Capítulo 58

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— Eu vou pegar algo para a gente beber. — Christopher falou bem próximo ao meu ouvido e eu apenas assenti.

O vi desaparecer em meio à multidão. Encolhi-me na cadeira e olhei à minha frente Pedro e Ivalú se beijarem. Isso era patético se tratando de sermos amigos de infância. Se eu não tivesse conhecido Christopher eu definitivamente ficaria segurando vela a viagem inteira.

Christopher conseguiu entrada vip para uma outra boate que acabara de abrir e não hesitou ao convidar aos meus amigos e a mim. Christopher colocou em minha frente três copos de refrigerante e um de ice. Levantei meus olhos até os dele e ele ergueu uma sobrancelha.

— Isso é sério?

— O quê?

— Você me traz a uma boate para eu tomar refrigerante? Antes tivéssemos ficado em casa vendo um filme e comendo pipoca Christopher.

Christopher se sentou ao meu lado e me deu um beijo na bochecha. — A última vez que você saiu para beber ficou tão bêbada que não soube nem voltar para a casa.

— E daí? — Revirei meus olhos. — Eu tive motivo.

— Agora é preciso motivo para ficar bêbada?

Empurrei o meu copo para longe e cruzei meus braços sobre a mesa. Definitivamente eu não iria tomar refrigerante.

— Nós vamos dançar. — Ouvi Pedro dizer e em seguida puxar Ivalú para o meio da multidão.

Assim eu Christopher chegou com a garrafa de ice na boca eu a tomei dele. — Se eu não vou tomar, você também não vai.

— Dulce, eu já tenho mais de vinte e um anos.

— Não interessa. Você está dirigindo, não vai beber.

— É só um pouco.

— Já disse que não interessa. — Coloquei a garrafa na mesa.

— É sério isso?

— Sim.

— Então tá! — Ele se levantou e novamente desapareceu.

Fiquei por um bom tempo sentada sozinha enquanto a música alta invadia meus ouvidos.

— E aí gatinha? Quer dançar?

Olhei o garoto à minha frente de baixo a cima. Até que não era de se jogar fora, mas não.

— Estou acompanhada.

— Jura? Porque eu acabei de ver seu acompanhante conversar com outra garota lá perto do bar, e olha, ela era bem linda.

Olhei na direção do bar mas tudo que via eram corpos que pareciam possuídos se mexendo à minha frente.

— Do que está falando?

— Pode ir lá ver se quiser, não teria porque inventar algo assim. Só pensei que, se ele pode, você também pode.

Levantei-me imediatamente e me infiltrei na multidão. Ergui-me nas pontas dos pés algumas vezes tentando vê-lo e me amaldiçoei por ser tão pequena. Um garoto esbarrou em meu braço e sequer pediu desculpas.

— Ai meu pé. — Gritei quando uma outra garota pisou em meu pé com um salto fino. Minha sorte era estar de sapato e o material dele ter impedido que meu pé furasse. — Dá licença! — Passei entre duas pessoas que conversavam aos gritos e então congelei-me.

Pelos poucos espaços que às vezes apareciam vi Christopher bebendo algo em uma garrafa e à sua frente estava Hannah. Vi que ela disse algo no ouvido dele e olhou para a multidão. Se não fosse o fato de estar no meio de tanta gente eu juraria que ela estava olhando diretamente para mim.

A vi puxar Christopher pela gola da camisa para a pista de dança há poucos metros de mim. Ambos começaram a dançar de forma bem sensual. Espremi-me na multidão e fui até eles. Pouco antes que eu pudesse alcança-los ela o agarrou e o beijou. Christopher ergueu as duas mãos como se fosse afastá-la, mas eu não dei tempo para isso.

Quando dei por mim, minhas mãos estavam nos cabelos loiros a puxando para longe de Christopher.

— Fica longe do meu namorado. — Grunhi e a empurrei.

Hannah soltou um grito histérico enquanto caía para trás no chão. Senti as mãos de Christopher passarem perto de minha cintura, mas fui bem mais rápida. Joguei-me em cima dela e comecei a estapeá-la e a arranhar aquela pele tão perfeita.

Eu tive tanto ódio que nem percebi o círculo que se abrira ao nosso redor. Se não fosse o fato de algum garoto que eu nem conhecia me puxar para longe e me imobilizar, eu teria desconfigurado a cara dela. Um outro garoto a puxou para o lado oposto enquanto ela se encolhia.

— Dulce! — Christopher gritou meu nome.

— Me solta! — Disse irritada me soltando do garoto. Christopher tentou me segurar, mas eu me desviei e saí caminhando em direção à saída.

— Dulce, espera!

— Deixa que eu vou atrás dela. — Ouvi Ivalú dizer quando eu já estava do lado de fora.

Caminhei pela calçada em passos largos torcendo para que algum taxi passasse logo.

— Amiga espera.

— Me deixa sozinha!

— Não, para, vem cá. — Ela segurou meu braço me virando para ela. — O que aconteceu?

— Eu vou embora, foi demais para mim. — Olhei para ela enquanto as lágrimas começavam a brotar em meu rosto.

— Não, não chora, vem cá. — Ivalú me abraçou e eu chorei com vontade. — Eu vou levar você embora, vou só avisar o Pedro.

— Não precisa, eu posso ir sozinha, aproveite sua noite.

— Não vou deixar você sozinho nesse estado.

Ivalú me soltou e foi até Pedro que estava parado com Christopher na saída da boate. Virei-me de costas para não o olhar. Ele não merecia ver que eu estava chorando tanto por ele. Não demorou muito até que Ivalú voltasse junto com Pedro.

— Christopher quer levar a gente.

— Não. Eu não vou entrar no carro com ele, eu não quero vê-lo, nunca mais.

— Dulce.

— Não insista Ivalú. Se quiser ir com ele, vai firme, eu vou de taxi mesmo.

— Tá bom, eu vou com você. Vou chamar o Pedro.

Meia hora depois estávamos descendo na SE. Paguei o taxi e entrei sem esperar por Pedro e Ivalú.

— Dulce? — Abaixei minha cabeça ao topar com Rodrigo que estava saindo do elevador. — Ei, o que foi?

— Não foi nada, me deixa em paz. — Apertei o botão do meu andar.

Já no quarto, me deitei da mesma maneira que estava. Vestido, meia calça e sapato. Nem mesmo tirei a maquiagem. Tudo que eu desejava era dormir e esquecer o que havia acontecido.

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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora