- Será que você pode me dizer o que está acontecendo? - Ivalú perguntou assim que saímos da aula.
- Não está acontecendo nada. - Apertei meu livro entre os braços.
- Como nada Dulce? Você acha que eu não vi você chorando à noite? Vi como você olha para o Christopher, e sei que quase nem responde mais as mensagens dele.
- Não está acontecendo nada Iva. - Falei um pouco irritada.
- Vocês brigaram?
- Eu não quero falar sobre isso tá bom? - Apertei meus passo deixando-a para trás. Eu não queria que ninguém soubesse o que estava acontecendo, nem mesmo meus dois melhores amigos. Fiz Christopher prometer que não falaria com ninguém sobre meu problema, porque era apenas meu, e de mais ninguém. Já era o suficiente ver Christopher falar desse assunto, e ter meus amigos e futuramente meu pai falando disso não é algo que eu quero.
Tomei um banho demorado e depois me deitei ouvindo música.
Caí em um sono tão profundo que quando acordei, já era mais de três horas da manhã. O ruim é que eu não conseguiria dormir de novo.
Olhei Ivalú dormindo feito uma pedra, levantei e usando a luz apenas do meu celular para não acordá-la troquei de roupa, peguei um pacote de ruffles, um lata de refrigerante no frigobar, e saí do quarto.
Assim que cheguei na sala de TV no primeiro andar, liguei a TV e me sentei no sofá enquanto comia as batatas e tomava refrigerante.
Sorri sozinha imaginando o sermão que Christopher minha última refeição ter sido o almoço e então me senti mal novamente. Uma vontade imensa de chorar tomou conta de mim e quando menos esperava, meu rosto já estava enxarcado.
As palavras de Ivalú e Rodrigo sobre isso ser apenas de passagem ecoavam em minha cabeça sem que eu pudesse controlá-las. Juntamente com as de Christopher me perguntando como eu me via em alguns anos. Sozinha e sofrendo por um amor jamais superado. Essa seria a resposta ideal.
Era fato que eu teria que ir embora em menos de cinco meses, e que não poderia levá-lo comigo.
Jamais poderia cogitar a possibilidade de voltar ali algum dia. Morar nos estados unidos requer visto de trabalho, no meu caso, trabalho e estudo, pois eu ainda pretendia fazer minha tão sonhada graduação em Arquitetura. E mesmo que conseguisse o dinheiro para o visto, não teria dinheiro para manter a universidade e me sustentar. Sem contar que sem meu pai, eu não iria a lugar algum. O velho morreria só de pensar que eu pudesse viver assim tão longe dele.
As vezes que falo com ele pelo telefone percebo o quão triste ele está, embora tente transparecer felicidade por eu estar realizando um sonho. Sou tudo que ele tem, e ele é tudo pra mim. Seria egoísmo deixá-lo para trás pra ficar com Christopher.
Fiquei tão ocupada pensando em um modo de resolver essa história, pensando em algum ponto em comum que nem notei que o sol já tinha nascido. Olhei no relógio e vendo que faltava apenas uma hora e meia para a aula começar, voltei ao quarto. Ivalú estava no banho, então apenas arrumei minha roupa e fiquei esperando que ela saísse para que eu pudesse entrar.
- Ah! Aí está você. - Ela disse desenrolando uma toalha do cabelo. Não falei nada, e evitando encará-la para que ela não visse meus olhos inchados e vermelhos, entrei no banheiro. Tomei um banho demorado, deixando a água cair em minha cabeça e escorrer por meu corpo e quando saí eu a vi sentada na cama se maquiando.
- Porque não me acordou? Me deixou dormir todo esse tempo?
- Eu até tentei, mas você me xingou dizendo pra te deixar em paz. - Dulce franziu o cenho. - Acho que fez isso ainda dormindo. Que horas você acordou?
- Era mais ou menos três da manhã.
- E onde estava?
- Na sala comunal. - Dei de ombros indo até o guarda roupa pegar minha necesseire. Ivalú terminou de se arrumar e ficou esperando eu me maquiar. Passei uma maquiagem bem forte na intenção de tapar a olheira em meu rosto.
Assim que terminei, descemos para o refeitório, peguei um café reforçado e fui me sentar em silêncio. Ivalú me olhava com cara de espanto ao ver tanta coisa em minha bandeija.
- Dá pra parar de olhar assim?
- Você vai comer tudo isso?
- Estou com fome. Batatas às três horas da manhã não enche ninguém. - Dei de ombros tomando o primeiro gole de suco. Pedro chegou logo depois trazendo sua bandeija de café, com bem menos coisas que a minha. Ele também me olhou espantado, mas eu ignorei.
No final eu havia comido tudo, sem deixar sequer uma migalha de pão para trás e isso me deixou empaturrada. Assim que me levantei e dei a volta na cadeira topei com a garota que dava em cima de Christopher, fazendo o mesmo movimento que eu. Seus olhos desfilaram sobre mim de baixo a cima, e então, erguendo seu nariz, ela seguiu seu caminho.
- Eu vou ao banheiro. - Falei com Ivalú sentindo minha bexiga apertada, como se fosse explodir a qualquer momento.
- Eu te acompanho.
Colocamos a bandeija no compartimento e depois fomos para o banheiro. Assim que entrei no box e fechei a porta, ouvi vozes.
- Ai Bianca, ela é uma estúpida, não liga pra ela.
- Mas o professor come aquela garota com os olhos, ou você acha que não percebi.
- Você acha? Ela é só uma garotinha. Quantos anos ela tem? Quinze?
- A classe dela é de dezoito anos. - A voz dela saiu com repulsa. Então era esse o nome da vadia. Bianca. Me mantive dentro do box em silêncio.
- De qualquer forma você é muito mais bonita. Olhos azuis, cabelos loiros e um corpo de dar inveja em qualquer um. - Ela abafou uma risada. - Ela acha que está linda com aquele cabelo vermelho dela, mas só acha mesmo.
- Pelo menos ela consegue chamar a atenção do professor, mesmo sem querer né! Acha que se eu convidá-lo para ir tomar um sorvete, ele vai? - Senti um nó na garganta. Adoraria ver a cara dela quando Christopher dissesse não. Temi por un instante que Ivalú saísse do outro box, mas ela também se manteve imóvel.
- Sei lá. Coloca uma roupa bem sexy e faça isso quando ele estiver sozinho. Mostra seu decote, duvido que ele vá dizer não. - Agora eu não tinha mais dúvida de que essa tal Bianca era uma vadia. Assim que fui pra abrir a porta Ivalú chutou meu pé por debaixo do compartimento. Ela estava mais interessada em me vigiar que ouvir a conversa das duas.
- Vamos ver. Comprei uma blusa súper decotada no fim de semana, talvÊz eu possa usá-lo no acampamento. Fomos bem espertas ao colocar nosso nome na lista de inscrição da equipe dele. - Arregalei meus olhos. Como assim? Que lista? - E vou adorar passar o fim de semana inteiro ao lado dele, quem sabe não******algo a mais? - As vozes foram se afastando e quando tive a certeza que elas não estavam mais lá dentro abri a porta do box. Ivalú fez o mesmo, encarando através do espelho, uma Dulce de rosto tão vermelho que parecia que iria explodir a qualquer instante.
- Você é maluca? O que ía fazer?
- Eu não sei, mas por pouco eu não saio e desfiguro a cara dessa vadia.
- Dulce, você não entende que se essa garota descobrir que você está com ele, ela dá um fim em você num piscar de olhos? Já é o suficiente ver o Rodrigo por aí de olho em vocês dois, não acha? - Suspirei frustrada. Ivalú tinha razão, mas eu precisava ver logo essa maldita lista que ela havia mencionado.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...