VIOLA - V de Vingança

3 desejos

—Gostaria de alguma sobremesa, amor?— V ofereceu hospitaleiramente, guardando as sobras de um jantar tardio. —Ou talvez alguns biscoitos e café?—

Evey trabalhava na pia da cozinha, lavando pratos e pires de uma refeição que havia comido muito pouco. Ela provavelmente arruinou seu apetite com todos aqueles pequenos doces que ela estava mordiscando, V adivinhou silenciosamente para si mesmo. De fato, enquanto ele estava aqui na cozinha, preparando o jantar juntos e rapidamente comendo sua própria parte, na sala de estar, muitos dos corações com rótulos mais estranhos desapareceram da tigela.

Não que isso o incomodasse. O que, exatamente, ele poderia ter feito com lemas como 'Me ligue' ou 'Feliz dia', afinal?

Agora o prato de doces estava na mesa da cozinha, visivelmente esgotado. Então ele deveria ter ficado surpreso com a resposta de sua companheira? —Escolha um coração para mim— ela sorriu, lançando-lhe um olhar tão doce quanto aquele mesmo doce açucarado. —Agora é sua chance de um turno livre. Talvez algo mais que você gostaria? Algo diferente do seu 'Me Beije' favorito?—

V entregou a ela sua xícara de antes, então inclinou a cabeça em aquiescência ligeiramente sarcástica. —Se você quiser. Eu não tinha percebido que estava me tornando um disco quebrado—

Seu sorriso contido era oh tão triunfante, quando ele enfiou a mão no prato de doces. 'Sonhos ' e 'Para Você' foram brevemente considerados, depois rejeitados. Ele acabaria encontrando uso para eles, engenhosidade não era um problema. Nesse ínterim, ele decidiu ir com o terceiro coração que selecionou... ' 3 Desejos'. Isso tinha algum potencial, e ele se perguntou o que sua companheira iria inventar.

Ele o ergueu para que ela pudesse lê-lo, antes de colocá-lo delicadamente em seus lábios. Seus olhos já estavam dançando, e ele sabia que ela via a mesma infinidade de possibilidades que ele. Desejos que ela poderia fazer, que ele faria o possível para cumprir. Desejos que ele pudesse fazer, que ele sabia, com uma calma tranquila e reconfortante, ela também faria o possível para atender.

—Vamos compartilhá-los, Evey?— ele perguntou com ternura. —Cada um de nós deve fazer um desejo? Talvez eles possam se tornar realidade juntos?—

—Hmmmmm— Sua cabeça balançou brevemente. —Você escolheu. Você consegue todos os três— E ela realmente quis dizer isso, sua voz suave e encorajadora.

Atrás da máscara, ele sorriu. Então aquela máscara se inclinou para trás enquanto V pensava. Não em busca de um desejo, mas para deleitar-se com um verso trazido à mente por acaso.

—Bom pastor, diga a este jovem o que é amar. É ser tudo feito de suspiros e lágrimas; é ser tudo feito de fé e serviço; é ser tudo feito de fantasia, tudo feito de paixão e tudo feito de desejos—

Após uma ênfase especial na última palavra, ele fez uma pausa. Durante anos ele havia memorizado a sagacidade e o lirismo de Shakespeare. Agora a vida estava ensinando a ele as verdades mais profundas abaixo.

—Toda adoração, dever e observância, toda humildade, toda paciência e impaciência, toda pureza, toda provação, toda observância—

A risada mais fraca e pensativa escapou dele, e ele olhou para encontrar Evey ainda mais cativada pelo verso do que ele esperava. Pelo menos ele esperava que a expressão em seu rosto significasse 'cativada', em vez de estupefata ou adiada.

—Eu gosto disso— ela comentou. —Muito... Mas é muito mais do que três... Faça de novo—

—De novo?—

Ela assentiu, pegando em seguida um conjunto de utensílios.

E então ele recitou novamente, um pouco mais devagar e com sentimento inevitável, sabendo que ela aprovava. Evey ouviu atentamente, tentando absorvê-lo.