VIOLA - V de Vingança

Mais que isso

AVISO: Esse Capitulo contém conteúdo adulto ( menção a sexo) caso não gostem esse tipo leitura, por favor não leia.

Três vezes eles assistiram novamente à entrevista de Evey, reproduzindo-a em toda a sua glória gravada. Bem, na verdade apenas duas vezes. Mas então ela pegou o controle remoto, convenientemente voltando mais uma vez para assistir a si mesma emitir aquela frase fatídica.

E a cada visualização, Gordon parecia um pouco mais engraçado em sua confusão. Os assobios do público morreram um pouco mais ao fundo. E ela mesma parecia um pouco mais calma. Não mais arriscar tudo testando as águas, mas simplesmente, serenamente, afirmar a verdade.

Engraçado como poucos minutos podem anunciar uma mudança de percepção tão dramática.

—Você vai ficar para o fim de semana, é claro— V falou, apertando sua companheira onde ela se enrolou contra seu lado. Também era uma declaração simples e serena da verdade. Certamente não é uma pergunta.

—Oh, sim, eu vou— ela concordou seguramente.

Seu sorriso combinava com o da máscara, e ele olhou para ela, as próximas palavras vieram com uma confiança felizmente fácil. —E é claro que irei me juntar a vocês esta noite—

Evey riu, então refletiu suas palavras de forma diferente. —Oh sim, você vai— E enquanto ele tentava desligar o aparelho, ela ficou de joelhos, rastejando centímetro a centímetro mais perto. Ela era temporariamente mais alta que ele, nessa posição, e achou a inversão divertida.

A televisão apagou, V jogou o controle remoto cegamente longe, então olhou para ela com esperança e antecipação.

Pelo menos, foi o que ela pensou que fosse. Algo que, depois de todo esse tempo, e depois de uma noite tão significativa, ela teria gostado de ver em seus olhos. Mesmo apenas experimentando em seu rosto.

—V?— ela perguntou com cuidado, sabendo que seu próprio tom de voz provavelmente o preocuparia desde o início. —Posso te perguntar uma coisa?—

—Você pode me perguntar o que quiser— foi sua resposta automática, suas mãos pousando em volta da cintura dela. Quão forte era o desejo de simplesmente derrubá-la sobre si mesmo. Ela não deveria estar tão longe, deveria? Mesmo apenas alguns centímetros. Agora não. Absolutamente não agora.

—Podemos ... posso te tocar esta noite? ... Nem que seja só um pouquinho?—

Verdade seja dita, a princípio nem se registrou na mente de V como a pergunta que realmente era. Já fazia algum tempo que, se ela passasse a noite na Galeria, as preciosas horas seriam passadas confortavelmente juntas. Rara era a noite em que ele não a tocava como só seu companheiro faria, e rara era a noite em que ela não o recebia em seus braços.

Sua segunda pele estava tão profundamente arraigada em sua psique, tão completamente que ele aprendeu a tratar sua maciez suave como sua própria, que levou um momento extra para perceber que não era o que ela realmente queria dizer. 

Felizmente, para a sanidade de ambos, isso era um fato que ela havia deduzido há muito tempo. E ganhar seu caminho não foi pouca coisa.

Ela teve vislumbres suficientes nos últimos meses, que ela começou a se familiarizar com o 'verdadeiro' V. Não que ela realmente contasse a ele. Que ciclo terrivelmente auto-realizável se tornou. Ele temia tanto a reação dela ou pior ainda, a mudança que isso poderia causar na forma como ela olhava para ele, mesmo durante o dia, que ele negou a ela até mesmo a menor oportunidade de provar que ele estava errado.

E o final tinha que ser a simples mudança que fez nele. Ela nunca havia percebido o quanto aquela máscara realmente era uma proteção, até que ela o observou, repetidamente, tentando se esconder nas sombras, ou nela, no minuto em que a máscara caiu. A timidez não combinava com ele, nem um pouco. E seu desconforto tornou-se quase fisicamente doloroso para ela assistir.