Você quebrou a cama

61 17 1
                                    

AVISO: Esse Capitulo contém conteúdo adulto (menção a sexo) caso não gostem esse tipo leitura, por favor não leia.

~

—Posso ajudar, amor?— V perguntou, uma mistura de suspeita e diversão em sua voz. Ele ficou na porta do quarto, confrontado com a visão mais bizarra.

A necessidade de fazer uma limpeza de primavera os atingiu naquele fim de semana, com as temperaturas em Londres começando a aumentar sazonalmente. Na cidade acima os pássaros cantavam, as árvores brotavam e os primeiros narcisos do ano começavam a aparecer por entre a grama.

E nos túneis abaixo... Evey estava presa entre a parede e a cama, o torso torcido até a metade sob a cabeceira da cama e um aspirador de pó preso entre as pernas.

Na verdade, o propósito expresso de sua chegada era mudar a cama de sua amada, bem como talvez iniciar um breve descanso para ambos. Do jeito que estava agora, ele ficou envergonhado ao descobrir que ela mesma havia sido forçada a movê-lo, e perplexo ao descobri-la então rastejando por baixo dele.

—Estou bem— ela gritou, embora continuasse avançando naquele pequeno espaço —Há algo aqui embaixo. Eu quase...

Um grunhido, um estiramento determinado do braço, e ela finalmente começou a se desalojar da posição incomum.

—Peguei!— ela anunciou —É um volume de Tennyson! Muito bem, eu estava me perguntando para onde isso foi parar—

O pobre livrinho devia estar ali há algum tempo, e ela se esforçou para tirar a poeira. Ela já havia absorvido tão profundamente o amor de seu companheiro pela palavra escrita que limpá-la mesmo antes de se limpar, foi seu primeiro instinto. E para esse fim, seus dedos acariciaram a lombada do volume, enquanto ela se levantava e se voltava em direção à voz dele.

Ela não foi muito longe, antes de se ver parada no meio do caminho.

E então ela riu.

Muito.

—Por que diabos você está vestido assim?— ela perguntou.

V olhou para si mesmo. Ela quis dizer o avental de trabalho? Ou o lenço bem amarrado na peruca?

—É bastante prático, garanto-lhe— respondeu ele, com confiança suficiente para não se ofender. Sua mão limpou um pouco de sujeira do babador do avental, tentando manter até mesmo a roupa de trabalho o mais limpa possível —Estive esfregando as manchas na biblioteca dos fundos. Os restos do rompimento da tubulação de água—

Os lábios de Evey se apertaram. Não porque ela não acreditasse nele... ela acreditou. Mas porque era a única maneira de reprimir o riso —E a babushka?— ela conseguiu murmurar.

Com isso, a cabeça de V apenas se inclinou sarcasticamente —Não é uma babushka, minha querida. É apenas uma vestimenta de proteção. Você sabe tão bem quanto eu que o pior dano está no teto. E eu poderia facilmente questionar por que agora encontro você quase presa debaixo da cama. Você poderia ter esperado pela minha ajuda se a situação fosse tão ruim—

—Sim, bem, eu estava lá porque continuo encontrando coisas— ela rebateu, a necessidade de defender seu próprio orgulho superando a vontade de rir. Ela deu um passo para fora do canto, chutando o aspirador de seu caminho e então ergueu orgulhosamente seu prêmio —Já era hora de finalmente encontrar isso—

O homem mascarado entrou na sala, os laços do avental pendurados atrás dele completamente alheio à reação que sua companheira ainda estava lutando para manter sob controle. E quando ele olhou mais de perto o título do livro, ele não pôde deixar de ficar poético —Ahhh, sim. 'Morte D'Arthur'. 'Se você nunca mais ver meu rosto, ore por minha alma. Mais coisas são feitas pela oração do que este mundo sonha.'— Ele pegou o livro. —Devo devolvê-lo à biblioteca?—

VIOLA - V de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora