço, mas ela apenas me joga na cama com seu poder.

—por que não me deixa nem te beijar?— pergunto um pouco magoado.

Eva —por que é desrespeitoso com a Eliza— isso é verdade, mas queria pelo menos poder ficar grudado nela para ter certeza que não a perderei novamente igual a milênios atrás quando simplesmente sumiu e me deixou apenas uma carta.

—não pretende ir embora sozinha e me deixar não é? Não quero perder você de novo Eva— quando falo isso ela apenas abre um sorriso.

Eva —claro que não, se fosse para fazer isso já diria na sua cara desde o início, agora vai lá se despedir da sua família, sei que não gosta muito deles, mas deve pensar que nunca mais os verá— não estou com um pingo de vontade de ver Dante ou Soleil, mas até que gostei um pouco dos outros guardiões, eles não são tão ruins quando imaginei que seriam antes de conhecê-los.

—não sei como me despedir da Eliza, eu também amo ela, mas sempre amei você antes de ela chegar a existir, não quero ver sua cara de ódio e pensar que a estou abandonando, a fazendo sofrer— digo enquanto olho para o teto indeciso.

Eva —não posso de ajudar muito nisso, pois mesmo nós sento a mesma pessoa somos diferentes, ela não pensa como eu e nem eu como ela, pois com certeza iríamos reagir de forma diferente a suas palavras, apenas diga o que quer falar, será melhor assim.

—quando eu ir embora, será que ela vai ficar com o Dante? Pois pelo que parece você também o prefere— vejo que ela me encara sem acreditar muito em minhas palavras.

Eva —eu levo o que eu sinto por ele como um amor de adolescência, pois sei que ganharia chifres e aí tentaria castrar ele por isso. Fica tranquilo no meu mundo será apenas eu e você.

Eliza

Só fico andando de forma impaciente pela sala do trono, pois o rei está novamente atrasado.

Naomi —Eliza, para um pouco de andar em círculos, parece até que pisou em um formigueiro—  diz normalmente, mas estou ansiosa e não consigo ficar parada.
(...)

Depois de algum tempo vejo Amon aparecer com Eva ao seu lado, ele parece calmo, olhou diretamente para mim, mas logo se dirigiu para a parte do trono.

Vejo ele se virar em nossa direção e respirar fundo antes de pronunciar algo.

—irei embora hoje, por isso espero que cuidem bem desse lugar, não vou sentir saudades de alguns para ser sincero, mas até que foi bom conhece-los— diz e logo depois instala os dedos fazendo o livro de regras aparecer.

Todos observamos Amon a pronunciar algo que leu no livro que faz a jóia sair de seu peito, logo depois pronuncia outra coisa, todos vemos a jóia partir em duas e depois se moldar para bolinhas redondas.

Amon pega as duas jóias e desce para o salão onde todos estamos, está vindo na minha direção, mas simplesmente viro o olhar.

Está bem a minha frente, pois consigo ver seu sapato preto.

Amon ~Eliza, sei que está brava comigo e tem todo o direito disso, pois um homem que te ama de verdade deveria escolher você, por isso tenho certeza que encontrará alguém mais digno de você que eu, mas não minto quando digo que te amo— diz em meu ouvido como um sussurro que só eu posso ouvir.

Sinto quando ele abre minha mão e deixa a jóia em minha palma..

Amon —essa jóia é sua como metade do purgatório também é, seja a rainha que nasceu para ser cabritinha— diz levantando meu queixo e beijando minha testa antes de se afastar, sinto uma lágrima escorrer do meu olho, mas a seco rapidamente para ninguém ver.

Vejo que ele para em frente ao Dante fazendo todo mundo na sala encarar ele incrédulos, pois sabem que odeia ele.

Dante por outro lado está paralisado e sem acreditar.

Amon —eu não gosto de você e nem nunca vou gostar, mas é meu irmão e por isso tem direito ao trono, e eu vou ser justo por causa disso. Melhor não causar problemas a Eliza e nem inferniza-la, tem outros irmãos para isso— diz estendendo a mão deixando a jóia cair na palma da mão do Dante.

Logo depois volta para o trono e pronuncia algo que faz a jóia entrar dentro do nosso peito.

Amon —podem ir— diz enquanto olha para mim enquanto todos se retiram, me viro para ir embora também, pois pelo que parece quando entrar aqui novamente não estará mais aqui.

Adeus Amon....