— Eu vou pegar algo para a gente beber. — Christopher falou bem próximo ao meu ouvido e eu apenas assenti.
O vi desaparecer em meio à multidão. Encolhi-me na cadeira e olhei à minha frente Pedro e Ivalú se beijarem. Isso era patético se tratando de sermos amigos de infância. Se eu não tivesse conhecido Christopher eu definitivamente ficaria segurando vela a viagem inteira.
Christopher conseguiu entrada vip para uma outra boate que acabara de abrir e não hesitou ao convidar aos meus amigos e a mim. Christopher colocou em minha frente três copos de refrigerante e um de ice. Levantei meus olhos até os dele e ele ergueu uma sobrancelha.
— Isso é sério?
— O quê?
— Você me traz a uma boate para eu tomar refrigerante? Antes tivéssemos ficado em casa vendo um filme e comendo pipoca Christopher.
Christopher se sentou ao meu lado e me deu um beijo na bochecha. — A última vez que você saiu para beber ficou tão bêbada que não soube nem voltar para a casa.
— E daí? — Revirei meus olhos. — Eu tive motivo.
— Agora é preciso motivo para ficar bêbada?
Empurrei o meu copo para longe e cruzei meus braços sobre a mesa. Definitivamente eu não iria tomar refrigerante.
— Nós vamos dançar. — Ouvi Pedro dizer e em seguida puxar Ivalú para o meio da multidão.
Assim eu Christopher chegou com a garrafa de ice na boca eu a tomei dele. — Se eu não vou tomar, você também não vai.
— Dulce, eu já tenho mais de vinte e um anos.
— Não interessa. Você está dirigindo, não vai beber.
— É só um pouco.
— Já disse que não interessa. — Coloquei a garrafa na mesa.
— É sério isso?
— Sim.
— Então tá! — Ele se levantou e novamente desapareceu.
Fiquei por um bom tempo sentada sozinha enquanto a música alta invadia meus ouvidos.
— E aí gatinha? Quer dançar?
Olhei o garoto à minha frente de baixo a cima. Até que não era de se jogar fora, mas não.
— Estou acompanhada.
— Jura? Porque eu acabei de ver seu acompanhante conversar com outra garota lá perto do bar, e olha, ela era bem linda.
Olhei na direção do bar mas tudo que via eram corpos que pareciam possuídos se mexendo à minha frente.
— Do que está falando?
— Pode ir lá ver se quiser, não teria porque inventar algo assim. Só pensei que, se ele pode, você também pode.
Levantei-me imediatamente e me infiltrei na multidão. Ergui-me nas pontas dos pés algumas vezes tentando vê-lo e me amaldiçoei por ser tão pequena. Um garoto esbarrou em meu braço e sequer pediu desculpas.
— Ai meu pé. — Gritei quando uma outra garota pisou em meu pé com um salto fino. Minha sorte era estar de sapato e o material dele ter impedido que meu pé furasse. — Dá licença! — Passei entre duas pessoas que conversavam aos gritos e então congelei-me.
Pelos poucos espaços que às vezes apareciam vi Christopher bebendo algo em uma garrafa e à sua frente estava Hannah. Vi que ela disse algo no ouvido dele e olhou para a multidão. Se não fosse o fato de estar no meio de tanta gente eu juraria que ela estava olhando diretamente para mim.
A vi puxar Christopher pela gola da camisa para a pista de dança há poucos metros de mim. Ambos começaram a dançar de forma bem sensual. Espremi-me na multidão e fui até eles. Pouco antes que eu pudesse alcança-los ela o agarrou e o beijou. Christopher ergueu as duas mãos como se fosse afastá-la, mas eu não dei tempo para isso.
Quando dei por mim, minhas mãos estavam nos cabelos loiros a puxando para longe de Christopher.
— Fica longe do meu namorado. — Grunhi e a empurrei.
Hannah soltou um grito histérico enquanto caía para trás no chão. Senti as mãos de Christopher passarem perto de minha cintura, mas fui bem mais rápida. Joguei-me em cima dela e comecei a estapeá-la e a arranhar aquela pele tão perfeita.
Eu tive tanto ódio que nem percebi o círculo que se abrira ao nosso redor. Se não fosse o fato de algum garoto que eu nem conhecia me puxar para longe e me imobilizar, eu teria desconfigurado a cara dela. Um outro garoto a puxou para o lado oposto enquanto ela se encolhia.
— Dulce! — Christopher gritou meu nome.
— Me solta! — Disse irritada me soltando do garoto. Christopher tentou me segurar, mas eu me desviei e saí caminhando em direção à saída.
— Dulce, espera!
— Deixa que eu vou atrás dela. — Ouvi Ivalú dizer quando eu já estava do lado de fora.
Caminhei pela calçada em passos largos torcendo para que algum taxi passasse logo.
— Amiga espera.
— Me deixa sozinha!
— Não, para, vem cá. — Ela segurou meu braço me virando para ela. — O que aconteceu?
— Eu vou embora, foi demais para mim. — Olhei para ela enquanto as lágrimas começavam a brotar em meu rosto.
— Não, não chora, vem cá. — Ivalú me abraçou e eu chorei com vontade. — Eu vou levar você embora, vou só avisar o Pedro.
— Não precisa, eu posso ir sozinha, aproveite sua noite.
— Não vou deixar você sozinho nesse estado.
Ivalú me soltou e foi até Pedro que estava parado com Christopher na saída da boate. Virei-me de costas para não o olhar. Ele não merecia ver que eu estava chorando tanto por ele. Não demorou muito até que Ivalú voltasse junto com Pedro.
— Christopher quer levar a gente.
— Não. Eu não vou entrar no carro com ele, eu não quero vê-lo, nunca mais.
— Dulce.
— Não insista Ivalú. Se quiser ir com ele, vai firme, eu vou de taxi mesmo.
— Tá bom, eu vou com você. Vou chamar o Pedro.
Meia hora depois estávamos descendo na SE. Paguei o taxi e entrei sem esperar por Pedro e Ivalú.
— Dulce? — Abaixei minha cabeça ao topar com Rodrigo que estava saindo do elevador. — Ei, o que foi?
— Não foi nada, me deixa em paz. — Apertei o botão do meu andar.
Já no quarto, me deitei da mesma maneira que estava. Vestido, meia calça e sapato. Nem mesmo tirei a maquiagem. Tudo que eu desejava era dormir e esquecer o que havia acontecido.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...