Capítulo 97

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Não voltei a responde-la. Primeiro liguei para o advogado e disse a ele o que eu queria, depois enviei uma mensagem aos meus amigos explicando parte do que estava acontecendo.

— Como ela é? — Fernando me perguntou quando entrei no quarto.

— Ela é linda e tem a boca da sua filha.

— Dulce vai sobreviver, Christopher. — Ele disse, guardando a foto no bolso. — Tenho certeza disso. — Ele se levantou. — É a segunda vez que passo por isto.

— Sinto muito fazer você passar por isso, Fernando. Fazer a Dulce e os meus filhos passarem por essa situação.

— Não sinta. Um filho é uma dádiva Christopher e sei que chegará um dia que você não se arrependerá de suas escolhas. Esse dia vai ser quando ver o sorriso deles enquanto eles correm pelo quintal.

— Mas... você nem mesmo teve como ver o sorriso da filha que perdeu.

— Não estou falando dela, estou falando da Dulce. — Ele tirou a foto do bolso. Blanca passou pela mesma situação duas vezes, mas infelizmente, ela não saiu viva da segunda vez nem mesmo da sala de parto. — Fernando me mostrou a foto. — Não é a Dulce na foto. É a mãe dela.

— Caramba, elas são tão parecidas.

— Sim. Ela se foi mas deixou um pedaço dela comigo e foi esse pedacinho que me fez ser feliz.

— Como tem tanta certeza que ela ficará bem? O senhor viu como ela está frágil, Fernando.

— Como disse, a mãe dela sobreviveu à primeira gestação. Passou semanas no hospital tão frágil quanto a Dulce, mas no final deu tudo certo. Ela sabia que a filha estava bem e então lutou o quanto pôde para não sair do lado dela. Ela queria vê-la crescer e sei que Dulce deseja o mesmo quanto aos filhos dela.

— Por que ela teve outro bebê?

— Não foi intencional, mas quando descobrimos da gravidez não conseguimos desfazer dela. Amávamos aquele bebê tanto quanto o primeiro.

— Sinto muito por isso Fernando.

— O bebê faleceu antes do parto e quando ela soube disso, não teve forças para lutar. Ela morreu enquanto tentavam tirar o corpo do bebê de dentro dela.

— Como o senhor aguentou? Perder sua outra filha.

— Dói até hoje, mas eu precisei seguir em frente. Dulce precisava de mim tanto quanto o Ben vai precisar de você.

— E a Dulce? Ela não vai aguentar se souber o estado da filha. Ela não vai aguentar se acontecer algo com a Victoria.

— Ela encontrará forças no Benjamin, tenho certeza disso. Agora seja forte meu caro. — Ele deu tapas leves no meu ombro. — O que acha de comermos alguma coisa? Estamos há horas apenas com um pouco de café no estômago. — Assenti.

— Christopher? — Ouvi a voz de Hannah e abri meus olhos. Levantei-me depressa olhando no relógio.

— Por quanto tempo eu dormi? Cadê o Fernando? E a minha filha? Como ela está?

— A cirurgia foi muito delicada, mas ela passa bem. — Ela ofereceu um sorriso terno. — Sua filha é uma guerreira e sei que vai vencer tudo isso Christopher. — Ela garantiu.

— Ela já pode respirar sozinha?

— Ainda está com o aparelho, mas acredito que logo será independente dele.

— Posso vê-la?

— Não por hoje. Você está exausto. Pegue o seu sogro e vão para casa os dois. É meu plantão hoje, prometo cuidar bem da sua filha.

— Não quero ir embora.

— Christopher, os três vão ficar bem, mas se você continuar aqui vai ficar tão exausto que não poderá cuidar deles ok? Prometo que se houver alguma coisa o hospital entra em contato com vocês dois.

— Ei. — Acariciei o cabelo de Dulce. Ela estava meio acordada, meio dormindo. — Não sei se está me ouvindo e se consegue me entender, mas quero que saiba que eu te amo tá? Logo nós vamos para casa e seremos felizes amor.

— Chris. — Ela sussurrou. — Onde eu estou?

— No hospital bebê. — Beijei a testa dela. — Nossos filhos precisam que você fique bem ok?

— Eu quero vê-los.

— Eu sei.

— Como eles estão?

— Bem. — Disse. Eu não queria que ela soubesse do estado de nossa filha. Não queria dar a ela um motivo para desistir de lutar pela vida. — Olha, fica bem logo ok?

— Estou cansada.

— É normal. — Segurei a mão dela. — Promete para mim que independente do que possa acontecer, você vai batalhar para sobreviver? — Minha voz falhou. — Eu não posso perder você, menina.

— Eu vou ficar bem. — Ela fechou os olhos e deu um longo suspiro. — Me deixa dormir mais um pouco.

Fiquei mais um tempo com ela e depois deixei Fernando entrar. Achava o cúmulo do absurdo ter apenas meia hora de visita e ainda dividido em dois.

Depois que saí dali, fui ver minha filha pela primeira vez depois da cirurgia. Ela, assim como Dulce, continuava na UTI e também estava sedada. Agora ela estava com um curativo bem no peito onde havia sido a cirurgia. Tão pequena e já teve que passar por isso. Eu podia ver como ela respirava agitadamente enquanto seu peito subia e descia, mas fora isso ela estava imóvel.

— Ei gatinha. — Eu quis acariciar o rostinho dela e segurar a mão minúscula dela, mas fui privado de fazer isto. — Continua lutando tá? Logo eu vou levar você para casa, eu prometo. Você vai adorar o seu quarto e as bonecas que eu comprei para você. — Dei um sorriso. — Se você sair dessa eu prometo que vou brincar de casinha com você, deixar você me pentear, me maquiar e tudo que quiser.

Assim como com Dulce, não me permitiram ficar muito com Victoria, mas pelo menos dessa vez pude tirar uma foto dela para ter comigo enquanto estivesse longe. 

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora