VIOLA - V de Vingança

E se

A chuva caía como um dilúvio ininterrupto naquele dia, um dilúvio absoluto, e a previsão era de que continuaria noite adentro. Que primavera ia ser.

Evey sentou-se em seu escritório revisando seu diário com seu assistente pessoal, Herbert, e tentando limpar as tarefas que haviam sido procrastinadas por semanas. Parecia o dia certo para fazer tal coisa, um dia preso dentro de casa.

Bem... presos dentro de casa, pelo menos por enquanto, embora ambos logo fossem mandados para a bagunça encharcada, quer soubessem disso ou não.

—E, você poderia enviar este relatório de segurança para processamento interno?— Evey pediu, entregando-o em sua mesa. —É para a exposição que vai para a Alemanha—

Herbert deu uma olhada na primeira página, apenas para concluir: —Eles não queriam isso há dois dias, Sra. Hammond?—

—Sim— ela admitiu. —Mas pedi a um especialista para revisá-lo ontem à noite. Alguns dias atrasado, mas valeu a pena, acredite em mim— Ela correu para a próxima pilha de papéis, tentando reprimir o sorriso. O avaliador era V, e o governo deveria estar muito satisfeito com a experiência. Além disso, ela conhecia a margem de manobra existente para a burocracia interdepartamental. Ela ainda estava passando por baixo do arame.

—Hoje não posso— Herbert balançou a cabeça. —Os correios não estão funcionando—

—Mas é apenas cinco quarteirões de distância— Evey respondeu incrédula.

E tudo o que o pobre Herbert pôde fazer foi encolher os ombros. —Eles não estão funcionando, Sra. Hammond. Eles estão tendo algum tipo de problema na central, e eles disseram que os serviços provavelmente ficarão inoperantes pelo resto do dia—

—Droga— ela murmurou. —Você está indo nessa direção em breve?—

Do outro lado da mesa, Herbert tentou não parecer aflito. Ele também não gostava de uma viagem para fora, mas ainda era novo o suficiente no departamento para que essas coisas muitas vezes caíssem sobre ele.

—Você pode sair mais cedo, se quiser— acrescentou Evey, adoçando o acordo. —Considere isso uma missão a caminho de casa— Ela não esperava realizar muito mais naquele dia de qualquer maneira. Mais uma ou duas horas de papelada enfadonha e ela desistiria também.

Isso tornou a oferta mais atraente. —Acho que vou pegar meu casaco então— ele concordou, fechando seu diário.

—Bom— Evey riu. —Obrigado, Herbert. Te devo uma—

E o assistente estava prestes a disparar um comentário corajosamente espirituoso, quando uma invasão repentina o interrompeu. Agente Finch, entrando pela porta do escritório de Evey.

—Senhor!— Herbert exclamou, levantando-se de seu assento para enfrentar o intruso. Ele realmente reconheceu o funcionário do Departamento de Inteligência de Defesa, tendo conduzido o cavalheiro de e para o escritório da Sra. Hammond duas ou três vezes nos últimos meses. —Receio que a agenda da Sra. Hammond esteja totalmente lotada—

Uma mentira absoluta, mas Herbert pretendia fazer bem o seu trabalho.

Finch olhou além do homem, recuperando o controle de si mesmo para se dirigir a Evey. —Isto é urgente— ele declarou em voz baixa, seu tom falando muito mais alto do que o simples 'volume' jamais poderia ter conseguido. —Precisamos conversar. Agora.—

—Está tudo bem, Herbert— Evey assegurou, embora seus olhos permanecessem em seu visitante. —Você cuida do relatório, e eu te vejo amanhã—

Os olhos do jovem iam e vinham entre seu superior e o 'convidado' que ele tentava tão educadamente afastar. Mas assim era a vida em uma posição governamental, como ele estava descobrindo lentamente, e recuou obedientemente. —Eu terei o memorando que você solicitou pronto para sua assinatura pela manhã, Sra. Hammond— ele respondeu, ignorando Finch assim como Finch o ignorou. E com isso, ele se moveu teimosamente ao redor do agente, lançando um último olhar de desaprovação, coletando no chão do guarda-chuva pingando de Finch.