VIOLA - V de Vingança

Me pergunte de novo

AVISO: Esse Capitulo contém conteúdo adulto (menção a sexo) caso não gostem esse tipo leitura, por favor não leia

Por que, oh, por que ele olhou? Um momento de retrospectiva em que V se castigou completamente.

Ao retornar à Galeria, ele decidiu prontamente que a sujeira do plantio de árvores não era o elogio mais propício à noite maravilhosa que ele esperava continuar com sua companheira. Então ele se retirou para seu quarto para se refrescar um pouco. Um banho rápido, algumas roupas limpas, tudo acelerado por seu desejo de se reunir com Evey, e ele finalmente se considerou pronto para ir para a cama deles.

Como parte do ritual, substituir a peruca e a máscara era uma segunda natureza. Algo que ele poderia fazer com as mãos amarradas nas costas. Bem... figurativamente falando. Não havia necessidade direta do espelho que ficava acima de sua penteadeira. Ele havia ajustado esses acessórios milhares de vezes e raramente exigia que seu reflexo o fizesse.

Mas algo o fez olhar.

Algo persuadiu seus olhos, e ele se arrependeu imediatamente.

Seu rosto real, uma massa de cicatrizes, penhascos e fendas, exigia totalmente sua atenção, olhando para ele de uma forma quase provocadora. E uma vez que o tivesse, não havia escapatória. Saindo das últimas duas horas, cheias de momentos lúdicos curtindo a companhia de sua companheira, sussurros tranquilos e outro daqueles beijos maravilhosos, do tipo que ele jurava sentir nos lábios por dias, esse súbito reflexo da realidade abalou ele de forma bastante adequada. Ele simplesmente não conseguia desviar o olhar.

Aquela... aquela imagem no espelho... era o que acabara de pressionar o rosto de Evey Hammond.

E isso o prendia ao próprio ar.

Por trás da máscara, a verdade real geralmente era fácil de ignorar. Mesmo na escuridão total, ele poderia lentamente ser empurrado para o fundo até que se tornasse quase tão 'ausente' de sua mente quanto a luz perdida, especialmente quando os dedos de seu amor envolveriam sua cabeça para acariciá-lo e guiá-lo. Pensamentos muito mais primitivos sempre pareciam dominar então, sufocando qualquer oportunidade de insistir na realidade da situação.

Mas no espelho... lá estava ele em todos os seus horríveis detalhes. Algo ou alguém, quase estranho, pelo qual ele admitia ter uma pequena pontada de animosidade. Como se fosse seu dever defender sua amada contra 'aquele estranho intruso'.

Não é de admirar que ele nunca tenha sido um grande fã de espelhos.

Ele podia sentir a descida, o ar chiando para fora de seu balão, e não podia fazer absolutamente nada para detê-lo. Tudo o que ele podia fazer era olhar.

E bem na hora certa, aqui veio aquela parte velha e rebelde de seu cérebro, rastejando ao lado dele e apontando com quase uma alegria zombeteira que aquilo era o que ele estava infligindo a sua companheira, baixa nas últimas semanas. De fato, há pouco tempo, naqueles túneis, aquilo havia tocado a mulher que ele amava.

Nessas circunstâncias, enquanto sua cabeça girava em todas aquelas direções circulares, até mesmo suas luvas eram questionadas novamente. No momento, eles seguraram a máscara... congelada... incapaz de levantá-la até o rosto por minutos a fio.

Devem eles ainda sair hoje à noite? Essas luvas? Ele sabia o que havia lá embaixo também, e de repente não parecia mais tão aceitável.

Por que, oh, por que ele olhou? Fazer isso apenas recomeçou a velha discussão entre corpo e cérebro. Tão básico, mas tão formidável.