VIOLA - V de Vingança

O velho estilo de papel de jornal

Evey estava sentada sozinha na sala principal, o brilho da tela do computador iluminando seu rosto. A Galeria ainda estava escura da noite que acabava de passar, os únicos sons sendo curtos, os estrondos matinais do mundo acima, e os movimentos distantes de seu companheiro, tomando banho no banheiro no final do corredor.

Ele provavelmente pensou que ela ainda estava na cama. Na verdade, normalmente ela estaria pegando mais algumas piscadelas depois que ele saiu silenciosamente da sala. Foi assim que V garantiu que sua própria apresentação pessoal fosse limpa e organizada para o dia. Especialmente antes que ela pudesse vê-lo, especialmente antes que ela pudesse ver algo que não deveria. Tornou-se o caminho padrão das coisas.

Esta manhã, porém, a mente de Evey estava girando muito rápido para dormir. Seus sonhos foram preenchidos com lembranças de seus pais, pensamentos e comentários de seu companheiro, e algumas imaginações especialmente intensas onde os dois se misturaram. Ela tinha visto sua mãe se preocupar com o homem mascarado por quem Evey foi atraída, então deu um suspiro inconsciente de alívio quando seu pai restabeleceu a paz. Ela riu quando sua mãe invadiu seu escritório CPD e exigiu que Evey terminasse seu mingau de aveia, então chorou com profunda emoção enquanto seu pai relia seus primeiros manuscritos, apenas para perceber que ele estava escrevendo sobre V o tempo todo. Aquelas visões noturnas tinham esgotado o suficiente, deixando-a quase mais exausta agora do que quando tinha ido para a cama.

E então houve aquele sonho particularmente surreal, quando um senhor mais velho apareceu em seu apartamento.

Ele ficou parado em silêncio na porta da cozinha, com as mãos cruzadas educadamente na frente de si mesmo. A forma como ele entrou em seu apartamento foi apenas um daqueles truques de mágica que vêm dentro de um sonho, e ele a assustou muito no começo. Ele olhou tão intensamente para ela, observou cada movimento dela e não se encolheu nem um pouco quando ela ameaçou se defender. Isso a lembrou de seu companheiro, e ela quase tocou o homem estranho, imaginando se este era o homem de verdade por trás da máscara.

Então ela percebeu que, de certa forma, era. Era seu pai, e os dois compartilhavam qualidades tão profundamente arraigadas que nem mesmo Larkhill foi capaz de despejá-las.

Houve o desafio e a determinação de V, desta vez em um homem que não deu a mínima ideia de reação. Nem para ela, nem longe dela. O homem só tinha estudado, apenas observou e mediu a garota diante dele.

Depois dessas imagens em particular, ela acordou à beira das lágrimas, e sobre algo que ela particularmente não queria discutir com seu companheiro. Ele estava dormindo pacificamente atrás dela, seus braços em volta de sua cintura e a máscara filtrando sua respiração em sua nuca. Se ela dissesse alguma coisa, ele poderia olhar para ela da mesma forma que seu pai tinha feito. Observando-a, e tentando determinar se suas estranhas fantasias deveriam ser confiáveis.

E ela conhecia a cura, mesmo enquanto a adrenalina fluía por seu corpo adormecido. Tentou corrigir o problema enquanto ainda estava na terra dos sonhos, tinha tentado suavizar as coisas com aquela "preocupação" silenciosa, fixa e crítica, encarnada no fundo de sua psique.

Ela precisava falar com o senhor mais velho. Precisava tranquilizá-lo, precisava provar a si mesma, além até mesmo daquela grande imagem que ela apresentava para Londres. E ela desejou mais do que nunca a habilidade de seu próprio pai com as palavras.

Então o que ela está fazendo agora? Lá fora, na interligação, antes mesmo de o sol nascer sobre o mundo acima? Isso é exatamente o que V queria saber também, quando a encontrou digitando suavemente no teclado do computador.

—Evey?— ele perguntou, fazendo sua pobre senhora praticamente pular. Era como se as sombras pudessem esconder o som de seus passos tão bem quanto escondiam sua pessoa, isso era mesmo possível?