VIOLA - V de Vingança

Sombreado um pouco de violeta

Embora não tenha sido a primeira vez que Gordon e Christian receberam V em sua casa, aquele 4 de novembro foi certamente a primeira vez que eles receberam mais de um V. Trinta e quatro deles, para ser mais preciso, todos se misturando e socializando nas áreas de estar do primeiro andar.

A primeira festa da Véspera do Quinto, e até agora, o evento estava indo de forma absolutamente sensacional.

A convidada de honra proclamada não era outra senão a própria Evey Hammond, princesa da revolução e uma das poucas pessoas que realmente não estava fantasiada. Mal sabia a maioria das pessoas, no entanto, que o verdadeiro convidado era na verdade seu acompanhante. V. O homem mascarado original, em oposição aos que meramente se mascararam nesta noite de celebração.

No momento, Evey estava em outra sala, conversando com Gordon enquanto ele cuidava do bar. Seu estilo e humor habituais eram o ponto alto de qualquer festa.

V ficou com Christian, agrupado entre um pequeno grupo de imitadores. Mantos pretos, chapéus pretos, perucas pretas e máscaras Fawkes brancas e nítidas cercavam completamente o herói revolucionário. Embora uma festa à fantasia em Londres tenha sido, reconhecidamente, sua ideia desde o início, uma ferramenta para unificar as pessoas em sua marcha no Parlamento, ainda assim, anos depois, permaneceu totalmente surreal estar tão imerso nele.

—Ei, vamos nos encontrar amanhã— um dos outros convidados se dirigiu a V durante uma pausa na conversa. —Veja se podemos encontrar uma fantasia melhor para você—

A cabeça de V se ergueu, e ele tentou decidir se estava mais perplexo, horrorizado ou ofendido. —Com licença?—

—Eu odeio ser o único a dizer a você— continuou o estranho, —mas acho que você foi enganado por uma imitação— Então ele estendeu a mão com uma coragem que poucas pessoas já demonstraram e esfregou o tecido da capa de V entre os dedos. V olhou para baixo, calculando exatamente quantos segundos seriam necessários para recuperar uma adaga escondida de sua bota e esfolar a mão ofensiva, mas não agiu mais. O pobre homem não sabia, e nem V queria causar uma cena. A expressão no rosto de Christian, no entanto, era impagável.

—Posso assegurar-lhe— respondeu V, —que o artesanato é totalmente superior—

—Ehhh, eu não sei sobre isso— o estranho discordou, mas pelo menos ele tirou a mão da pessoa de V.

—Aposto que é uma das versões do mercado negro— disse outro convidado, também escondido atrás de uma máscara. —Havia um artigo no noticiário sobre isso na outra noite. É o aumento da popularidade, você sabe. Quinto aniversário do Old Bailey e tudo mais. Oferta e demanda—

—Oh, eu concordo— Christian entrou na conversa. E o olhar que ele deu a V deixou bem claro que provocar a situação única de seu amigo seria um prazer absoluto. —Você sabe, provavelmente é da China— Ele apontou sua bebida para V, parecendo totalmente sério. —Se eu fosse você, eu verificaria as costuras. Aposto que você encontrará uma etiqueta 'Made in China'. Confiscamos dois vagões de capas importadas ilegalmente, apenas um mês atrás—

Foi o sorriso eternamente pateta de Fawkes que Christian recebeu, embora soubesse que o homem por trás estava exibindo uma expressão muito mais sarcástica. Não importa, apenas um pouco de diversão entre bons amigos.

—Ou talvez o povo da China esteja planejando sua própria revolução— comentou o primeiro estranho, em parte brincando, mas ainda em parte sério. —Eu certamente estaria atrás deles. Talvez eles também usem essas máscaras. Só podemos esperar—

—Sim, mas certamente eles não usariam um ícone britânico— V interrompeu. De alguma forma, a conversa estava se tornando cada vez mais boba, e ele simplesmente teve que se conter. —Eles têm seus próprios cidadãos corajosos para usar como inspiração. O cavalheiro que se colocou na frente de um tanque, talvez. Na revolta de Tiananmen de algumas décadas atrás—