Eu odiava chuva e definitivamente não era um dia lega. Eu havia acordado com um mal-estar e não queria dizer a Christopher.
Christopher voltou a trabalhar na SE mesmo sabendo que eu não gostava muito da ideia. Eu sabia que os alunos para quem ele lecionava agora não faziam ideia de quem nós éramos, mas mesmo assim eu não me sentia bem.
Como dono de quarenta por cento da SE, ele exigiu voltar a lecionar. Não tinha jeito, isso foi, é e sempre será a paixão dele. Como sempre ele saía às oito da manhã e voltava no final da tarde, mas sempre dava um jeito de ir almoçar comigo.
Meu pai se responsabilizou por todo o serviço da casa enquanto eu estivesse grávida, mais pelo fato de eu não poder pegar peso nem nada do tipo. Ordens médicas.
No final da gravidez eu estava tão inchada e minha barriga estava tão grande que parecia que eu iria explodir. Não sei como Christopher conseguia me aguentar reclamando o tempo todo de dores nas pernas e na coluna. Era ele quem fazia comida todos os dias, regava as plantas, levava as roupas para a lavanderia, mas quem se encarregava da limpeza era a fiel empregada de Christopher que se recusou a parar de trabalhar para ele, mesmo sabendo que o serviço triplicaria. E ela dizia que era ela quem ajudaria a cuidar dos bebês.
Não havia completado duas horas quando eu senti a cama em baixo de mim se esquentar. Eu estava deitada assistindo a um programa na TV enquanto esperava meu pai trazer o meu café da manhã. Apesar do medo de ver o que estava acontecendo, tirei o edredom e olhei. O lençol estava completamente encharcado. Suspirei.
— Filha, o seu leite acabou, preciso ir ao mercado comprar mais. — Disse meu pai, entrando no quarto e trazendo consigo a bandeja de café. — O que foi? Está tudo bem?
— Acho que não vou precisar de leite. — Mordi meu lábio inferior e o encarei. — Minha bolsa acabou de romper.
Tamanho fora o susto que ele tomou. Tanto que deixou a bandeja em peso cair no chão.
— Papai!
— Ah meu Deus... eu... eu não sei o que fazer. — Ele começou a andar de um lado para o outro e eu ri.
— Papai, está tudo bem eu acho. Eu nem mesmo estou sentindo dor.
— Filha, sua bolsa rompeu, isso quer dizer que os meus netos estão querendo nascer.
— Sim. E isso seria uma coisa normal, não é?
— É?
— Sim. — Ri. Ele estava desesperado. — Se acalma ok? Eu estou bem. Por que não faz o seguinte? Se acalma, liga para o meu obstetra e diz o que houve.
— Não deveríamos ir para o hospital?
— Não sei. Por isso estou pedindo para você ligar.
— Tá. Eu vou lá ligar para ele.
— Ok. Eu vou ver se consigo falar com o Christopher sem deixa-lo desesperado.
Não consegui falar diretamente com ele. Tive que ligar para a secretaria e pedir para darem o recado. Eu sabia que quando ele soubesse sairia correndo.
— Filha, ele está perguntando se você está sentindo dores. — Meu pai chegou na porta com o telefone na mão.
— Eu não estou sentindo nada ainda.
— Não doutor. Ela disse que não está sentindo nada. — Ele me olhou em silêncio por um tempo. — Ok. — Ele desligou e me encarou.
— O que foi? É grave isso?
— Não. Ele disse para você tomar um banho de chuveiro e ir para o hospital para fazer uns exames, mas disse que não precisa ter pressa. Disse para arrumar as bolsas com calma e quando estiver tudo pronto a gente ir.
— Tá.
— Precisa de ajuda?
— Acho que consigo sozinha, eu estou bem. Aliás, o Christopher provavelmente já deve estar quase chegando, vai precisar de alguém para acalmá-lo.
Me levantei e o líquido desceu mais um pouco por minhas pernas. Suspirei e fui para o banheiro. Senti a primeira contração quando estava em baixo da ducha quente e definitivamente preferiria não ter sentido isso já que eu nem mesmo teria um parto normal.
— Merda! — Gritei apertando o sabonete entre meus dedos. O mesmo escorregou e foi parar do outro lado do banheiro.
— Dulce? —Christopher entrou às pressas no banheiro. — Amor, o que foi? Eu ouvi você gritar.
Não respondi. A dor parecia não passar e naquele momento eu tinha vontade de descontar no primeiro que se aproximasse de mim.
— Menina?
— Eu estou bem. — Suspirei quando por fim a dor aliviou. — Foi só uma contração.
— Certeza? Seu pai acabou de me dizer que não estava com dores.
— A primeira. Eu já vou sair do banho e me secar. Vai vendo se está tudo certo com as bolsas dos bebês e a minha. Não quero deixar nada para trás.
Ele assentiu e saiu. Quando consegui me vestir, depois de outra contração infernal, fiquei vendo Christopher e meu pai andarem de um lado para o outro dentro de casa desesperados. Eles estavam tão hiperativos que não conseguiam se concentrar em nada.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...