Capítulo104

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— Dulce, faça comigo.

Meu pai estava à minha frente passando a mão em frente ao meu rosto, mas eu não conseguia sequer me mover.

Eu podia ver tudo ao meu redor, ouvir tudo que falavam, mas eu não conseguia reagir.

Christopher estava no telefone falando com a polícia – ou tentando – já que ele estava desesperado.

O cenário que que se formou na hora seguinte foi o mesmo de um filme. Policiais por todos os lados fazendo inúmeras perguntas enquanto outros tiravam fotos.

— Vocês não ouviram nada?

— Não! Estava tudo tranquilo como sempre.

— Possuem alguma câmera de segurança?

— Não, eu já disse que não. Eu já disse tudo que sabemos. — Christopher disse irritado. — Apenas encontrem o meu filho!

— Filha, toma um pouco de água. — Meu pai estendeu um copo para mim. — Por favor.

Olhei para ele e depois para Christopher. Não sei de onde saiu tanta força para eu bater no copo e ele ir parar tão longe. Foi rápido e quando dei por mim, eu já estava no meio da rua apenas de roupão chamando pelo Benjamin.

Christopher me seguiu e me alcançou há quase duas quadras depois me impedindo de continuar.

— Para, para com isso.

— Meu filho! Meu filho Chris.

— Eu sei Dulce, mas a gente vai achar ele ok?

— Por quê? Por que o meu filho?

Eu gritava de desespero. Como podiam tirá-lo assim de mim quando eu tive tanta dificuldade para tê-lo comigo? Eu me joguei no chão no meio da rua aos prantos sem me importar com os vizinhos que ligavam suas luzes e saíam para saber o que estava acontecendo.

— Traz ele para mim Chris, por favor, por favor!

Mas ele sequer sabia o que dizer. Estava tão desesperado quanto eu e tudo que ele conseguia fazer era me abraçar e chorar comigo.

Foi preciso esperar que eu não tivesse mais força alguma para Christopher me levar no colo para a casa e quando isso aconteceu já estava amanhecendo.

Ouvi que a polícia estava vendo gravações de câmeras de alguns vizinhos para descobrirem quem o levou, mas tudo que conseguiram ver foi alguém vestido completamente de preto e de capuz o levando a pé pouco depois do horário em que eu fui amamentar Victoria. Ele estava em casa quando eu saí do quarto e provavelmente se ela não tivesse chorado àquela hora, nenhum dos dois estariam mais comigo.

O sol do lado de fora parecia estar travando uma luta com as nuvens e para combinar bem com o meu dia, o tempo estava ficando cinza. Ainda deitada no sofá eu podia ouvir Victoria chorando desesperadamente enquanto meu pai tentava fazê-la parar de chorar.

Christopher havia saído com um policial e ficamos apenas nós três e mais alguns policiais que continuavam procurando por alguma coisa que tivesse pista de Benjamin.

— Filha, você precisa amamenta-la. Ela está com fome.

Eu sequer conseguia processar aquilo. Meu filho, o meu pequeno estava desaparecido nas mãos de sabe-se lá quem. Provavelmente agora ele estava chorando com fome assim como Victoria e eu não estava lá para ajudá-lo.

— Filha, eu não consigo imaginar o que está sentindo, de verdade. O Benjamin vai aparecer, eu sinto que vai. Estamos todos desesperados pelo desaparecimento dele, mas Victoria não tem culpa disso.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora