Capítulo 14

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- Não. - A garotinha revirou os olhos. - O médico disse que ela iria dormir. Deram um remédio a ela. Colocaram bem ali. - Apontou o soro.

- Ah, tá. É Claire né? - Ela assentiu. - Eu vou atrás do seu tio, pode ficar aqui?

- Claro. Minha mamãe não vai demorar, e eu vou ficar com a vovó pra cuidar dela.

- Promete? - Ela assentiu e voltou a atenção ao desenho.


Saí pela porta e fui procurar Christopher, o que não precisou de esforço algum. Ele estava sentado em uma das cadeiras no corredor fitando o chão.

- Você pode chorar se quiser. - Me sentei ao lado dele.

- Homens não choram.

- Ah não? - Acariciei o ombro dele. - É a sua mãe, você tem todo direito. E sim, homens choram, principalmente homens que têm sentimentos tão dóceis como o seu.

- Eu odeio quando ela fala assim. Como pode agir assim?

- Ela só está em paz. Seria pior se ela estivesse com medo não acha?

- Pensando por esse lado sim. Mas eu não quero perdê-la. Não quero.

- Eu sei que não.

- Eu nunca a vi tão mal como ontem a noite. Ela chorava de dor e eu não podia fazer nada. Era como se eu pudesse sentir a dor que ela sentia.

- Passou a noite aqui?

- Sim. Só saí daqui para buscar você. Ela queria te conhecer.

- Já tinha falado de mim pra ela?

- A gente conversa sobre tudo. Ela riu muito quando contei sobre o dia que nos conhecemos. - Ele deu um sorriso fraco.

- Sei que deve ficar ao lado dela, mas você precisa descansar. Vai pra casa, toma um banho, come alguma coisa e dorme um pouco.

- Não posso deixá-la sozinha.

- Os médicos estão cuidando dela. Tenho certeza que se acontecer qualquer coisa vão ligar pra você.

- Mas...

- Mas nada. Você precisa descansar. - Me levantei e estendi minhas mãos para ele. Ele suspirou frustrados e se levantou fingindo apoiar em mim. Christopher foi despedir da mãe e depois nós dois fomos para o apartamento dele. Enquanto ele tomava um banho eu tentava preparar algo pra ele. Na verdade uma sopa com todos os legumes que consegui encontrar em sua geladeira. Ele terminou o banho antes de eu terminar a sopa então ele ficou me olhando na cozinha. - O que foi?

- Nada. O que está fazendo? O cheiro está bom.

- Sopa. - Ele fez uma careta. - Não gosta?

- Não.

- Já comeu sopa de legumes? - Ele negou. - Vamos ver se vai gostar. Eu adoro, e é bem saudável.

- Eu sou saudável. - Ele veio até mim e me abraçou por trás enquanto eu mechia um pouco a panela. Senti meu corpo se arrepiar e um calor percorrer por ele.

- quer... quer provar? - Ele assentiu colocando o queixo sobre meu ombro. Peguei um pouco do caldo da sopa com a colher e soprei um pouco para baixar a temperatura. Depois coloquei a colher na boca dele. Anti higiênico, eu sei, mas quem iria comer seria ele, então não havia problema algum. - E aí? Bom?

- Hurrum.

- Acho que já está bom. - Apaguei o fogo e então ele me soltou. Servi um prato bem cheio pra ele e depois um pouco pra mim. Aparentemente ele gostou bastante, pois até repetiu. Parecia bem faminto. Depois que comemos ele foi para o quarto e eu fui limpar a cozinha. Não queria deixar nada bagunçado já que tudo ali era impecavelmente limpo. Terminei de arrumar tudo, mandei um torpedo para Ivalú e depois fui até o quarto. Ele estava agora somente com uma bermuda branca, deitado de barriga para baixo encarando a janela. - Precisa dormir.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora