VIOLA - V de Vingança

Nenhum poderia, é claro

—Exatamente quantos anos você tem, minha querida?—

V tentou o seu melhor, com a mão sobre o coração, não para soar muito sarcástico ao fazer a pergunta. Mas foi uma visão tão divertida que ele encontrou, ele realmente não pôde evitar.

Recém vestido para o dia, ele se encostou na porta da sala de estar principal, os braços cruzados e a cabeça inclinada como se para acentuar aquele sorriso de Guy Fawkes. Evey estava a alguns metros de distância, agachada ao pé da árvore de Natal, sacudindo um presente embrulhado em papel alumínio enquanto ouvia atentamente qualquer som revelador.

—Vinte e oito— ela respondeu sem hesitar. Não largou a caixa, porém, semicerrando os olhos em uma carranca fingida enquanto se concentrava. —E você preencheu isso muito bem. Você deveria permitir pelo menos uma pequena dica. Torna isso mais esportivo—

V riu e entrou na sala. —Minhas mais profundas desculpas. Vou levar isso em consideração para o próximo ano. Talvez um punhado de bolinhas de gude em cada caixa possa entretê-lo melhor?— Ele estava brincando, mas na verdade, apenas inchou seu coração usar frases tão casualmente como 'próximo ano'. A cada temporada passada, ele sempre esperava que houvesse a próxima. Este ano, finalmente, ele não teve dúvidas. Sim, ele ficaria encantado em adicionar algumas bolinhas de gude às caixas 'no próximo ano'.

—Muito engraçado— ela sorriu, levantando-se em toda a sua altura. A caixa foi deixada sob a árvore, um presente muito melhor agora atravessando a sala para encontrá-la. —Feliz Natal— ela sussurrou, deslizando em seus braços.

—Feliz Natal, amor— ele retornou, recolhendo-a. Ela estava vestida apenas com seu pijama aqui nesta manhã de dezembro, e as mãos de V se estenderam em suas costas em defesa contra o frio rastejante. Como ela devia estar ansiosa para sacudir aquelas caixas, ele não resistiu a uma última provocação. —Mas diga-me, eu deveria estar surpreso que você pelo menos esperou até que eu deixasse nossa cama, antes de correr para cá em sua busca urgente?—

Evey olhou para cima com a expressão mais tímida. —De jeito nenhum. Você ganha do Papai Noel qualquer dia—

Isso provocou sua risada, e ele deu-lhe outro aperto. —Venha— ele persuadiu, pegando a mão dela. Ele se abaixou para pegar as duas caixas embrulhadas em verde, bem como uma listrada de ouro que ela havia deixado para ele, então colocou as três e sua amada no sofá.

Ela cruzou as pernas e pegou os pacotes no colo, ansiosa para ver o que seu companheiro havia lhe dado. Na verdade, com o que ele estava brincando com ela por dias. Mas ela se encontrou esperando ainda mais longos minutos enquanto ele inexplicavelmente caminhava para o outro lado da sala. Lá, ele alcançou uma prateleira alta, movendo um vaso antigo para revelar uma terceira caixa verde embrulhada.

—Escondendo de mim, não é?— ela brincou enquanto ele entregava aquele presente para ela também.

—Eu temo que uma resposta apropriadamente diplomática me escapa— ele se desculpou, então se sentou, virando-se para encará-la. —Vou simplesmente dizer que amo e aprecio sua curiosidade natural—

Evey riu. —Boa defesa—

—Abra a sua, amor— ele pediu, levantando a que estava marcada para ele e colocando-a na mesa de centro. Era a reação de sua companheira que ele realmente esperava. Seu dedo bateu na caixa que ela estava sacudindo minutos antes. —Este primeiro—

—Ok— ela sorriu, seus olhos se demorando na máscara, imaginando exatamente o que motivou toda aquela brincadeira na voz dele.

Ela balançou a caixa mais uma vez, inteiramente para causar efeito enquanto lançava a ele um olhar travesso, então rasgou o papel alumínio e removeu a tampa. Dentro havia tecido preto dobrado, com vermelho escuro aparecendo por baixo.