Capítulo 75

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POV Dulce

— Há três coisas que precisamos conversar. — Christopher segurou minhas mãos e me encarou.

— Três?

— Uma é irrelevante, pelo menos para mim no momento, mas gostaria de compartilhar com você.

— Pode falar.

— Uma delas é que você está grávida.

Mantive-me calada por um tempo só para dar um pouco de suspense a ele, então comecei a falar.

— Eu sei.

— Como assim? Você já sabia?

— Não Chris, claro que não. Isso nem passou pela minha cabeça. Eu ouvi você e a doutora conversarem, na verdade, enquanto eu estava acordada ouvi tudo que foi dito perto de mim. — Me arrumei de forma mais confortável na maca.

— Então ouviu o que eu disse sobre o remédios.

Assenti. — Você não tinha esse direito Christopher. É a minha vida, o meu corpo, minhas regras, me entendeu?

— Eu sei, me desculpa, de verdade.

O silêncio voltou a tomar conta do ambiente e por um milésimo de segundo tive a impressão de que ele iria chorar.

— O que você pensa em fazer a respeito? Sabe que o bebê não tem culpa.

— E você sabe o meu medo com relação a esse assunto.

— Eu sei, mas vai dar tudo certo ok? Você vai fazer o tratamento certinho e vai ficar tudo bem com vocês dois, eu prometo.

— Não Chris, não prometa o que você não pode cumprir. — Coloquei a mão sobre meu ventre. — Eu não vou fazer nada, seria incapaz de machucá-lo ok? Apesar de tudo ele é fruto de algo puro e bonito, não tenho o direito de interromper a vida dele.

— Está falando sério? — Havia uma pitada de esperança agora em seu olhar.

— Sim, eu estou. Mas não comemore Christopher, há muita coisa que devemos resolver com relação a isso.

— Tipo o quê?

— Tipo o fato de que em menos de dois meses meu visto americano acabar e eu ter que voltar para o Brasil. E mesmo que eu tente ficar, eu jamais poderia deixar o meu pai sozinho e simplesmente não temos condições de trazê-lo para cá. Primeiro que eles não irão dar o visto a ele sabendo que eu estou aqui. É muito mais complicado do que você imagina entrar nesse país. E segundo que não demos condições financeiras.

— O dinheiro não é problema, a gente dá um jeito.

— Eu não quero seu dinheiro Christopher. Já gastou demais comigo e agora tem uma criança em jogo. Tudo, exatamente tudo o que você tiver é prioridade dela.

— Também não é assim.

— É assim sim. Ou acha que só os remédios durante a gravidez serão suficientes? Uma criança come, bebe e se veste. Ela precisa de cuidados médicos, precisa de brinquedos e muitas coisas que eu poderia ficar listando por horas aqui.

— Eu sei, eu sei de tudo isso. Eu não sou rico Dulce, nunca fui, mas se realmente precisar de mais dinheiro do que eu tenho, eu tenho outra forma de conseguir. —Christopher se afastou passando a mão no rosto de baixo para cima e em seguida pousando-as na cabeça.

— Do que está falando?

— Eu descobri que sou herdeiro de uma fortuna. Eu, a Sofia e mais uma garota.

— Como? Quando isso?

— Hoje. Eu não quero nada disso, mas, se precisar, se realmente for necessário, eu não terei outra escolha. Você não pode trabalhar, não nesse estado e eu também não permitiria e eu... eu provavelmente estou demitido e terei que me virar para conseguir outro emprego.

— Demitido? — Senti um pulsar mais forte no peito e ele assentiu.

— Seja lá o que a Bianca veio fazer aqui...

— Ela cumpriu o que me prometeu né?

— Dulce, essa marca no seu pescoço? Foi ela?

— Acha que eu tentei me matar? — Ri incrédula. — Ela apareceu aqui quando eu estava sozinha e falou muita coisa. Ela estava com raiva, havia ódio na voz dela. Disse que tinha dado o aviso, mas que ao invés de me afastar eu resolvi fazer um teatro para não tirar você de perto de mim e por isso ela daria um jeito das fotos e os vídeos chegarem às mãos de todos na SE. Além de louca, agora todos devem estar pensando o quão vadia eu sou.

— Você não é isso Dulce.

— Jura? Um vídeo nosso na cama não é o suficiente para pensarem isso? Você é meu professor, e de onde venho, alunas que geralmente se envolvem com professores são as mais vadias da escola.

— Você não foi apenas para a cama comigo, isso foi apenas consequência. Não importa o que eles vêm ou o que pensam. Podem dizer o que quiserem, o nosso relacionamento, a não ser que você desista dele, vai continuar de pé. E que se danem as pessoas Dulce, somos adultos, somos responsáveis por nossos atos e temos idade suficiente para decidirmos o que queremos fazer. Não precisamos da permissão de ninguém está me ouvindo? Ninguém! —

— Não precisa se alterar ok? — Me encolhi abraçando minhas pernas.

— Desculpa, desculpa, eu só... estou nervoso. É tanta coisa acontecendo que eu estou começando a fugir do controle. — Christopher voltou até mim e me abraçou. — Sinto tanto que isso tenha acontecido meu amor, sinto mesmo.

— Você não tem culpa Chris. A única culpada é aquela infeliz da Bianca.

— Não, ela não é a única.

— Como assim?

— Ela não teria acesso a tantas coisas, aos nossos horários, às nossas saídas se não tivesse alguém de perto nos vigiando.

— Então você acha que ela tem um cumplice?

— Não, eu tenho certeza. — Christopher me soltou. — Eu preciso ir na SE, tenho até medo de tornar a ligar meu celular, deve estar cheio de mensagens, mas eu não quero deixar você sozinha. Se aquela garota voltar e tentar fazer algo contigo.

— Ela não vai voltar, pelo menos acredito que não. Eu vou ficar bem, vou tentar dormir mais um pouco, ainda me sinto cansada.

— Não, eu vou ver se consigo alguém para ficar contigo enquanto eu estiver fora. Seus amigos provavelmente estão em um interrogatório e não permitirão a saída deles, pelo menos até que um de nós dois esteja presente.

— Eu não vou mais voltar naquele lugar, nunca mais. Não vou suportar tantos olhares sobre mim.

— Jamais te pediria isso. Vou pedir a Ivalú para arrumar suas coisas e levo para meu apartamento. — Ele segurou meu rosto e me deu um selinho demorado. — Eu vou ver se te trazem algo para comer, você precisa se alimentar bem. Está com princípio de anemia.

— Não estou com fome Chris, estou com sono, e comida de hospital é horrível.

— Então vamos fazer assim, você dorme enquando eu vou na SE, e na volta eu trago algo para você comer, pode ser?

— Combinado.

  —  Então descansa e cuida da nossa ervilha, viu? —  Ele acariciou meu ventre. —  Te amo muito amor, e já amo muito essa coisinha minúscula aí dentro. 


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Capítulo dedicado a MillyVondy *0*  Está aí flor, um para você.

Gente, a fic está chegando ao fim, não sei se conseguirei fazer um final legal, mas vou tentar. Obrigada a todos pelos comentários e as estrelinhas, de verdade *-*  

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora