POV Christopher
Me tiraram da sala quando entrei em desespero. Os batimentos dela simplesmente foram diminuindo e então eles pararam. Fiquei na porta tentando ouvir algo, mas em vão.
Retirei a touca e me sentei no chão tentando me acalmar e me fazer acreditar que tudo ficaria bem.
Eu jamais me perdoaria se ela partisse. Era culpa minha ela estar naquela situação, eu a coloquei nela.
Levantei-me de novo quando ouvi um choro alto e fino, mas a porta estava trancada e eu nem pude entrar. Fechei os olhos e esperei pelo segundo choro, mas nada acontecera.
Fiquei andando de um lado para o outro por mais de meia hora até que enfim a porta se abriu. Por ela saíram duas enfermeiras às pressas levando na incubadora um dos meus filhos. Ele parecia imóvel e estava tão pálido que nem parecia estar vivo.
Olhei para dentro da porta e o obstetra me olhou e assentiu para que eu entrasse. Dulce estava desacordada, mas seus batimentos pareciam estar em um ritmo normal.
No canto da sala, uma enfermeira pesava o meu filho. O meu menino. Ele era tão perfeito e chorava desesperadamente.
— O que a Victoria tem? Ela... ela...
— Não, ela vai ficar bem. As duas ficarão bem, mas agora você precisa ir ok? Vamos leva-la para a CTI assim que terminarmos com os pontos, e logo levarei notícias para vocês.
— Eu quero ver a minha filha doutor.
— Eu sei, te entendo, mas agora não é possível, você precisa entender, é para o bem dela.
Quando voltei ao quarto dela, minhas duas irmãs estavam lá com seus maridos e o pai de Dulce também.
— Christopher, como está minha filha?
— Eu não sei, eu não sei, só me falaram que elas vão ficar bem.
Lembrei-me de Dulce e Victoria desacordadas. Dulce tão frágil, tão fraca, e Victoria tão pálida e imóvel e então comecei a chorar. Eu era um monstro, como eu pude fazer isto? Eu sabia que tudo isso poderia acontecer.
— Tudo bem, tudo bem, elas vão ficar bem. — Sophia me abraçou. — Elas vão ficar bem.
— Não deixa minhas meninas morrerem, por favor, não deixa.
— Elas vão ficar bem, eu sei que vão.
Uma hora se passou e nada de notícias. À essa altura eu já estava esperando o pior. Eu tinha perdido ou minha filha, ou Dulce, ou talvez as duas.
Eu andava de um lado para o outro dentro do quarto, completamente impaciente pela espera quando o Dr. Anthony apareceu.
— Christopher? — Como numa novela, todos ali presentes se levantaram perguntando por Dulce e meus dois filhos. Esperei que eles se calassem e então perguntei:
— Como eles estão, doutor?
— O seu filho nasceu saudável e forte. — Ele deu uma pausa. — Já até podem ir vê-lo no berçário.
— E a minha filha? E a Dulce?
— A Dulce está na CTI. O caso dela é delicado, mas ela vai sobreviver. Ela teve duas paradas cardíacas mas conseguimos reverter o processo. — Ouvir isso era tão doloroso. Dulce estava batalhando pela vida, ou mesmo desistindo dela e eu não podia me perdoar por isto.
— E a minha filha? — Perguntei temeroso.
— Sua filha também está na CTI, e vou ser completamente sincero Christopher. — Ele deu uma pausa e então continuou. — Ela nasceu com os batimentos cardíacos muito fracos e por isso não foi possível detectar pela ultrassonografia.
— Mas ela vai ficar bem, não é? Minha filinha não vai morrer.
— Faremos o possível para que esse processo seja revertido. Ela não pode respirar sem aparelhos no momento.
— Está dizendo que ela está condenada a passar parte da vida que mal começou interligada a máquinas e agulhas?
— Eu entendo o seu sofrimento, também sou pai. — Ele olhou no relógio. — Talvez seja necessária uma cirurgia.
— De jeito algum. Ela é só um bebê! — Me alterei e Fernando tocou meu ombro.
— Vamos mantê-la em observação para termos certeza. Se caso precisarmos, vamos pedir que você assine a autorização.
— E quais seriam as chances? — Fechei meus olhos.
— Cinquenta por cento.
— E se não eu não assinar?
— Se realmente for necessária a cirurgia, posso afirmar que ela não passaria de duas semanas.
Suspirei. Eu não queria tomar essa decisão, era doloroso demais para mim. Se algo acontecer a ela, como vou me olhar no espelho cada dia da minha vida? Como fui egoísta. Dulce sempre teve razão, mas eu só olhei o meu lado, o tempo todo.
— Você quer ir ver o seu filho? — Assenti. — Vocês também podem ir, mas somente o pai poderá entrar no berçário.
O berçário não estava muito cheio. Tinha no máximo uns dez bebês e somente dois choravam como se não houvesse amanhã. Um deles era meu filho.
Depois de vestir-me e colocar uma touca, fizeram-me esterilizar minhas mãos e então fui até ele. Bem usava todo seu fôlego para chorar e isso me fez rir. O garotinho tinha o gene da mãe, mas em compensação, ele era um clone meu quando eu era bebê.
— Eu posso pegá-lo?
— Claro. — Respondeu a enfermeira que estava do outro lado da incubadora.
Abaixei-me e o peguei no colo. O mesmo se mexia freneticamente em minhas mãos com uma força incrível. Tive medo de deixa-lo cair mas lembrei-me de que fui eu que ajudei a cuidar de Claire quando nasceu.
— Oi garotão. Sou eu, seu papai. — Ele parou instantaneamente o choro e ficou apenas resmungando. — Sim meu amor, sou eu. — Virei-me para o vidro onde Fernando, minhas irmãs e meus cunhados olhavam. — Posso ir até ali? Está um pouco longe.
— Pode.
Caminhei até próximo ao vidro onde eles estavam e o deixei de frente para eles.
— Olha Ben, esse é seu vovô. Aquelas duas são suas duas tias e os dois também são seus tios. E todos nós te amamos muito. — Segurei uma das mãozinhas minúsculas dele. — Está faltando sua mamãe e sua irmãzinha, mas logo, logo você irá conhece-las, tá bom? Eu quero que saiba que sua mamãe, é a pessoa que mais te ama no mundo filho e que ela está batalhando para ficar com a gente.
Fiquei mais um tempinho ali conversando com ele como se ele pudesse me entender e então ele dormiu. Disseram-me que ele havia se alimentado com o leite que tinham no banco de leite do hospital, mas que estavam com pouco no estoque. Dulce precisava acordar logo. Não queria ter que fazer o meu filho tomar um leite cheio de conservantes tão cedo.
V^F
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...