Capítulo 101

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POVs Dulce

Acordei no dia seguinte pensando que Christopher estaria ali ao meu lado, mas fora apenas engano meu. Estava cansada de acordar por dias seguidos e estar sozinha. Cansada de sequer conseguir me mover de tanto remédio que aplicavam em mim. Eu queria sair, caminhar, ver os meus filhos, o meu pai, ver a luz do dia, mas me mantinham por dias como prisioneira naquele maldito hospital.

Com o corpo doendo de tanto ficar deitada, sentei-me na maca e fiquei olhando na janela a pouca luz que atravessava as persianas. Enquanto ficava ali quieta observando os feixes de luz eu fiquei me lembrando do rostinho de Victoria. Como alguém podia ser tão pequeno e perfeito?

Passei a mão sobre meu ventre e senti um pouco de dor devido aos pontos. Há alguns dias eu tinha dois seres minúsculos sendo gerados dentro de mim e agora que os dois tinham nascido eu sequer podia vê-los. Tudo que eu podia fazer era cooperar para me recuperar dos últimos dias o mais rápido possível e ir para a casa.

Ouvi algumas leves batidas na porta e então a porta se abriu. Por ela entrou um enfermeiro jovem, provavelmente ainda estagiário, trazendo consigo um carrinho com um monte de comida em cima.

— Bom dia, trouxe o seu café da manhã. — Fiz uma careta sabendo que provavelmente tudo seria sem gosto algum e ele riu. — Eu sei que é ruim a comida desse lugar, mas precisa se alimentar.

— Eu sei. Sabe me dizer que horas são?

Ele puxou a camisa até o meio do antebraço e deu uma olhada em seu relógio.

— São oito e vinte. Vou deixar seu café aqui, precisa de alguma coisa?

— Não.

— Vê se come tudo viu? Vai te fazer bem.

— Eu estou bem. — Revirei os olhos e ele ergueu a sobrancelha direita. — Estou tão mal assim, aparentemente falando?

— Está mais branca que a parede, moça.

— Dado o fato que passei os últimos dias apenas com intravenosas e dopada por sei lá que remédio, acho que é bem normal, né?

— Acredito que sim. — Ele arrumou o carrinho próximo à maca. — Eu vou indo, se precisar de algo é só apertar o botão aí do seu lado direito.

— Obrigada.

E assim mais uma vez tornei a ficar sozinha. Não sei dizer de onde saíra tanto apetite, mas ignorei toda a falta de sabor daquela comida e não deixei nada para trás. Era horrível ficar sozinha por tanto tempo sem ninguém para conversar ou nada para fazer. Nem mesmo tinha o meu celular para poder escutar música ou jogar alguma coisa.

— Está tudo bem?

Ouvi uma voz feminina um pouco meiga e me virei para a porta. Por ela entrava uma outra enfermeira trazendo consigo a minha Victoria envolta a uma manta amarela clara.

— Estou, só estou entediada.

— Vim trazer sua pequena para você. Ordens do médico.

— De verdade?

— Sim. — Arrumei-me na maca e ela me entregou minha filha que apesar de calada, estava bem acordada. — Ele disse que era para estimularmos o seu leite para saber se terá ou não condições de você amamentar.

— E se eu não tiver?

— Vamos tentar para saber? Se de tudo não der certo hoje, tentamos amanhã e depois.... Se não der certo, a saída será mesmo a fórmula.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora