[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)

Capítulo 47

— Sonhei com você. – Christopher falou baixo. Tentei manter meu olhar na enorme fogueira à minha frente.

— Jura?

— Sim. E foi maravilhoso. – Tentei disfarçar o riso imaginando que tipo de sonho teria sido. Um sonho erótico do qual já tive diversas vezes, mas não tive coragem de contar, ou algum bem dócil.

— O que acha de me encontrar na minha barraca de madrugada?

— Acho melhor não. Sumir por duas noites seguintes já seria muita cara de pau.

— Então tá.

— Eu vou dormir. – Ivalú comentou do meu outro lado. Vi que ela encarava Pedro do outro lado da fogueira conversando animadamente com a mesma garota de dias atrás. – Isso aqui está um porre. – Ela se levantou e antes que eu pudesse dizer algo ela se retirou.

— Talvez eu deva acompanha-la.

— Eu preferiria que você ficasse comigo, mas sua amiga precisa mais de você agora do que eu.

— Obrigada por entender.

— Não há de quê. Vai lá, tenha bons sonhos.

— Só se for com você.

Quando entrei na barraca, Ivalú já estava deitada no saco de dormir, chorando. Sentei-me de frente para ela e a fiquei olhando.

— Porque não conversa com ele?

— Já deu tempo de ele descobrir se gosta ou não de mim Dulce.

— Eu não gosto de ver você chorar Iva.

— Desculpa, você não precisa ficar aqui por minha causa.

— Mas não vou deixar minha melhor amiga sofrendo sozinha. Quantas vezes você me confortou por que briguei com o Christopher? É meu dever fazer o mesmo por você ok? – Passei seu cabelo para trás da orelha. – Já que precisa chorar, coloca tudo para fora.

— Eu não sei mais o que fazer, está doendo tanto.

— No seu lugar eu iria lá agora e colocava um ponto final nisso.

— Você não iria nada. – Ela tentou rir. — Você é muito boba Dulce, mis do que eu.

— Boba? – A olhei incrédula. – Eu não sou boba e vou provar isso pra você.

— O que vai fazer?

— Espera só. – Engatinhei até a saída e assim que consegui me levantar fui rumo a Pedro.

Ele ainda estava sentado em um toco de madeira conversando com a garota sorridentemente.

— Ei você. – Aproximei-me de Pedro e ele me olhou. Puxei-o pela camisa fazendo-o levantar. -Vem comigo.

— Não vê que ele está ocupado? – A voz irritante da garota invadiu meus ouvidos. – Estamos conversando.

— Foda-se! – Saí puxando Pedro para longe.

— Dulce, me solta.

— Cala a boca e me escuta. – Soltei a camisa dele e ela a arrumou. – Sinceramente Pedro, eu desconheço você. Quer terminar com a Iva, faz direito, pelo menos coloca um ponto final nisso. Eu estou cansada de vê-la chorando por sua culpa e o pior, porque você não consegue decidir se gosta ou não dela.

— Não é bem assim, eu só... – ele enfiou as mãos nos bolsos – estou cansado. A gente não está dando certo, discordamos de tudo. Acho que misturamos as coisas Dulce.

— Vocês sabiam que isso poderia acontecer Pedro, porque deu falsar esperanças a ela? Ela sempre gostou de você mas tinha medo que isso acontecesse.

— Eu sei ok. Eu sei e sempre soube que ela gostava de mim.

— E você não sente nada por ela?

— Sinto, claro que sinto, do meu jeito Dulce. Eu não sou o Christopher

— Dá pra falar baixo? – Tapei a boca dele.

— Tá, desculpa. – Pedro abaixou o tom de voz e suspirou. – Eu não sou seu namorado, não sei demonstrar a ela como gosto dela e sei que ela se sente mal com isso. Você está sempre sendo surpreendida e eu nunca consigo fazer nada.

— Pedro! – O repreendi. – Deixa ele fora disso ok? Primeiramente, Ivalú gosta de você do jeito que é, e se você não sabe demonstrar esse seu amor por ela como o meu namorado, não tem problema, ela entende isso ok? E depois, cara, eu também sou sua amiga, porque ao invés de esconderem de mim que estavam brigados não me pediu ajuda?

— Suponhamos que eu tivesse pedido sua ajuda? O que você teria feito?

— Eu não sei, a gente daria um jeito tá. O que importa agora é que você a está machucando Pedro e eu não quero vê-la mal.

— Eu vou conversar com ela. Amanhã, pode ser?

— Não, tem que ser agora. Ela está mal, realmente mal e quanto mais adiar, pior será.

— Mas vocês estão na mesma barraca, isso teria que ser a sós.

— Eu fico aqui fora e você entra lá. – Apontei a barraca. – Por favor.

— Tá, eu vou lá. Deixa só eu me despedir da Mariana.

— Esquece essa garota Pedro. Seu foco é a Ivalú, a garota que você supostamente ama, e a garota que está sofrendo por falta do seu amor, e acima de tudo, a nossa melhor amiga.

Recostei-me na árvore e fiquei o olhando ir em direção à barraca. Ele passou por Mariana e a deixou no vácuo. Não pude evitar um sorriso sarcástico.

— O que você disse pra ele? – Ela se aproximou com os braços cruzados em frente ao corpo.

— Nada! Pelo menos nada de diz respeito a você. – Olhei-a de baixo a cima topando com seu olhar furioso.

— Escuta aqui, se sua amiga não sabe segurar um garoto, eu não tenho culpa ok?

— Escuta aqui você. – Firmei meus pés a encarando. – O Pedro ama minha amiga e ela o ama, então fica fora do caminho porque se ele tem ou não algo com você é apenas para passar o tempo. O máximo que ele poderia querer com você é sexo.

E não deu tempo nem de eu recuar. A mão da garota veio com tudo em meu rosto fazendo-o arder instantaneamente.

— Você está ficando louca? – Christopher perguntou atrás dela, e acredite, eu não faço ideia do quão rápido ele conseguiu chegar até nós.

Mesmo no escuro pude ver o rosto dela empalidecer. Coloquei minha mão sobre o rosto ainda ardendo e o encarei.

— Você está encrencada mocinha. – Adverdiu ele.

— Mas ela me provocou?

— O quê? – Arregalei meus olhos, eu não havia dito mentira nenhuma.

— Eu não a vi fazer nada, já você...

— Tudo bem professor, não vou me rebaixar a essa garota. – Disse por fim. A última coisa que eu precisava era de outra garota sendo expulsa por minha causa, isso daria muito o que falar. – Só fique longe do meu amigo, deixe-o em paz ok?

O pouco que ouvi enquanto saía era Christopher ralhando com a garota. Apesar de satisfeita eu temia que desse tanto na cara.

Tudo que acontecia comigo Christopher aparecia do nada para me defender e no fundo eu sabia que esse Christopher super-protetor ainda poderia acabar com nosso relacionamento.