Capítulo 6

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Não conversei com Christopher aquela semana. De qualquer forma nem tivemos muito tempo. Ele sempre era um dos primeiros a sair no final de cada aula, e durante as aulas ele mal conversava com a gente. Na sexta-feira porém ele veio perguntar se eu ía à tal casa de show que ele havia dado os ingressos. É claro que eu disse que ainda não sabia, embora eu já tivesse certeza que iria. Antes da aula acabar, ele comentou também, que de quinze em quinze dias durante a quarta teríamos excursões, e que na quarta-feira da próxima semana nós iríamos ao Muir Woods National Monuments. Ficaríamos o dia inteiro fora. Ele nos disse o que deveríamos levar e como deveríamos nos vestir.

Durante a noite vesti uma saia cintura alta preta com uma camiseta branca lisa bem justa e um cinto rosa bebê, calcei um sapato também da cor preta, passei uma maquiagem não muito chamativa e soltei meus cabelos. E lá fomos nós quatro para a tal casa de show. Eu estava curiosa para saber o que iria encontrar lá.

Quando chegamos no local nos indicaram a subir pela escada que levava ao setor um do camarote, e lá de cima pude ver como era o local. Espaçoso, estilo víntage, iluminação não muito forte. O local foi se enchendo com o passar do tempo, e ao contrário do que sou acostumada a ver, onde eu sempre via pessoas em pé, haviam várias mesas que iam sendo ocupadas com o tempo.

- Vão beber alguma coisa? - Uma voz masculina perguntou próximos a nós.

- O que temos para beber? - Eddy perguntou primeiro.

- Vinho, Whisky, Ice, Água e sucos de frutas.

- Um suco para eles por favor. - Era a voz de Christopher. Eu adoraria saber porque aquela voz me causava tanto arrepio. Virei-me para trás e os mirei. - Então vocês vieram. - Ele se sentou em uma das cadeiras vazias.

- É. Eu vim. Humm, posso saber o por que do convite? O que há de interessante aqui?

- Ah. Na verdade uma banda de uns amigos meus irão tocar essa noite, e ganhei alguns ingressos.

- Foi você quem arrumou os ingressos, professor? - Eddy perguntou para ele.

- Primeiramente, eu sou professor somente durante meu trabalho, e segundo que sim, foi eu, dei a alguns outros alunos também. - O fitei. Belo pedido de desculpas.

- Entendi. - Eddy deu de ombros como se não se importasse com a presença dele. Olhei Ivalú e Pedro que pareciam nem ter percebido a presença de Christopher, pois conversavam distraídamente algum assunto bem interessante.

- Eu preciso ir agora. Pode ser que precisem da minha ajuda lá dentro. Nos vemos por aí. - Ele se levantou. - E nada de álcool.

- Vai sonhando. - Resmunguei. Quem ele era pra nos impedir de tomar álcool.

- Principalmente você senhorita. - Ele sussurrou próximo a meu ouvido e eu me mantive imóvel.

Já eram quase dez horas quando a tal banda entrou no palco. Quatro homens, e um eu já havia visto. Era o professor Arturo, na bateria. Será que ele era músico nas horas vagas, ou era professor nas horas vagas? As músicas eram boas, algumas dançantes outras um pouco melosas demais.

O show acabou quase meia noite, e então fomos dar uma volta pelas ruas de São Francisco.
Eddy e eu acabamos ficando, e embora ele tivesse a melhor pegada que eu já havia visto até hoje, nós dois mal conseguíamos nos falar. Não havia nenhum assunto concreto para nós dois, e então tudo acabou ficando meio estranho.

No dia seguinte notei que Zoraida estava me ignorando. Talvez pelo fato de eu tê-la deixado de fora, mas mesmo se eu quisesse, eu tinha apenas quatro ingressos, e não deixaria meus amigos de fora disso. Percebi também que os professores da escola não apareciam no fim de semana. Pude ver que ela me olhava pelo canto dos olhos, e eu não estava nem um pouco a fim de ficar sob pressão. Terminei de tomar meu suco, me levantei, peguei a bandeja e fui colocá-la na prateleira. Depois saí sem falar com ninguém.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora