VIOLA - V de Vingança

As maiores lições da vida

No grande esquema das coisas, provavelmente parecia um pouco tolo para V trocar suas próteses de látex, de volta para o preto tradicional, depois lavar, e voltar para o preto novamente, tudo antes de vir para cama. Tornou-se um ritual bastante complicado, mais tarde naquela noite na Galeria das Sombras

Mas, novamente, isso é o que um estranho teria percebido. O mesmo tipo de estranho que poderia ter questionado por que Evey de repente estava namorando um septuagenário. Ela conhecia o método por trás da loucura. Este era um homem, retornando ao seu verdadeiro eu antes de abordar a mulher tão intimamente como parte de sua vida. Então ela esperou pacientemente, enrolada sob as cobertas até que ele chegasse à porta do quarto.

Ele estava cantarolando também. A melodia que acompanhou o passeio de mãos dadas da Bela e da Fera pelo jardim do palácio. Foi uma boa memória para tirar da apresentação, e Evey sorriu com aprovação.

A porta logo se fechou, V movendo-se apressadamente através da luz fraca do pequeno abajur da mesinha de cabeceira. Ele fez uma pausa quando chegou à cama, porém apenas o tempo suficiente para a máscara sorrir alegremente para sua companheira. De uma maneira estranha, na verdade era bom vê-la novamente através daquelas telas oculares pretas.

—Você realmente se divertiu esta noite?— ele perguntou esperançoso. —Apesar do meu disfarce? Apesar da ilusão que tentamos criar?—

—Sim, eu fiz— ela concordou, sentando-se como seu companheiro empoleirado na beira do colchão. A mão dela pousou nas costas dele, acariciando levemente o algodão familiar de sua camisa; através até mesmo daquela textura sutil de sua pele, enterrada duas camadas abaixo. Era tão 'ele'. Algo que ela estava convencida de que poderia reconhecer, não importa o que ele vestisse. Mesmo depois que ele apagou a luz e deixou o quarto na escuridão ofuscante... ainda... com aquele simples toque, ela sabia que era ele —A música era maravilhosa. A ideia de combinar filme com ópera foi simplesmente brilhante— Ela encostou a bochecha na parte de trás do ombro dele, apreciando o movimento dos músculos dele enquanto ele trabalhava para remover a máscara e a peruca. —E a história?— ela meditou conscientemente. —Esse é o melhor conto de fadas que já ouvi. Realmente—

V sorriu para si mesmo, plenamente consciente de seu significado subjacente. Sim, era bastante estranho assistir a pequenos reflexos da própria vida sendo exibidos no palco e na tela. Ele sabia o tempo todo que este conto continha momentos de paralelo único com o passado dele e de sua amada. Mas ainda assim, para testemunhá-lo em carne e osso, muito menos celulóide vintage, foi uma maneira poderosa de revisitar algumas das maiores lições da vida.

—De fato, amor... de fato— ele concordou, encontrando alguma paz genuína entre as semelhanças agora que Evey parecia ter feito isso também. —E você estava certo— Ele colocou a máscara na mesa de cabeceira, pendurando a peruca ao lado. —Bela manteve sua promessa, voltando para o lado da Besta exatamente como você previu—

A resposta de Evey foi rápida e silenciosa, suas mãos se estendendo para ele assim que ela soube que Fawkes havia sido descartado com segurança. —Onde ela pertencia— Evey insistiu, virando seu companheiro, procurando sua cabeça, seus lábios. —Mas você tem que parar de chamá-lo de 'Besta'. Um príncipe é o que ele era— E o beijo dela começou antes que V pudesse respirar o suficiente para discordar. Ela não iria deixar que ele discordasse, porque ela estava certa, tanto na tela quanto fora dela.

Ele se moveu com ela, virando-a, levando-a de volta ao colchão, juntando os lençóis ao redor deles e inclinando-a adequadamente em seus braços antes que o beijo pudesse ser interrompido. E então, ele nem se lembrava do que deveria estar discutindo, mesmo que quisesse.

—Isso é o que eu precisava— Evey respirou, tomando outro beijo. —Essa é a única parte da farsa que eu realmente não gostei. Mesmo com a máscara, isso é o que eu precisava—