Capítulo 3

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Abri meus olhos e senti minha cabeça latejar. Eu estava deitada em uma enorme cama de casal, embaixo de um edredom branco impecável. Esfreguei meu olho tentando me lembrar de alguma coisa. Onde eu estava, como eu havia chegado ali. Tentei recaptular, mas eu só me lembrava de ter estado em uma balada, de um par de olhos azuis à minha frente, de ver Ivalú e Pedro sumirem em uma multidão. Pedro...Ivalú. Dei um salto me sentando na cama. - Ah meu Deus, ah meu Deus. - Exclamei assustada. Onde eu estava? Como cheguei ali? - Olhei para a porta do quarto quando ela se abriu.

- Está tudo bem? - Arregalei meus olhos e levantei rapidamente da cama. Um cara entrou apenas enrolado em uma toalha, os cabelos pingando caindo em seu rosto e escorrendo por sua pele - Ah meu Deus, vista-se por favor. - Olhei pra baixo e eu estava apenas de blusa e calcinha. Puxei rapidamente o edredom e me tapei.

- Não se aproxime, ou eu mato você. - Falei trêmula e assustada.

- Ah é? E como? - Ele deu um sorriso.

- Eu.. eu não sei. - Olhei em volta, não havia nada para me defender. Avistei uma caneta sob o criado mudo e a peguei apontando para ele. - Fica longe de mim. - Procurei minha roupa pelo quarto. Minha calça na verdade.

- Está tudo bem. - Ele deu um passo a frente e eu o ameacei. Ele recuou erguendo as mãos. - Eu... eu vou me vestir, feche os olhos. - Ele ergueu uma sobrancelha. - Eu mandei você fechar os olhos. - Alterei a voz tentando parecer forte, mas por dentro eu estava apavorada.

- Tá bom, tá bom. - Ele virou-se de costas. Dei alguns passos até a cadeira da escrivaninha e peguei minha calça que estava pendurada ali. A vesti o mais rápido que pude e voltei a pegar a caneta.

— Agora se afasta da porta, que eu vou sair. — ordenei e no mesmo instante ele se virou para mim rindo de minha audácia.

— Senão o quê? Vai me assassinar com uma... caneta? A manchete vai ser a melhor do século, uma pena que não estarei aqui para disfrutá-la. — sua gargalhada abusada estourou pelo quarto, como ele ousava rir de algo tão sério assim?

- Eu estou falando sério. - Fui para cima dele e ele saiu de perto da porta. Ou estava realmente com medo ou estava me deixando fazer papel de idiota. - Não vem atrás de mim. - Saí andando de costas ainda apontando a caneta pra ele que ria feito um imbecil. Saí abrindo as portas que eu encontrava, até que por fim encontrei a da saída. Encontrei o elevador e apertei o botão, mas ele demorava.

- Você está falando sério? - Ouvi a voz dele e dei um pulo. Meu corpo tremeu. - Não pode sair sozinha assim nesse estado.

- Fica longe de mim. - Olhei para trás dele e vi a porta de incêndio. Era minha única solução. Tomei impulso e saí correndo, mas ele me segurou no momento em que tentei passar por ele. - Me solta, me solta. Socorro. SOCORRO. - Me debati, batendo em seu peito e arrnhando seu rosto. Pelo menos se ele me matasse o DNA dele ficaria em minhas unhas.

- Shhh, não grita. - Ele tentou tapar minha boca. Mordi a mão dele e então lhe dei uma joelhada na virilha. Puxei a toalha dele e saí correndo escada abaixo. Nem se quer me atrevi a olhar para trás. Um, doi, três, quatro, cinco, sei, sete, oito lances de escadas até encontrar a placa térreo. Abri a porta e dei direto em uma imensa reepção. Vi algumas pessoas me olharem espantados, mas não me importei. Saí correndo para fora do prédio, e pelas ruas até encontrar um taxi, o que não demorou muito.

Pedi ao motorista que me levasse até endereço que estava na minha pulseira de identificação. Tremi todo o percurso, ainda assustada. Quando chegamos ao meu destino, peguei o dinheiro que havia no meu bolso da minha calça – o que graças a Deus ainda estava lá – entreguei ao motorista e saí do carro.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora