—Eu não vou olhar, Evey— V prometeu com a maior sinceridade. —Manterei meus olhos fechados e desviados, pelo tempo que você precisar—
A dupla estava na sala principal da Galeria, tendo um certo impasse neste dia antes do Natal. Evey estava teimosamente posicionada entre seu companheiro e uma mesa sobre a qual estavam empilhadas várias caixas de papelão. V, entretanto, assumiu uma postura muito mais queixosa, com a cabeça baixa como se estivesse pedindo, uma mão levantada expressivamente enquanto ele defendia seu caso. Do outro, pendia um lenço de seda preta.
Simplificando, embora Evey tenha apreciado sua ajuda para carregar essas caixas pesadas até sua casa, ela não precisava mais de sua ajuda. Ou sua curiosidade. Pelo contrário, ela preferia que ele não visse, e não soubesse, nada das suas próximas atividades. Daí o lenço, que ela estava solicitando que ele usasse como venda.
Dentro dessas caixas estava o presente de Natal de V. Ele existia atualmente em muitas peças, não apenas porque não haveria maneira de transportá-lo de outra forma, mas também porque... bem... muito dele era previsto para estar em muitas peças, por sua própria natureza. E agora ela queria tirá-lo, configurá-lo e surpreender seu companheiro, enquanto simultaneamente mantinha um olho nele e os olhos dele longe de dela.
Ele estava tentando muito, muito mesmo evitar a venda.
—Hmmmm— ela respondeu. Pelo menos ela sorriu enquanto sua cabeça balançava negativamente. —Eu sei o quão curioso você pode ser. E outra coisa— o sorriso dela se transformou em flerte —o que é isso que você está sempre dizendo? Sobre eu 'desenhar seus olhos'? Eu não posso ter você' acidentalmente' olhando para o que estou fazendo—
V soltou um suspiro. —Você não confia em mim?— ele perguntou, esquivando-se de seu ponto reconhecidamente válido e, em vez disso, tentando simular uma ofensa. Sua cabeça baixou tristemente, a ilusão arruinada apenas pelo sorriso vertiginoso de Fawkes —Depois de todos esses dias, e de todos esses anos compartilhados, você ainda não confia em mim?—
Com isso, ela se esticou mais perto, tentando-o com um beijo que mal foi contido pela máscara, uma provocação para o homem que ela sabia estar em pé de igualdade com ela. —Eu confio minha vida em você— ela assegurou, fingindo sua própria surpresa por ter que afirmar o óbvio. —Com meu coração. Com meu corpo, e até com minha alma. Mas não, não confio em você para não espiar—
Frustrado, mas não derrotado, ele recuperou a compostura e tentou outra abordagem. —Eu poderia sair da sala— ele sugeriu. —Vá para a cozinha ou para a área de treinamento, onde eu poderia ficar bastante feliz até que você me resgate?—
Infelizmente, ela também tinha uma resposta para isso. —Sabendo o quão bom você é em escapar das esquinas?— ela rebateu. Ele estava tentando muito evitar isso e, admito, isso só a fez se esforçar ainda mais. —Ou eu preparo isso agora, enquanto você usa aquela coisa— ela bateu de brincadeira no lenço —Ou, eu poderia fazer isso hoje à noite, quando tiver certeza de que você está dormindo. Mas aposto que Papai Noel não gostaria disso—
Na noite anterior ao Natal, passou sozinho na cama enquanto sua companheira fazia algum tipo de construção na sala? —São Nicolau não gostaria?— V repetiu. —Eu não gostaria disso— Então outra respiração, está em derrota final, expressando mais através daquela máscara do que qualquer palavra jamais poderia —Tudo bem, amor— ele finalmente concordou —Eu farei isso desta vez—
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Vinte minutos depois, Evey estava trabalhando duro. Ela tinha a base unida, as pernas unidas e agora trabalhava no pilar de sustentação. A construção mais sólida é sempre feita do zero, certo? Bem, esse era o plano, e ela ficou muito satisfeita com o quão bem tudo estava indo.
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VIOLA - V de Vingança
RomanceUm ano e meio se passou desde que o Parlamento caiu no dia cinco de novembro, e Evey Hammond viu V pela última vez. Agora, um ataque rebelde ao Departamento de Preservação Cultural de Evey trara à tona aquele que antes era considerado perdido. . Cap...