—Então, quando devo saber?— V perguntou, naquela noite, enquanto ele e Evey passeavam pelas sombras do Regents Park. —Qual é o mistério que você planejou?—
Evey riu, orgulhosa de si mesma por tê-lo deixado perplexo por mais de uma hora. Deslizar algo para este homem não era a coisa mais fácil do mundo, e mais de uma vez ela o pegou tentando espiar a mochila que pendia de seu ombro, ela se apaixonou por sua insistência cavalheiresca de que ele deveria carregá-la. Então ele o sacudiu convenientemente, ouvindo o barulho do conteúdo. Ele era astuto, isso estava claro.
—Quase lá— ela respondeu, desembaraçando seus dedos aos dele e contornando uma fileira de árvores. Ela esperava que ainda estivesse aqui. Mas, novamente, quem em sã consciência roubaria uma muda? E quando chegaram à sua pequena surpresa, ela a anunciou com todo o talento inerente a uma das palavras favoritas de seu companheiro. —Voilá!—
V parou a poucos metros dela. Lá no chão havia uma pequena árvore, com não mais de um metro de altura, com suas raízes enroladas em uma bola de estopa profissional. Ele tinha que admitir, o que quer que ele estivesse esperando, ele não esperava isso.
—O Departamento de Estudos Ambientais está lançando uma nova iniciativa— explicou ela —encorajando as pessoas a plantar árvores nesta temporada, um sucesso este ano ainda, mas esperamos que pegue— Seu sorriso cresceu com antecipação. —Eu pensei que você poderia aprovar—
V assentiu pensativamente, o sorriso de Fawkes combinando com o seu. —Eu realmente aprovei. Vamos ter muitos bordos e nogueiras e carvalhos escarlates. Uma aldeia não está completa, a menos que tenha essas árvores para marcar a estação—
Evey riu e esfregou uma das folhas da muda entre os dedos. —Bem, infelizmente não é carvalho 'escarlate'. É um carvalho inglês. Todo mundo no governo está ganhando um como parte da promoção—
—É um gesto adorável— ele concordou. —Sim, já é hora de dissipar a fumaça do fogo nórdico—
A cabeça de Evey se inclinou, sua expressão ficando melancólica. —Você não entendeu, não é?... É uma árvore, V. É a sua árvore. Como Dantes—
A máscara pode ter atrapalhado, mas ela praticamente podia sentir os olhos dele se arregalarem quando a compreensão a atingiu.
—Há muito tempo— ela continuou —você disse que não tinha nenhuma árvore esperando por você. Mas você tem... Você já tinha, mesmo que não acreditasse—
Ele ficou, por mais de um momento, sem palavras.
Ela estava dando a ele uma árvore.
E não qualquer árvore, mas a árvore dela. Um símbolo de seu conforto e amor, os mesmos tesouros que Mercedes uma vez deu a Dantes. Algo que cresceria e se fortaleceria. Algo que algum dia reivindicaria o poder das eras, muito depois que a maioria dos homens tivesse se livrado de seu invólucro mortal.
Um momento enquanto tentava engolir.
Então ele se aproximou, recuperando os dedos dela de sua inquietação nervosa com as folhas, dobrando-os dentro dos seus. —Obrigado, Evey— ele falou em voz baixa. —Eu não...
As palavras falharam com ele, sua mente ainda lutando para digerir um conceito tão maravilhoso.
—Sim, você tem— ela respondeu com encorajamento gentil, preparada para afastar qualquer dúvida que o estivesse provocando no limite de seus pensamentos. —A palavra 'não' é tão errada para você. Eu odeio ouvir você usá-la. algo tão simples como uma árvore—
Sua voz continuou a se revoltar contra ele, assim como seus pulmões. Então ele levou a mão dela até sua garganta, colocando-a sob seu queixo, aquele ponto onde tantos de seus beijos sempre pousavam. Ela seria capaz de sentir até a formação dessas próximas palavras.
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VIOLA - V de Vingança
RomanceUm ano e meio se passou desde que o Parlamento caiu no dia cinco de novembro, e Evey Hammond viu V pela última vez. Agora, um ataque rebelde ao Departamento de Preservação Cultural de Evey trara à tona aquele que antes era considerado perdido. . Cap...