Não voltei a responde-la. Primeiro liguei para o advogado e disse a ele o que eu queria, depois enviei uma mensagem aos meus amigos explicando parte do que estava acontecendo.
— Como ela é? — Fernando me perguntou quando entrei no quarto.
— Ela é linda e tem a boca da sua filha.
— Dulce vai sobreviver, Christopher. — Ele disse, guardando a foto no bolso. — Tenho certeza disso. — Ele se levantou. — É a segunda vez que passo por isto.
— Sinto muito fazer você passar por isso, Fernando. Fazer a Dulce e os meus filhos passarem por essa situação.
— Não sinta. Um filho é uma dádiva Christopher e sei que chegará um dia que você não se arrependerá de suas escolhas. Esse dia vai ser quando ver o sorriso deles enquanto eles correm pelo quintal.
— Mas... você nem mesmo teve como ver o sorriso da filha que perdeu.
— Não estou falando dela, estou falando da Dulce. — Ele tirou a foto do bolso. Blanca passou pela mesma situação duas vezes, mas infelizmente, ela não saiu viva da segunda vez nem mesmo da sala de parto. — Fernando me mostrou a foto. — Não é a Dulce na foto. É a mãe dela.
— Caramba, elas são tão parecidas.
— Sim. Ela se foi mas deixou um pedaço dela comigo e foi esse pedacinho que me fez ser feliz.
— Como tem tanta certeza que ela ficará bem? O senhor viu como ela está frágil, Fernando.
— Como disse, a mãe dela sobreviveu à primeira gestação. Passou semanas no hospital tão frágil quanto a Dulce, mas no final deu tudo certo. Ela sabia que a filha estava bem e então lutou o quanto pôde para não sair do lado dela. Ela queria vê-la crescer e sei que Dulce deseja o mesmo quanto aos filhos dela.
— Por que ela teve outro bebê?
— Não foi intencional, mas quando descobrimos da gravidez não conseguimos desfazer dela. Amávamos aquele bebê tanto quanto o primeiro.
— Sinto muito por isso Fernando.
— O bebê faleceu antes do parto e quando ela soube disso, não teve forças para lutar. Ela morreu enquanto tentavam tirar o corpo do bebê de dentro dela.
— Como o senhor aguentou? Perder sua outra filha.
— Dói até hoje, mas eu precisei seguir em frente. Dulce precisava de mim tanto quanto o Ben vai precisar de você.
— E a Dulce? Ela não vai aguentar se souber o estado da filha. Ela não vai aguentar se acontecer algo com a Victoria.
— Ela encontrará forças no Benjamin, tenho certeza disso. Agora seja forte meu caro. — Ele deu tapas leves no meu ombro. — O que acha de comermos alguma coisa? Estamos há horas apenas com um pouco de café no estômago. — Assenti.
— Christopher? — Ouvi a voz de Hannah e abri meus olhos. Levantei-me depressa olhando no relógio.
— Por quanto tempo eu dormi? Cadê o Fernando? E a minha filha? Como ela está?
— A cirurgia foi muito delicada, mas ela passa bem. — Ela ofereceu um sorriso terno. — Sua filha é uma guerreira e sei que vai vencer tudo isso Christopher. — Ela garantiu.
— Ela já pode respirar sozinha?
— Ainda está com o aparelho, mas acredito que logo será independente dele.
— Posso vê-la?
— Não por hoje. Você está exausto. Pegue o seu sogro e vão para casa os dois. É meu plantão hoje, prometo cuidar bem da sua filha.
— Não quero ir embora.
— Christopher, os três vão ficar bem, mas se você continuar aqui vai ficar tão exausto que não poderá cuidar deles ok? Prometo que se houver alguma coisa o hospital entra em contato com vocês dois.
— Ei. — Acariciei o cabelo de Dulce. Ela estava meio acordada, meio dormindo. — Não sei se está me ouvindo e se consegue me entender, mas quero que saiba que eu te amo tá? Logo nós vamos para casa e seremos felizes amor.
— Chris. — Ela sussurrou. — Onde eu estou?
— No hospital bebê. — Beijei a testa dela. — Nossos filhos precisam que você fique bem ok?
— Eu quero vê-los.
— Eu sei.
— Como eles estão?
— Bem. — Disse. Eu não queria que ela soubesse do estado de nossa filha. Não queria dar a ela um motivo para desistir de lutar pela vida. — Olha, fica bem logo ok?
— Estou cansada.
— É normal. — Segurei a mão dela. — Promete para mim que independente do que possa acontecer, você vai batalhar para sobreviver? — Minha voz falhou. — Eu não posso perder você, menina.
— Eu vou ficar bem. — Ela fechou os olhos e deu um longo suspiro. — Me deixa dormir mais um pouco.
Fiquei mais um tempo com ela e depois deixei Fernando entrar. Achava o cúmulo do absurdo ter apenas meia hora de visita e ainda dividido em dois.
Depois que saí dali, fui ver minha filha pela primeira vez depois da cirurgia. Ela, assim como Dulce, continuava na UTI e também estava sedada. Agora ela estava com um curativo bem no peito onde havia sido a cirurgia. Tão pequena e já teve que passar por isso. Eu podia ver como ela respirava agitadamente enquanto seu peito subia e descia, mas fora isso ela estava imóvel.
— Ei gatinha. — Eu quis acariciar o rostinho dela e segurar a mão minúscula dela, mas fui privado de fazer isto. — Continua lutando tá? Logo eu vou levar você para casa, eu prometo. Você vai adorar o seu quarto e as bonecas que eu comprei para você. — Dei um sorriso. — Se você sair dessa eu prometo que vou brincar de casinha com você, deixar você me pentear, me maquiar e tudo que quiser.
Assim como com Dulce, não me permitiram ficar muito com Victoria, mas pelo menos dessa vez pude tirar uma foto dela para ter comigo enquanto estivesse longe.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...