Terminei de preparar um chá para Christopher e fui até o quarto. Já stava anoitecendo quando resolvi fazer o chá. Talvêz ele melhorasse com o chá e conseguisse comer algo na janta.
- Amor. - Coloquei a xícara sobre o criado mudo e acendi a lâmpada do abajour. - Chris. - Pousei minha mão na testa dele. Ele ainda estava um pouco febril. - Acorda vai. - Ele resmungou e escondeu o rosto em baixo do travesseiro. - Principe, acorda.Eu fiz um chá pra você. - Tomei o travesseiro dele.
- Estou com sono. - Sua voz saiu abafada pelo colchão.
- Você dormiu o dia todo Chris. Senta aí vai. - Christopher se sentou com uma cara não muito boa. Peguei a xícara e entreguei a ele. - Está se sentindo melhor? - Ele não respondeu. Apenas deu um gole no chá. - Você precisa ficar bem, porque é o único que pode nos levar pra casa, sabia? Nem eu nem meus amigos temos carteira de habilitação e muito menos autorização para dirigir aqui.
- Eu sei. - Ele se limitou.
- Eu te amo, ok? Te amo muito. - Depositei um beijo na testa dele. - Eu vou ver se preparo algo pra gente comer. Vê se toma esse chá todo.
- Obrigada. - Ele segurou minha mão.
- Levanta, toma um banho e vai lá pra sala. Eu sei que disse que tem direito de chorar e tudo mais, mas ficar tanto tempo assim no quarto sozinho não faz bem a você.
- Eu vou pensar. - Ele suspirou. - Está tão silencioso aqui. Estamos sozinhos?
- Não, mas sua irmã saiu com a Claire e o marido. Eles não devem demorar a voltar. Acredito que eles chegam antes do jantar.
- Ok então. - Ele tomou mais um gole do chá.
- Te vejo lá em baixo. - Ele forçou um sorriso e então eu saí.
Com a ajuda de Ivalú e Pedro preparei um jantar. Eu nunca cozinhei para tantas pessoas então precisei mesmo de ajuda. Por pouco não queimei a carne que coloquei no forno.
- Tia Dul. - Claire chegou já pulando em meu colo.
- Ei princesa, como foi o passeio? - A arrumei em meu colo. Ela era bem pesada.
- Foi muito bom. Olha o que eu ganhei.- Ela mostrou um urso de pelúcia.
- Nossa, que lindo meu amor. - A sentei em cima da mesa.
- Cadê o tio Ucker?
- Está no quarto ainda. O que acha de ir lavar as mãos pra jantar e ir chamá-lo? Acho que ele vai gostar.
- Acho super legal. - Ela disse empolgada. Sinto saudades de ser criança. Eu a desci da mesa e ela foi correndo pra dentro.
- Essa garota é um amor. - Ivalú comentou. - Pelo menos com você. Aliás, ainda não me acostumei com o tia. Você não tem cara de tia.
- Ah, vai se ferrar vai. - Revirei os olhos. - O que quer que eu diga?
- Nada. Tecnicamente você é tia dela agora. Pelo menos pelos próximos quatro meses e meio. - Ergui minha sobrancelha. - Ou se esqueceu que um dia esse conto de fadas vai acabar?
- Ai, não começa tá? Será que eu posso viver meu conto de fadas em paz?
- Só estou sendo realista. - Ela deu de ombros pegando a pilha de pratos e as levando para a sala de jantar. Desliguei o fogo da última panela e com a ajuda de Pedro e Ivalú levamos tudo para a mesa.
- Minha princesa. - Christopher me abraçou por trás enquanto eu colocava uma travessa de salada na mesa. - Você fez tudo isso? - Seu tom era de surpresa.
- Com a ajuda dos meus amigos. Mas, proque o tom de surpresa? - Me virei de frente pra ele e ele me roubou um selinho demorado.
- Eca. - Claire falou e eu ri.
- Eu vou servir você tá bom? - Falei baixinho para Christopher. - Sente-se ali. - Apontei a cadeira. Ele se soltou e foi se sentar. Peguei o prato e comecei a colocar comida, depois coloquei o prato na frente dele. Fiquei olhando ele dar a primeira garfada. - E aí?
- Aprovadíssima.
- Acho bom mesmo. - Dei um tapa leve na cabeça dele.
- Dulce, meu irmão não era tão meloso assim não. O que você fez com ele?
- Ah não?
- É o amor maninha.O amor. - Ele pegou minha mão e depositou um beijo. Apesar de não aparentar estar mal agora, eu sabia que ele não estava bem. E eu odeio isso. Odeio que ele esconda que está mal.
Terminamos de comer, e embora todos conversassem entretidamente eu me mantive calada. Metade de mim observando Christopher, outra metade me lembrando das palavras de Ivalú. Depois do jantar, Ivalú inventou de fazer brigadeiro de colher, então depois que Sofia e o marido arrumaram a cozinha, ela foi fazer.
Aproveitei um momento de distração deles e saí da casa. Precisava refrescar um pouco a cabeça e tentar esquecer esse assunto. Não sei o que vou fazer quando o intercâmbio chegar ao fim.
Só de pensar em deixar Christopher sinto náuseas. Eu o amo muito e é ao lado dele que eu gostaria de viver e ter uma família, por outro lado, não posso simplesmente deixar o meu pai no Brasil e viver com Christopher. Meu pai é a única família que tenho, e se eu fizesse isso ele morreria de tristeza. Definitivamente eu estava dividida, e tinha poucos meses para ter uma decisão final.
- Menina. - Christopher correu até mim chutando um pouco de areia. - Está pronto, você não vem?
- Não estou com muita vontade de comer brigadeiro. - Fixei meus olhos na escuridão imensa do oceano.
- O que foi? - Christopher me abraçou por tras apoiando seu queixo em meu ombro.
- Nada. Só queria vir aqui fora um pouco. - Menti. - Está melhor?
- Tentando. Não tem como ficar ruim aos cuidados de Dulce Maria. - Sua voz soou sedutora. Eu apenas sorri. - Tem certeza que está tudo bem? - Assenti e fechei meus olhos.
- Eu te amo Chris. Te amo muito ok? Nunca se esqueça disso.
- Eu também te amo menina. - Ele beijou minha bochecha. Virei-me para ele e o abracei forte. Ele não disse nada, apenas ficou ali me abraçando por muito tempo. Christopher me conhecia bastante, sabia que tinha algo mas não insistiu.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...