Capítulo 94

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Faltava apenas uma semana para eu me internar e ter os meus bebês. Benjamin e Victória deveria nascer em uma semana, mas resolveram nascer antes.

— Vocês dois vão me deixar louca. — Grunhi sentindo outra pontada ainda mais forte.

— Eu não estou achando a bolsa do Ben, filha. — Ele gritou no outro quarto.

— Papai, ela está dentro do berço. —Fechei meus olhos e deixei meu corpo cair para trás na cama.

— Vocês dois estão começando a me deixando estressada. Eu que vou parir e vocês que estão eufóricos.

Peguei meu celular e mandei a mensagem para Ivalú e Pedro. "Acho que vão nascer. "

Não esperava que eles estivessem acordados, então voltei a guardar o telefone.

Minha barriga estava tão grande que eu me recusava a acreditar que haviam apenas dois bebês ali, e minhas pernas estavam tão inchadas que doía só de tentar caminhar.

No caminho do hospital quase tomei o volante das mãos de Christopher que estava demasiado nervoso, mas aí me lembrei que eu não sabia dirigir.

— Chris, você ultrapassou o sinal.

— Desculpa, eu estou desesperado. Você está bem? Está sentindo alguma coisa estranha?

— Eu estou bem, você precisa ficar calmo ok? — Menti. A dor parecia estar ficando cada vez mais forte, mas eu precisava ficar calma.

Meu pai estava aprendendo a língua, mas ainda sabia pouca coisa. O tempo que ficávamos em casa eu tentava ensinar a ele o básico para haver comunicação dentro de casa.

— Vai ficar tudo bem meu amor. — Meu pai acariciou meu ombro. Ele sabia que, por mais que eu tentasse transparecer calma, no fundo eu estava apavorada.

Christopher parou na entrada de emergência e não sei por qual motivo já tinha um enfermeiro com uma cadeira de rodas me esperando.

Assim que me sentei na mesma, fui levada para um quarto e logo começaram a fazer uma série de exames em mim.

— Olá querida. — O doutor Anthony entrou no quarto. — Parece que alguém aí quer nascer antes do combinado.

— Olá. — Forcei um sorriso.

— Como se sente?

— Com dor, bastante dor na verdade.

— Tem certeza? Você me parece tão bem.

— Só estou tentando manter a calma. Christopher já está agitado demais por nós dois.

— Entendi. Vou pedir um enfermeiro para te levar a sala de ultrassom, tudo bem? Preciso verificar como estão os bebês.

Ele esperou Christopher e meu pai chegarem da recepção para depois me levarem para a sala de ultrassom. Fiquei deitada em uma maca vendo a enorme barriga à minha frente. Ele passou o gel gelado em minha barriga e depois começou a passar o aparelho.

— E aí doutor? Tudo certo?

— Espera. — Ele aumentou o som e então engoliu a seco.

— Doutor, o que foi? — Perguntei temerosa.

— Tem algo errado. Só estou escutando um dos corações.

Senti um aperto no peito e meus olhos logo se encharcaram. Christopher segurou minha mão e suspirou.

— Vamos ter que fazer o parto agora querida.

Eu mal podia raciocinar o que estava acontecendo ao meu redor. Quando me perguntavam algo eu respondia sem nem prestar atenção.

A gravidez durou quase até o final, tive algumas complicações durante a gestação, mas nas últimas semanas estava tudo tão tranquilo. Na minha última consulta não havia nada fora do normal e agora um dos meus filhos poderia nem mesmo estar vivo.

Aplicaram a anestesia em mim e depois fiquei deitada olhando para o teto. Só dei conta de que estava chorando quando Christopher secou meu rosto.

— Vai ficar tudo bem, tem que ficar. — Ele encostou a testa dele à minha. — Vocês três irão.

— E se não ficar?

— Vai ficar.

— Eu estou com medo. Eu estou com muito medo.

— Não precisa ficar, eu vou ficar aqui com você.

— Dulce, consegue sentir isto?

— O quê?

— Na sua barriga.

— Não sinto nada.

— Consegue mexer o dedo do pé?

— Acho que sim.

— Pode tentar? — Assenti e tentei mexer. — Certo, podemos começar.

Christopher ficou acariciando meu rosto o tempo todo e nós dois ficamos em silêncio. Eu não podia ver nada já que havia um pano tapando o procedimento e Christopher se recusava a sair dali.

O tempo parecia não passar e eu me sentia cada vez mais cansada.

— Dulce? — Christopher me chamou no momento em que eu fechei meus olhos. — Está me ouvindo?

— Sim. — Respondi com a voz fraca.

— Fica comigo, por favor.

— Eu estou tão cansada Chris, me deixa descansar.

— Não, por favor, não faz isso comigo. — A voz dele saiu um pouco alta e eu não entendi o porquê.

Eu só queria dormir, queria descansar.

— Doutor!

Eu não sei o que houve depois. Eu simplesmente apaguei.

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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora