[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)

Capítulo 5

- Ela está respirando bem. - Ouvi uma voz feminina.

- Onde eu estou? - Perguntei, com a voz um pouco falha. Esfreguei meus olhos e então vi uma mulher toda de branco, parecia uma enfermeira.

- Até que enfim. - Agora era a voz de Rodrigo. - Dulce, o que é que você tem? Pensei que já tinha melhorado. Está se sentindo bem? Parecia bem hoje de manhã.

- O que aconteceu? - Me sentei. Estava deitada em uma maca.

- Você apagou. Pelo que o professor contou você estava dizendo que não conseguia respirar. Seus amigos disseram que estava bem, e do nada ficou assim. - Tive um flash com algumas imagens antes de desmaiar.

- Eu... eu estou bem. Eu estou bem. - Saltei da maca. - Eu não sei o que houve, mas eu estou bem, eu juro. - Não poderia dizer a ele o que estava acontecendo, embora tivesse muita vontade de dizer.

- Tem certeza que está bem? - Assenti.

- Você comeu direito? - Perguntou a enfermeira.

- Comi.

- Tem algum problema respiratório?

- Alguns, mas eu estou bem eu juro. - Mordi meu lábio inferior. - Eu posso voltar pra aula?

- Sugiro que retorne apenas depois do almoço. - Respondeu Rodrigo, me olhando nos olhos. - Tente descansar um pouco.

- Eu não estou cansada. - Bufei. - Eu... eu vou lá fora tomar um ar.

- Quer que eu te acompanhe?

- Não. Quero ficar sozinha um pouco.

- Tem certeza?

- Absoluta. Depois a gente se vê por aí. - Saí antes que ele insistisse mais uma vez.

Segui para o jardim enquanto tentava associar algumas coisas. Como é possível que coloquem como professor alguém como aquele cara? Eles sabem que ele abusa de garotas indefesas? Me vi andando de um lado para o outro enquanto estalava cada dedo das minhas mãos várias vezes seguidas. O que eu ia fazer? Eu tinha que trocar de turma, mas que desculpa eu iria inventar?

- Dulce! - Era a voz de Ivalú, mas eu não parei de andar de um lado para o outro. - Garota, o que houve? Por que é que não disse que se sentia mal? Deixou todos nós preocupados.

- É ele. - Respondi ainda andando de um lado para o outro. - É ele. O professor.

- O que tem o professor Dulce? Não estou entendendo? Se assustou com ele? Nossa ele é muito legal, muito divertido, espontâneo. - Eu fechei a cara e a encarei. - Ah meu Deus. - Ela pôs a mão sob a boca. - Está falando sério? - Assenti.

- Eu entrei em pânico quando o vi. Eu não sei o que fazer. Se eu estava apavorada antes, imagina agora.

- Pensa pelo lado bom. Se você engravidar, já sabe onde encontrar o papai. - Ele deu um sorriso. Tive vontade de arrancar o cabelo dela. - Tá, é brincadeira. Mas também não é pra tanto. Olha, você pode tirar toda as suas dúvidas com ele.

- Ah, claro! Eu vou chegar nele e perguntar: Por um acaso nós dois transamos naquela noite?

- É estranho, eu sei. Mas pelo menos saberá a verdade.

- E se tivermos feito? Ele é o professor.

- Aí você vai até a direção e o denuncia. Também não pode julgá-lo assim Dulce. Você não o conhece, e você mesma disse que não se lembra de nada.

- Eu não sei. Estou com medo da resposta. - Me sentei no banco frustrada.

- É isso ou passar o resto da sua vida na dúvida. Ou pelo menos até você ficar com algum garoto. - Ela cruzou os braços.