Capítulo 76

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Acordei com uma gargalhada de Claire e Sofia ralhando com ela.

— Vai acordar a tia Dulce, Claire.

— Desculpa.

Sorri. Eu adormeci antes de Christopher sair e não fazia ideia de há quanto tempo ele estava fora. Me senti um pouco culpada de não estar ao lado dele quando ele com certeza estava recebendo a maior bronca de toda sua vida.

— Psiu. — Chamei Claire e ela arregalou os olhos.

— Ouviu isso mamãe?

— Ei. — A chamei. — Ei gatinha.

— Tia Dul. — Ela veio até mim.

— Oi meu amor, como você está?

— Bem. Por que você está no hospital? Está doente como a vovó?

— Não meu amor, não estou. Só fiquei um pouco mal, mas logo vou para a casa.

— Ei Sofia, como está?

— Bem e você? Ucker me contou o que houve, estou horrorizada com tamanha maldade.

— Pois é. — Suspirei me sentando na maca. — Ele deu alguma notícia?

— Ainda não ligou não. Já faz mais de três horas que ele saiu daqui. Você está se sentindo bem? Precisa de alguma coisa?

— Não, estou bem. — Sorri. — Ele falou do bebê?

— Bebê? Que bebê? — Ela arregalou os olhos. — Você... ah meu Deus, é sério?

— Sim.

— Eu vou ser tia? Sério mesmo?

— É o que espero, se der tudo certo, sim.

— Como assim se der tudo certo?

— É uma longa história, depois a gente conversa. — Olhei Claire que tinha os olhinhos brilhando.

— Eu vou ganhar uma priminha?

— Oh meu amor, eu ainda não sei tá? Pode ser um priminho, também.

— Ah, mas aí eu não quero, ele não vai querer brincar na casa da barbie comigo.

— Se ele não quiser, eu brinco. — Pincelei o nariz dela.

— E quando o bebê vai nascer?

— Ainda vai demorar.

— Muito?

— Harram. Ele ainda é desse tamanho. — Gesticulei.

— Sério? Ele tá aí dentro? — Claire apontou minha barriga, abismada.

— Sim. E quando ele estiver pronto, eu vou coloca-lo para fora, mas por enquanto ele tem que ficar quietinho aqui.

— Pronto como?

— Como eu explico?

— Deixa comigo. — Sofia se prontificou, pegou Claire e a sentou na beirada da maca. — quando a mamãe faz bolo ela mistura tudo e coloca pra assar, né? — Ela assentiu. — Com os bebês são assim também, eles são plantados lá dentro da barriga da mamãe e quando ele cresce ele tem que sair de lá.

— Ele pode ser de chocolate?

— Claire! — Ela a repreendeu e nós duas rimos.

— Já pensou Claire? Um priminho feito de chocolate?

— Dulce, não dá ideia.

— Deixe a menina Sofia, ela é só uma criança, ainda vai aprender muito sobre isso.

— Como é que vocês fizeram o bebê? Você comeu uma sementinha e ela foi parar aí?

— Filha, quando você tiver idade você aprenderá ok? Por enquanto você só precisa saber que é preciso ter muito amor para ter um bebê.

— Então tá. Tia Dul, você deixa eu escolher o nome?

— Eu vou pensar no seu caso, tá bom?

— Filha, por que não vai lá terminar o dever enquanto eu converso com a tia Dul?

Claire assentiu, saltou da maca e foi até a mesinha.

— E aí Sophia? Como você está com isso que aconteceu?

— Sobre meu pai? Christopher te contou?

— Contou sim, mas não disse muita coisa.

— Eu não sei. Acabamos de descobrir que temos outra irmã e que ela quer conhecer a gente, então é complicado. A garota está sozinha, Christopher e eu pelo menos temos um ao outro.

— Isso é verdade.

— O que você acha? Ele é tão frio com esse assunto.

— Bom, ele me disse que se precisar, ele vai aceitar o dinheiro. Pelo bebê, entende? Mas eu não sei se é justo, é algo que ele tenha que querer e de qualquer forma, é direito de vocês, e quanto a irmã de vocês, bom, ela não tem culpa de nada, não é mesmo?

— Também penso isso. Tenho medo de aceitar tudo isso e ele ficar com raiva de mim.

— Sophia, isso é uma decisão sua, não dele. Você aceitar, não vai mudar nada, sei que ele entenderia. E caramba, se ele aceitaria por esse bebê, por que você não faria o mesmo pela Claire? Ela vai crescer e ter que fazer faculdade e nós sabemos bem que a faculdade aqui nos Estados Unidos é bem cara, então não sabemos como será em alguns anos.

— Você tem razão. — Ela suspirou. — Claire merece isso.

— E ela é, querendo ou não, futura herdeira disso. A não ser que vocês permitam que a irmã de vocês fique com tudo.

Olhei para a porta e vi Christopher entrar com uma mochila e uma sacola.

— Olha só quem está aqui. — Ele colocou as coisas na poltrona e abriu os braços para Claire que saiu correndo até ele.

— Tio Ucker!

— Oi meu amor, como você está? — Sorri vendo-o enchê-la de beijos.

— Eu estou bem e você?

— Cansado, mas bem.

Ele soltou Claire e depois veio até nós. Primeiro ele deu um beijo na bochecha de Sophia, depois virou-se para mim, acariciando meu rosto.

— E você? Já acordou?

— Foram algumas horas de sono, mas ainda me sinto um pouco cansada. — Fiz um biquinho e ele riu. — Você demorou.

— Desculpa, eu tive q levar suas coisas lá para o apartamento e separar uma roupa para você. E também passei no restaurante e comprei comida.

— Ah sim, o que você trouxe? Eu estou com um pouco de fome.

— Espera.

Christopher me trouxe a comida e depois saiu com Sophia dizendo que queria conversar com ela e aproveitariam para tomar o café. O sono bateu novamente pouco depois que eu comi.

— Ei Claire, já terminou aí?

— Já sim, estou desenhando, quer ver? — Assenti. Ela correu até mim e me mostrou um desenho com alguns bonecos. — É a gente. A mamãe, o papai, eu, o tio

Ucker e essa é você.

— Ah que lindo meu amor.

— Eu ia fazer um barrigão em você, mas ainda é pequena.

— Sim, ainda vai demorar um pouco meu amor, mas logo estará assim, desse tamanho. — Gesticulei e ela riu. — Você não quer se deitar aqui? Assim a gente fica quentinha.

— Tá.

Claire se desdobrou para subir na maca e então nós duas nos aninhamos em baixo da manta. Ela ficou conversando com minha barriga enquanto eu mechia nos cabelos dela e nesse meio tempo acabei pegando no sono.

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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora