Uma semana depois Christopher ainda não tinha voltado para a escola e eu já estava sentindo falta dele. Eu queria vê-lo novamente na minha frente durante todo o dia falando e falando sem parar, mas enquanto isso não acontecia, eu passava algumas poucas horas com ele depois da aula.
— Eu vou no banheiro. — Coloquei a maçã – ou o que restou dela – na bandeja e me levantei limpando o pouco de torrada esfarinhada que caíra em minha blusa.
— Já terminou o café?
— Já sim. A gente se vê na aula.
Peguei minha mochila pendurada na cadeira, pendurei-a no ombro. Em seguida levei a bandeja para a prateleira. Segui pelo corredor depois de sair do refeitório e em um passe de mágica, alguém me puxou para uma sala escura. Fiquei em pânico e somente não gritei porque taparam minha boca.
— Calminha, está tudo bem. — Arregalei meus olhos ao reconhecer a voz. Christopher destapou minha boca e eu sorri embora ele não pudesse ver meu sorriso.
— Você voltou. — Abracei-o firme. Ele não usava mais o colar cervical.
— Voltei para você menina. — Christopher beijou minha bochecha.
— Senti tanto a sua falta.
— Eu também senti a sua, mesmo que tenha te visto ontem à noite, e bom, será que pode me soltar? Ou você vai me quebrar todinho de novo.
— Deixa eu te quebrar, porque eu não quero te soltar nunca mais.
— Mas precisa me soltar. Temos apenas cinco minutos para a aula menina.
— Cinco minutos dá para fazer muita coisa.
Grudei meus lábios nos dele e o beijei com fervor. Não sei se era a adrenalina, mas beijá-lo ali, dentro do depósito era uma sensação muito boa.
— Não estou contente apenas com isso. — Sussurrei entre o beijo enquanto minhas mãos passavam aleatoriamente em seu maxilar e pescoço.
— Não podemos Dulce, está quase na hora.
— Eu sei. Uma vez apenas, a gente consegue.
Christopher se afastou quando ouvimos vozes e barulhos de chaves. Segurei firme as mãos dele e apenas esperei. Por milésimos de segundos não fomos pegos pelo zelador. Christopher me puxou para trás de um monte de caixas e tapou minha boca. Com a cabeça apoiada no peito dele, eu podia ouvir a intensidade e a velocidade de seu coração. Batia tão rápido e tão forte que parecia estar prestes a sair pela boca.
Apesar da sombra feita pela caixa, eu ergui minha cabeça e olhei. Christopher estava até pálido.
— Está tudo bem. — Sussurrei, ou apenas fiz movimentos com os lábios e segurei firme suas mãos. Ele estava tenso.
Ouvi passos vindo em nossa direção e prendi a respiração. Era agora, seríamos pegos e tudo estaria acabado.
— Senhor McCall?
A voz era grossa, porém feminina. Não reconheci, mas serei eternamente grata.
— Pois não?
— Será que poderia dar uma ajuda na secretaria? Estamos com um problema na rede elétrica.
— Claro.
A luz se apagou e a porta se fechou. Christopher e eu soltamos o ar de uma vez e mal podíamos parar em pé devido nossas pernas estarem trêmulas.
— Acho que já deu, né? — Assenti. Christopher me deu um selinho rápido e foi até a porta. — Te aviso quando a barra estiver limpa.
— Chris?
— Oi?
— Será que podemos almoçar juntos?
— Claro. Pode me esperar dentro do carro. — Christopher tirou a chave do bolso e jogou-a para mim.
Nervosa e com medo de ser vista, entrei no carro e fiquei esperando por Christopher. Abaixei-me no banco quando vi alguns professores passando por mim e fiquei naquela posição desconfortável até Christopher aparecer.
Em um restaurante um pouco longe da SE ficamos conversando enquanto esperávamos a comida.
— Eu estou surpresa até agora pelo seu retorno. — Christopher deu um sorriso; um sorriso lindo por sinal. — E estou curiosa também, muito curiosa.
— Com o quê? — Christopher colocou a mão por cima da minha, em cima da mesa e a acariciou levemente.
— Seu colar cervical, ontem à noite estava com ele, e hoje já não está.
— Ah. — Disse apenas, antes de tomar um gole de suco de maçã. — Eu usei de propósito ontem, e anteontem também. Sabia que, se você me visse sem ele, desconfiaria da minha volta.
— Então foi tudo de caso muito bem pensado? — Beberriquei meu suco de uva e Christopher assentiu contente por ter dado certo.
Separei minha mão da dele quando o garçom se aproximou com nosso pedido para deixar o espaço sobre a mesa livre. Uma travessa de Corvina assada com muita batata frita espalhada ao seu redor, e uma travessa de salada de rúcula com pedaços de tomate e de manga.
Christopher serviu a mim e depois a ele. De início pensei que a poção seria muita para nós dois, mas no fim eu havia comido tanto que Christopher me olhara abismado com a quantidade que eu havia colocado para fora.
— O que quer de sobremesa? — Ele apoiou os cotovelos na mesa me encarando divertidamente enquanto eu colocava para dentro o último pedaço de peixe. Estava tão bom!
— E dá tempo?
Ele olhou no relógio e fez uma careta.
— Temos quinze minutos, daqui até lá leva pelo menos dez, podemos passar num drive e pedir um milk-shake para tomarmos no caminho.
— Por mim está ótimo. — Sorri.
Christopher pediu a conta e pouco depois fomos embora. Compramos um milk-shake só para nós dois, de morango com pedaços de chocolate.
— Acho que não aguento mais. — Falei após dar o segundo gole e devolver o copo a ele. — Comi demais.
— É, eu vi. — Christopher riu. — Eu me divirto quando você dá a louca e só falta comer o prato. Parece que dormiu amarrada no toco.
— Mais ou menos isso. — Fechei meus olhos tentando me concentrar em manter toda aquela comida no meu estômago. — Acho que comi o suficiente para o restante da semana, estou me sentindo até pesada.
— Estranharia se dissesse que estava tudo bem. — Christopher desacelerou antes de virar a última curva. — Acho melhor descer aqui, deve ter muitos alunos chegando lá agora.
— Ok. — Dei de ombros pegando minha mochila no banco de trás. — A gente se vê, logo, logo. — Roubei-lhe um selinho e segui o restante do trajeto a pé. Era perto, mas depois de quase sermos pegos pela manhã, não poderíamos nos arriscar novamente.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...