[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)

Capítulo 86

No início da semana seguinte tive uma crise horrível de ansiedade. Ela era tanta que além de não conseguir comer, eu quase não dormia. Era raro conseguir comer algo, mesmo assim, sempre voltava com tudo pouco depois e Christopher estava ficando irritado comigo.

Tivemos uma discussão tão feia que ficamos um dia inteiro sem sequer nos olharmos. Meu pai ficava sobre o muro, apenas observando de longe. Se tinha uma coisa que o velho não fazia era se meter em nossas discussões. Normalmente o pai defenderia a filha a qualquer custo, mas nesse caso nem mesmo o apoio dele eu tive.

"Amiga, pode vir pra cá depois da aula? "

Enviei a mensagem a Ivalú e então fui tomar um banho. Eu estava com um mal estar terrível. Me sentia cansada, exausta e brava por Christopher estar tão insensível quando a mim.

— Ei.

Ivalú sentou-se ao meu lado quando chegou no quarto. Apenas suspirei e me encolhi.

— Você está bem?

— Não sei.

— Por que está com essa carinha? Não deveria estar animada?

— Deveria. Estou ansiosa, estressada e mais um monte de coisas.

— Mas está com uma cara péssima.

— Eu não consigo comer e nem dormir direito e Christopher está bravo comigo. A gente brigou feio ontem e eu nem o vi hoje.

— Brigaram? Às vésperas do casamento?

— Sim. Minha noite foi longa e eu não consegui pregar o olho.

— Ah Dulce, não fica assim. O cara está estressado com os recentes acontecimentos e você está com os hormônios à flor da pele. Isso vai passar, só precisam ter paciência.

— Eu quero que passe rápido. Eu me odeio por chorar por qualquer motivo e sei que ele não aguenta mais isso. — E só de falar isso meus olhos começaram a marejar.

— Ah não. Já vai chorar?

— Viu? Ninguém tem paciência comigo. Nem mesmo o meu pai que parece estar me evitando de novo.

— Dulce, para com isso. Não tem ninguém te evitando amiga. — Ela suspirou e ficou em silêncio um tempo. Já sei, o que acha de nós duas sairmos? Troca de roupa, vista uma roupa bem confortável e a gente vai dar uma volta.

— Eu não quero sair.

— Mas vai. Anda logo, que é uma ordem.

Apesar de insistir em ficar, lá estávamos nós, andando por um shopping enquanto Ivalú tagarelava em minha cabeça.

— E você precisa de roupas novas, as suas estão muito justas.

— Estou ótima com minhas roupas Ivalú.

— Não está não. Vive com esses moletons largos escondendo a barriga Dulce. Está com vergonha dos seus filhos?

— Não é isso tá. Só não estou me sentindo bem com o meu corpo. Estou engordando, estou inchada e...

— Pode parar aí mocinha. Isso acontece com todas as mulheres grávidas, não é desculpa. Vem, vamos ali naquela loja mamãe-bebê. Deve ter alguma coisa legal lá pra você.

— Boa noite. — Desejou a atendente oferecendo um sorriso simpático. — Posso ajuda-las?

— Sim. Nós queremos ver umas roupas para gestantes. — Ivalú respondeu.