Capítulo 4

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- Anima Dulce. - Pedro falou me sacudindo pelos ombros. - Já passou.

- Já passou o caramba. Não foi com você, e pra ajudar ainda perdi meu celular. Se ele ao menos tivesse bateria... - Bufei. O fim de semana fora péssimo, e não era pra ser assim. Era pra ter sido bom, mas não foi. E pra ajudar, além de ter levado uma bronca do professor Rodrigo, ele ainda não saiu do nosso pé.

- Cara, ele não para de olhar pra cá. - Ivalú disse disfarçadamente enquanto fingia tomar um gole de café. - E a culpa é sua de seduzir ele.

- Ah, vai te catar, eu nunca seduzi ele, e essa fixação por mim já está me irritando. Ele não é meu pai nem meu namorado pra ficar assim.

- Fala isso pra ele. - Pedro falou rindo. - Se bobear daqui a pouco ele te pede em casamento.

- Até parece. - Revirei os olhos. - Vamos indo pra aula? Estou cansada de ficar sob os olhos dele, ele está me dando medo. - Me levantei e peguei uma maçã, depois minha mochila que estava na cadeira ao lado. Meus amigos e eu seguimos para a sala. Olhei algumas vezes para trás para ter a certeza de que Rodrigo não estivesse bem atrás. - Espero que ele pare com isso, senão terei que ter uma conversa séria com ele. - Bufei. - Isso é chato demais.

- Eu pago pra ver você chegar nele e falar pra ele largar do seu pé. Você é certinha demais Saviñon.- Pedro falou.

- Isso não quer dizer que eu não possa ter uma conversa séria com ele Pedro. Aliás, a certinha aqui dormiu bem na casa de um desconhecido de sexta para sábado, não é? Já pensaram que eu poderia muito bem engravidar ou pegar uma DST?

- Você já perguntou isso, deixe-me ver... - Ivalú fingiu contar nos dedos. - Pelo menos umas dez vezes.

- E nenhuma delas vocês se importaram, mas tudo bem, não foi com vocês. - Bufei. Arrumei minha mochila e saí pisando firme.

- Dulce, espera, também não é assim. - Ouvi Ivalú gritar atrás de mim, mas não dei ideia.

Segui meu caminho sozinha até a sala, entrei e me sentei próxima à porta enquanto terminava de comer minha maça. Pedro e Ivalú se sentaram próximos a mim e ficaram conversando, embora eu estivesse emburrada o suficiente para não conversar com eles.
Aos poucos os alunos foram chegando e se sentando cada um em um lugar, e conversando. Havia um garoto muito lindo na classe. Ouvi ele se apresentar na sexta. O nome dele é Eddy Vilard, e é mexicano. Diria que é o meu número. Ele estava sentado do outro lado da sala, conversando distraídamente com uns dois garotos.

- Ele é muito lindo. - Falei baixinho.

- Quem? - Ivalú parou a conversa para me perguntar.

- Nã... Ninguém. Só pensei alto. - Respondi.

- Ah, aquele. - Ela riu. - Realmente, ele é um pitelzinho. - Desviei meu olhar para ela e ela olhava para a mesma pessoa. - Que foi? Você está olhando tanto pra ele que dá a impressão de que vai levantar daí e ir até lá pedi-lo em casamento.

- Sem essa vai, eu nem conheço ele.

- Não é problema, eu posso te apresentar. - Pronunciou Pedro. - Eddy. - Ele gritou e o garoto olhou. - Vem aqui, por favor. - Ele o chamou e o garoto assentiu. O vi dizer algo aos garotos com quem ele conversava.

- Fala Pedro.

- Vo... vocês se conhecem? - Perguntei trêmula. Eu queria voar no pescoço dele, mas ao mesmo tempo no de Eddy. Meu Deus, como ele cheirava bem.

- A gente se conheceu no sábado. - Respondeu Pedro.

- E aí tudo bem?

- Sim cara, e com você? Aproveitou o passeio?

- Foi ótimo. Por que vocês não foram?

- Nossa amiguinha aqui não estava se sentindo muito bem. E ah, por falar nela, queria te apresentar.

- Dulce não é?

- É. - Arregalei os olhos.

- Prazer, Eddy. - Ele me estendeu a mão e eu o cumprimentei.

- O prazer é todo meu.

- E bota prazer nisso. - Ivalú sussurrou.

- Vai se ferrar. - Alterei a voz e Eddy franziu o cenho. - Perdão, não era você. É essa louca sussurrando aqui no meu ouvido. - Fitei Ivalú e ela riu. Vi de esguio duas pessoas passarem por mim. Um era o professor Arturo, o mesmo que esteve com a gente na sexta feira. O outro, ah meu Deus!!!

- Dulce está tudo bem? - Eddy Perguntou, mas eu não respondi. Mantive-me parada feito uma estátua.

- Ei. - Ele soltou minha mão e passou a mão em frente a meu rosto.

- Olá pessoal. - Arturo nos cumprimentou.

- Eu preciso me sentar, depois a gente se fala. - Eddy falou e saiu em direção à sua cadeira.

- Bom dia a todos. - Continuou Arturo. E eu não conseguia me mover, mal podia respirar. - Como estão hoje?

- Bem. - Respondeu a classe em uníssono como se estivessem no jardim de infância.

- Hum, muito bom. Espero que tenham aproveitado o fim de semana. - Continuou ele. E como aproveitei. - Bom, na sexta feira, eu disse a vocês que eu era apenas um professor substituto, então hoje eu vim apresentar o novo professor de vocês. - Senti meus olhos se arregalarem mais do que deviam. - Christopher Von Uckermann. Ele não é tão bonito como eu e nem tão legal, mas acho que gostarão dele. - Vi o outro professor acenar sem graça. Como assim o aproveitador de garotas embriagadas iria ser meu professor?

- Gostei desse. Ele também é um pitel. - Ivalú tocou meu ombro enquanto sussurrava. - Dulce? O que foi? Por que está tremendo tanto?

- E... eu... eu. - Meus pulmões queimavam. O ar me faltava.

- Dulce? O que você tem? - Pedro perguntou. Estava um pouco mais longe portanto sua voz saiu mais alta. - Iva, o que ela tem?

- Está tudo bem senhorita Saviñon? - Arturo me perguntou, e então os olhos do aproveitador me encontraram. Me levantei num impulso, mas não consegui andar. Senti os olhares da classe pesarem sobre mim.

- Dulce, fala alguma coisa. - Ivalú se levantou.

- Eu... não.. não.. consi... resp..respi. - Tentava respirar, mas sem êxito. O ar parecia muito pesado. Vi Arturo e o aproveitador virem em minha direção.

- Se afasta de mim. - Gritei repentinamente o encarando. Ele também parecia assustado.

- O que está acontecendo? - Arturo me olhava apavorado. - Fala com a gente.

- Eu... eu.. eu... - E então o sol simplesmente desapareceu deixando tudo completamente escuro.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora